Visita à Paris insólita tem catacumbas e arena de gladiadores
Para quem já conhece as principais atrações turísticas da capital francesa e na próxima visita gostaria de descobrir um pouco mais sobre o lado pitoresco de Paris, o Terra traz um roteiro com sugestões de locais insólitos na cidade. Afinal, Paris é muito mais do que a Torre Eiffel, a catedral Notre Dame e o museu do Louvre. Em uma cidade que começou a ser erguida antes mesmo de Jesus Cristo, a história deixou traços preservados que até hoje fascinam os turistas que buscam passeios mais inusitados.
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Catacumbas
A começar pelas Catacumbas, um ossuário impressionante onde repousam - a olhos vistos - os restos mortais de mais de 6 milhões de parisienses. Empilhados ao longo de 1,7 quilômetros de galerias subterrâneas a 20 metros de profundidade, os esqueletos foram transferidos de dezenas de cemitérios de Paris para as catacumbas entre o fim do século XVIII e a metade do século XIX, se transformando num verdadeiro labirinto de ossos humanos. O objetivo, na época, era reformar os antigos cemitérios, que se encontravam em condições insustentáveis de insalubridade.
Desde aquele tempo, as catacumbas já suscitavam a curiosidade de personalidades francesas, como membros da família real e até o imperador Napoleão III, que visitou o local com seu filho em 1860. Hoje, a atração recebe mais de 240 mil turistas por ano, de jovens a idosos, desde que se sintam capazes de descer os 130 degraus do início da visita e subir outros 83 ao final do passeio ¿ que graças à meia luz, ao silêncio e à umidade excessiva do local, ganha um ar macabro do começo ao fim. Inscrições de mensagens de alusão à morte, rodeadas por crânios humanos, ajudam a criar o clima de filme de terror do circuito.
Uma placa na entrada do local avisa sobre o teor do passeio, desaconselhado para pessoas "sensíveis" ou com "insuficiências cardíaca e respiratória". A advertência se justifica: uma vez dentro das catacumbas, o visitante não tem mais por onde escapar. Menores de 14 anos não podem entrar no local sem a companhia de um adulto.
Mas se você acha que os turistas deixam as catacumbas aliviadas ou arrependidas, se engana: a empolgação com o passeio é tanta que, na saída, os visitantes são obrigados a mostrar as bolsas para provar que não estão levando nenhuma "recordação" do local. "Estes aqui", diz um funcionário, apontando para dois crânios e quatro ossos, "são de apenas esta manhã. Ao final do dia, a minha mesa vai estar cheia de ossos recolhidos das bolsas dos turistas".
Arena de gladiadores
Já para os turistas que preferem um bom passeio ao ar livre, uma opção mais agradável e pouco explorada é a Arena de Lutécia, no histórico bairro Quartier Latin, no coração de Paris. Era exatamente ali que, do final do século I até o século III, travavam-se sangrentas batalhas de gladiadores e animais, na época em que os romanos dominavam Lutécia, como era conhecida a atual capital francesa.
O anfiteatro era capaz de receber até 15 mil espectadores dos combates, realizados ao centro da elipse, em uma pista de 52m x 46m. De lá para cá, passou por sucessivos danos e reconstruções, e chegou a ser totalmente recoberta por terra, antes de ser restaurada no início do século XX. Hoje, a arena é um dos únicos vestígios da Paris da Idade Antiga e é o palco não mais de confrontos, mas de partidas de futebol ou de bocha por moradores da região. Sinal claro de que os tempos são outros. Quem prefere sentar-se nos bancos de pedra que rodeiam a arena pode até levar a companhia de um notebook e conectar-se à internet: nos anos 2000, a Arena de Lutécia é wifi zone.
Torre medieval
E para quem não resiste a um museu, a pedida é a Torre de Jean Sans Peur ("Torre de João sem Medo"), um dos poucos exemplos de arquitetura feudal na cidade e de uma construção civil da época medieval. A torre foi construída em 1409 ao lado da residência do duque de Borgonha, conhecido como Jeans sans Peur, para protegê-lo depois que ele assassinou o irmão do rei Georges VI, Louis d'Orléans. O mais interessante do local é que, a cada andar, induz o visitante a se sentir em plena Idade Média, pela descrição do modo de vida da população naquela época. Aniversários, por exemplos, jamais eram celebrados, nem sequer lembrados. Atualmente, a torre apresenta uma curiosa exposição sobre os hábitos de higiene na Idade Média, uma ocasião para conhecer melhor o quanto os europeus medievais - homens tanto quanto mulheres - se preocupavam com a aparência. O uso de artifícios como maquiagem, produtos para embelezar os cabelos e para se depilar faziam parte do cotidiano da família real, enquanto os plebeus se contentavam com um banho a cada 15 dias, numa época em que a água limpa era um verdadeiro luxo.
Na construção da torre, destaque para a escada caracol em pedra, que culmina em uma impressionante decoração simulando uma árvore, uma das obras-primas de arquitetura flamejante francesa. Outra vantagem é que a torre não está na maioria dos guias turísticos de Paris, o que a torna uma boa opção para um dia mais tranquilo de passeios, sem filas nem preocupações.