Filme viaja por cenários reais pós-catástrofe
São 46 filmes com imagens de guerras, catástrofes naturais e destruições voluntárias [...]
Baseado no site-livro homônimo, Paisagens do Fim, lançado por Carlos Alberto Mattos em 2021, é um vídeo-ensaio para o público fazer uma viagem diferente.
Ao todo, esse longa documental abrange cenas de 46 filmes com imagens como cobertura de guerras, catástrofes naturais e industriais, e destruições voluntárias, como a devastação de florestas e a inundação de cidades para a construção de barragens.
Mattos parte do fascínio exercido pelas paisagens de ruínas, desde os pintores renascentistas até o que hoje conhecemos como ruin porn, movimento fotográfico que aborda estruturas urbanas deterioradas pelo tempo ou pelo abandono, como as famosas cenas de um parque de diversões em Pripyat, na Ucrânia, após o acidente nuclear de Chernobil, em 1986.
No filme, o diretor procura discutir as relações simbólicas que se estabelecem entre os personagens e os vestígios dos desastres, como as "ruínas do presente" são descortinadas pelas câmeras e até onde os cineastas podem ir no desejo de fabular sobre os vestígios de uma devastação.
"Selecionei apenas os filmes em que atores e tramas estavam organicamente incorporados aos cenários de destruição recente. A ideia era examinar como as locações atribuíam um valor documental às fabulações e, por outro lado, como a ficção extraía dramaticidade das locações", diz o diretor, em nota enviada ao Viagem em Pauta.
Os tratamentos são em sua maioria dramáticos, como em Alemanha Ano Zero, obra-prima do neorrealismo italiano, mas também podem ser irônicos e mesmo cômicos, como no curta Uma História de Água, de François Truffaut e Jean-Luc Godard.
O vídeo inclui também cenas de produções como A Mundana, de Billy Wilder, e o distópico japonês A Estrela Sussurrante, de Sion Sono.
O livro, bem como o vídeo completo, podem ser acessados nos seguintes endereços:
paisagensdofim.com (livro) / vimeo.com/1005118046 (vídeo)