Frances Mayes e o seu inesgotável amor pela Itália
A escritora americana que levou multidões para a Toscana segue apaixonada pela Itália
Entre os mais de mil motivos que pode ter feito Frances Mayes mudar de mala e cuia para a Itália, está o fato de poder abrir a porta e dizer em alto e bom som: "estou em casa". O sentimento de pertencimento teve como resultado o best seller Sob o Sol da Toscana , que ganhou adaptação para o cinema e levou multidões de turistas para a terra da bota em busca das mesmas paisagens e experiências narradas .
A hoje moradora de Cortona, pequena cidade a uma hora e meia de Florença, na província de Arezzo, Frances afirma que não há explicação para o sentimento além do clássico amor à primeira vista. Afinal, segundo ela, quem pode explicar como é sentir uma conexão metabólica com um lugar estranho, sem genes ou vínculos envolvidos? Em entrevista à BBC em 2021, a escritora falou sobre o seu livro Always Italy (ainda sem tradução para o português), os motivos pelos quais é importante preservar o patrimônio histórico do país e o que mantém acesa sua paixão pela Itália. Confira alguns destaques.
Itália eterna
Always Italy , lançado em março de 2020, tem coautoria de Ondine Coliane, que junto com Frances ziguezagueou todas as regiões do país por quase dois anos. Mesmo já tendo viajado diversas vezes por lá, a autora afirma que sempre voltava aos seus lugares favoritos e, por consequência, negligenciava regiões inteiras como a Calábria, Molise e o Vale de Aosta. "Desta vez eu pensei: por que não continuar seguindo?"
O resultado é um livro que divide a Itália de forma geográfica, indicando em cada região nada menos do que o dolce far niente que inclui dormir, comer e beber muito bem. Para aguçar ainda mais a imaginação do leitor e a "relação metabólica" citada pela autora, a obra conta com mais de 400 fotos de praças, pizzas e outras delícias.
A importância de preservação dos patrimônios históricos
Frances acredita que as belezas naturais do mundo são presentes que recebemos e devemos passar adiante. Por este motivo, preservar o patrimônio cultural e histórico é uma maneira de garantir que as futuras gerações possam saborear as mesmas experiências que nós. "Eu quero que meus netos e bisnetos possam fazer um passeio de gôndola pelos canais de Veneza, por exemplo. Eles lerão sobre como aquela cidade surgiu de bancos de areia pantanosos e até hoje impressiona quem chega" afirmou, acrescentando que para que isso ocorra serão necessárias manobras corajosas para controlar o turismo de massa.
Dicas para uma viagem memorável para a Itália
Para Frances, o planejamento é meio caminho para uma boa viagem. Ler sobre o destino enriquece a experiência. Por este motivo, Always Italy traz um contexto cultural através de livros, filmes e detalhes sobre a arquitetura de cada região. Melhor época para visitar a Itália? Frances indica o início da primavera ou final do outono.
Mas mesmo sendo adepta do planejamento, a autora é entusiasta do deixar-se levar e do acaso, principalmente a troca de experiências com os italianos. "Aqui as pessoas têm um humanismo diferente de qualquer outro lugar. Por isso, mesmo que você seja reservado, é natural bater um papo com desconhecidos".
Os locais e experiências inesquecíveis na terra da bota
Ao falar sobre experiências memoráveis, a autora relembra: um jantar na véspera de Ano Novo no hotel La Subida , em Cormons, quase na fronteira com a Eslovênia; deitar em um campo de flores silvestres em uma noite estrelada perto de Trento; caminhadas ao amanhecer ao longo do Rio Arno, em Roma, com um brioche quente na mão; igrejas da Puglia e por aí vai. Mesmo com toda a experiência de escrever, explorar e viver na Itália, Frances Mayes é modesta e diz que conhece apenas um pouco do país, que classifica como fonte inesgotável de experiências turísticas e culturais. Difícil discordar.