Equador: veja como é feito o famoso chapéu do Panamá
Embora o acessório conhecido mundialmente leve o nome do país da América Central, o chapéu de “paja toquilla” é originário do Equador
Localizada a 441 km ao sul de Quito, a cidade andina de Cuenca, no Equador, tem como uma de suas principais tradições a produção dos charmosos chapéus do Panamá. Feitos com a utilização da palha toquilla, os acessórios apresentam textura macia e flexível e despertam a vontade dos turistas em levar mais de uma unidade como recordação para casa. Dependendo da qualidade da fibra, o valor de cada peça pode chegar aos US$ 3 mil, cerca de R$ 7 mil.
Embora o produto seja feito à mão, em Cuenca há 14 fábricas que recolhem os chapéus produzidos pelos moradores da região para que sejam finalizados. A produção não só de chapéus, mas também de bolsas e diversos tipos de artesanato a partir da palha toquilla, é uma importante fonte de renda para inúmeras famílias da província de Azuay.
Em visita à capital da província, o Terra conheceu a fábrica Homero Ortega, uma das mais representativas da cidade. Desde 2008, o local abriga um museu chamado de “La Magia del Sombrero”, onde o visitante tem a oportunidade de conhecer a história do chapéu do Panamá e sua importância cultural e econômica para o país.
Além disso, é possível acompanhar todo o processo de produção, desde quando os chapéus são comprados dos artesãos, até o momento em que são colocados à venda. Painéis também mostram a trajetória da empresa, fruto do trabalho de cinco gerações da família Ortega com a fibra proveniente da planta Carludovica Palmata. Com 40 anos de experiência no mercado de exportação, o produto chega a países dos cinco continentes.
Etapas da fabricação
Uma vez por semana, a fábrica recebe entre 100 e 180 famílias para recolher os chapéus geralmente produzidos nas áreas rurais ao redor de Cuenca. O valor pago aos artesãos – que varia de US$ 10 a US$ 800 - depende da qualidade da fibra utilizada: quanto mais fina a palha, mais caro é o chapéu, sendo que uma única peça pode demorar até seis meses para ficar pronta.
Após serem selecionados, os chapéus passam pelo processo de branqueamento. Na fábrica Homero Ortega, as peças são submergidas em tanques com produtos biodegradáveis à temperatura de 60°C. Cada tanque comporta 360 unidades que permanecem no recipiente por 12 dias. É necessário que uma vez por dia os chapéus sejam “virados” dentro do tanque, para que fiquem com tom uniforme.
Após essa etapa, o chapéu é lavado e seco ao sol, quando ganha um formato que lembra um sino. Para voltar a sua forma original, ele passa pelo processo manual chamado de “compostura”. Já na fase final ele é moldado com ferro ou em prensas a vapor, processo mais utilizado atualmente. Nas prensas, os sombreiros ficam entre 30 e 35 segundos para receber sua forma definitiva. Cada fábrica de Cuenca tem sua própria prensa.
Os chapéus brancos com faixas pretas ou azul-marinhas são os mais tradicionais, porém também é possível que a palha seja tingida, para que as peças tenham colorações diferentes.
Na loja localizada na fábrica Homero Ortega, é possível encontrar chapéus com custo que varia de US$ 30 a US$ 3 mil. Após serem exportadas as peças se tornam ainda mais valorizadas e, segundo guias locais, em Florença, na Itália, um chapéu original do Panamá já foi visto pelo preço de US$ 35 mil.
História
O chapéu feito de palha toquilla tem raízes ancestrais no Equador. Em um modelo chamado de “asas de vampiro”, ele já foi visto na cabeça dos nativos quando os espanhóis chegaram ao país em 1534. Em 1796, foram criados os primeiros centros artesanais para o uso da palha na confecção de produtos.
A palha toquilla é retirada da Carludovica Palmata, uma espécie de palmeira nativa do Equador. Já seca, ela é selecionada de acordo com sua cor, elasticidade, tamanho e finura. As maiores plantações do país estão nas províncias de Manabí e Guayas, e em áreas da região amazônica.
Originário da costa equatoriana, o chapéu também começou a ser produzido nos arredores de Cuenca em 1835. A prática, levada à região por Bartolomé Serrano para suprir uma depressão econômica, prosperou e as províncias de Azuay e Cañar se tornaram as zonas de maior produção no país.
As primeiras exportações se deram a partir de 1890 e, com a construção do canal do Panamá aumentaram expressivamente. A leveza da fibra utilizada no chapéu tornou imprescindível o uso da peça pelos trabalhadores para se proteger do sol caribenho. E foi a partir daí que o chapéu ficou conhecido mundialmente como chapéu do Panamá. Assim se explica a confusão que envolve o nome da peça que se fosse levado em consideração seu local de origem deveria se chamar chapéu do Equador.
Entre 1944 e 1946, a produção dos chapéus criou cerca de 250 mil praças de trabalho nas regiões de Azuay e Cañar.
Em dezembro de 2012, a Unesco declarou o tecido de palha toquilla como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Como chegar ao Equador?
Desde 2 de setembro deste ano, a Tame (Línea Aérea del Ecuador) está operando voos diretos de São Paulo à Quito, que saem do Aeroporto Internacional de Guarulhos/Cumbica (GRU) com destino ao novo Aeroporto Internacional Mariscal Sucre, inaugurado em fevereiro, e localizado a cerca de 40 minutos do centro de Quito.
Com capacidade para 120 passageiros nos modelos Airbus A319 e A320 e duração de seis horas, o voo EQ532 parte de São Paulo às terças, quintas e sábados às 2h15 e chega à capital equatoriana às 6h15 (horário local). Na volta, o voo EQ531 decola de Quito às segundas, quartas e sextas-feiras às 17h05 e chega a São Paulo à 1h05. A passagem de ida e volta custa US$ 677, cerca de R$ 1.500, já com as taxas incluídas.
Os voos pela Tame entre Quito e Cuenca, com duração de 50 minutos, custam entre US$ 44 e US$ 106. De carro, o percurso demora até 10 horas.
O Terra viajou a convite do Ministério de Turismo do Equador com apoio da Tame Airlines