Edifício Martinelli: como visitar, festas no terraço, história e mais
Marco da arquitetura paulistana virou ponto badalado após reabertura temporária para visitas e eventos culturais
Em março de 2024, o primeiro arranha-céu da capital paulista completou 100 anos e voltou a ser assunto. O icônico Edifício Martinelli , na Rua Líbero Badaró, 504, no Centro Histórico de São Paulo, se tornou o novo ponto das tardes e noites paulistanas após a reabertura no centenário.
Desde março, o Martinelli recebeu os eventos Design Week , a Feira na Rosenbaum , a Cidade do Futuro e um desfile da São Paulo Fashion Week (SPFW), além de festas super concorridas que tomaram conta do terraço nos últimos meses.
O topo do prédio tem sido palco de festas eletrônicas, rodas de samba, bailes de house e rap e baladas com DJs. Você consegue acompanhar todos os eventos que estão rolando no Martinelli aqui .
A nova fase do edifício foi inaugurada depois do Grupo Tokyo, que administra a casa noturna de mesmo nome no bairro da República , vencer a licitação para gerir do andar 25º ao 28º e uma loja no 11º piso. O grupo encabeçou o projeto, chamado de M100, para comemorar o centenário do Martinelli com uma programação cultural.
As visitas ao terraço no 26º andar, suspensas em 2020, também foram retomadas. De cima, se tem uma das melhores vistas da cidade: é possível ver Catedral da Sé, Praça da Sé, Theatro Municipal, Farol Santander, Mosteiro de São Bento, Vale do Anhangabaú, Edifício Matarazzo e os Viadutos do Chá e Santa Ifigênia.
Para fazer a visita guiada de 30 minutos, é preciso fazer reserva - e elas costumam esgotar rápido. No perfil do Instagram do Edifício Martinelli , os novos ingressos são divulgados toda semana. Quando estão disponíveis, podem ser retirados gratuitamente na página da Secretaria Municipal de Turismo de São Paulo no Sympla .
No segundo semestre, o Grupo Tokyo pretende reformar os andares sob sua administração para que possam receber área de eventos, restaurante, cinema, bar, museu e café. Durante o período de obras, o edifício será fechado novamente.
No térreo, já funciona o Café Martinelli desde 1993. A cafeteria serve tortas, quiches e lanches e tem decoração que transporta os clientes ao glamour da belle époque paulistana.
Os outros andares do edifício são ocupados por órgãos públicos, como a SP Urbanismo, a Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab SP) e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU).
História do Edifício Martinelli
O Edifício Martinelli começou a ser construído em 1924 e teria 12 andares, de acordo com o projeto original do arquiteto húngaro William Fillinger, da Academia de Belas Artes de Viena, mas foi alterado por Giuseppe Martinelli.
O comendador italiano decidiu que o prédio em meio a uma São Paulo repleta de prédios baixos alcançaria os 30 andares. Na época, a construção mais alta da cidade era o Edifício Sampaio Moreira, com 12 andares, então é claro que o ambicioso projeto com mais de 100 metros de altura seria polêmico.
Giuseppe Martinelli enfrentou a desconfiança pública e de autoridades da prefeitura, que chegaram a paralisar a obra quando o 24º andar foi construído. Para demonstrar a segurança do projeto, o italiano prometeu que moraria com sua família na cobertura do edifício, inaugurado em 1929.
O Martinelli teve uma construção luxuosa com portas de madeira de lei, escadas de mármore italiano, louça sanitária inglesa, espelhos belgas e elevadores suíços. Sua fachada levemente rosa foi desenhada pelos irmãos Lacombe, que projetaram o túnel da Avenida 9 de Julho.
Nos tempos de glória, o prédio foi ocupado de forma mistas por apartamentos, sindicatos, sede de partidos políticos e clubes (como a Portuguesa e o Palmeiras), restaurantes, boates, o Hotel São Bento ( que ocupava sete andares), e o luxuoso Cine Rosário , o primeiro cinema da cidade a ter poltronas de couro.
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Giuseppe Martinelli morou nos últimos cinco andares do edifício até 1934, quando faliu e vendeu o prédio para o governo da Itália , a quem tinha pedido um empréstimo para concluir a obra.
O prédio se tornou posse da União em 1943, depois de o Brasil declarar guerra ao Eixo (composto por Itália, Japão e Alemanha). A partir daí, o Martinelli viveu uma fase de decadência com o fechamento de estabelecimentos, ocupações irregulares e mortes misteriosas.
Nesse período, o prédio perdeu a posição de edifício mais alto de São Paulo : em 1947, foi inaugurado ao lado o Edifício Altino Arantes (atual Farol Santander ), com 35 andares e 161 metros de altura. Já na década de 1970, a prefeitura desapropriou o prédio para restaurá-lo e instalar repartições públicas. Vida longa à nova ocupação do Martinelli.