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Não há lugar igual no planeta: como é visitar as ilhas Galápagos que Charles Darwin também viu

O arquipélago a 1.000 km da costa do Equador é Patrimônio Natural da Humanidade; 'É um pequeno mundo dentro de si mesmo', disse Darwin

29 ago 2024 - 09h05
(atualizado às 13h43)
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Dizem que não existe lugar igual no planeta como Galápagos. E o que não falta ali são títulos.

A 1.000 quilômetros da costa do Equador, esse arquipélago é Patrimônio Natural da Humanidade desde 1979; tem a segunda maior Reserva Marinha do mundo, com 133 mil km²; e o parque nacional homônimo, um respeitoso senhor de 65 anos, abriga espécies de animais que só tem lá.

"É um pequeno mundo dentro de si mesmo", escreveu Charles Darwin, depois de ver as particularidades de Galápagos, onde esteve em sua volta ao mundo, na primeira metade do século XIX.

Teve até comparação com o Brasil.

Foto: Wikimedia Commons / Viagem em Pauta

Para o jovem cientista, a também vulcânica Fernando de Noronha tinha muitas semelhanças com Galápagos, "o único outro lugar onde vi uma vegetação de alguma forma parecida com essa".

O arquipélago é um destino complexo e variado, por isso, neste mini guia você encontra apenas algumas das atividades populares das três ilhas mais turísticas: San Cristóbal, Santa Cruz e Isabela.

Circulando entre as ilhas de Galápagos

Com mais de 200 ilhotas, rochas e ilhas menores, o arquipélago é formado por 13 ilhas maiores, das quais apenas quatro são habitadas: Santa Cruz, San Cristóbal, Isabela, Floreana.

Com distâncias consideráveis e um mar invocado, os deslocamentos entre ilhas costumam ser a bordo de pequenos aviões. Para esta reportagem, voamos com a Emetebe Airlines (emetebe.com.ec), companhia aérea que opera em destinos como Baltra, San Cristóbal e Isabela.

Vulcão Sierra Negra
Vulcão Sierra Negra
Foto: Eduardo Vessoni / Viagem em Pauta

ILHA ISABELA

O vulcão Sierra Negra é o atrativo mais famoso dessa que é uma das ilhas mais antigas da região, onde dá para fazer uma caminhada completa de 16 quilômetros, margeando a segunda maior cratera vulcânica do mundo, com um diâmetro de 11 mil por 9 mil metros.

Em dias de céu claro é possível avistar seus paredões interiores de até 100 metros de profundidade e a lava vulcânica solidificada das últimas erupções.

A visita, que tem início no setor El Cura, só deve ser feita com acompanhamento de guias credenciados pelo Parque Nacional Galápagos.

Nas palavras do seu visitante mais ilustre, Darwin, a maior ilha de Galápagos é coberta por "camadas de lava preta nua que flui, como piche transbordando sobre a borda de um ponte".

Não deixe de fazer snorkelling na baía Concha de Perla, endereço de lobos marinhos e pinguins; e a trilha ao Muro de las Lágrimas, uma impressionante caminhada até as ruínas de muros de uma antiga colônia penal com blocos de lava vulcânica.

Muro de las Lágrimas
Muro de las Lágrimas
Foto: Eduardo Vessoni / Viagem em Pauta

ILHA SAN CRISTÓBAL

A segunda maior ilha do arquipélago guarda a cidade de Puerto Baquerizo Moreno, capital de Galápagos, onde não é raro ser recebido, já no desembarque, por leões marinhos deitados na plataforma de desembarque do Muelle Eco Turístico.

Foi ali que Darwin, segundo seu diário, foi esnobado por duas tartarugas gigantes indiferentes com sua presença. "Esses enormes répteis, cercado pela lava preta, arbustos sem folhas e grandes cactos, pareceram-me animais antediluvianos", escreveu o cientista.

Só achei desnecessário, jovem Darwin, subir nelas e dar pancadas no seu casco. "Descobri que era muito difícil manter meu equilíbrio", confessou.

Píer de San Cristóbal
Píer de San Cristóbal
Foto: Eduardo Vessoni / Viagem em Pauta

Para uma ideia geral da ilha, prove o Tour de Baía, passeio marítimo por atrativos como o Cerro Tijeretas, que guarda estátua em homenagem a Charles Darwin; Isla Lobos, berçário de leões marinhos; e a impressionante rocha León Dormido, formação de cinzas vulcânicas com 148 metros de altura.

Já os credenciados não devem deixar de mergulhar em Galápagos, um dos melhores lugares do mundo para a prática da atividade, em locais como León Dormido, Isla Lobos e Punta Pitt.

Foto: André Lima/Viagem em Pauta / Viagem em Pauta

ILHA SANTA CRUZ

Puerto Ayora, principal povoado de Santa Cruz, costuma ser a porta de entrada após o desembarque no aeroporto de Baltra, ao norte dessa ilha.

A visita mais importante na segunda maior ilha do arquipélago é na Fundação Charles Darwin, renomado centro de pesquisa que, entre tantas outras funções, serve como uma maternidade de tartarugas, um programa de criação e repatriação de espécies locais que estiveram a beira da extinção.

É ali que você vai ver tartarugas gigantescas e iguanas terrestres únicas no mundo, onde viveu o centenário Solitário George, último exemplar da tartaruga do tipo galápago, morto em 2012.

Tartaruga gigante na Fundação Charles Darwin
Tartaruga gigante na Fundação Charles Darwin
Foto: Eduardo Vessoni / Viagem em Pauta

Próximo ao centro urbano de Puerto Ayora fica a trilha de acesso à Baía Tortuga, uma caminhada de 2,5 quilômetros, em meio a pedras vulcânicas e uma floresta de cactus que leva até as praias Brava, de ondas fortes que atraem surfistas, e a Mansa, um tranquilo braço de mar, onde iguanas marinhas e pelicanos são vistos com facilidade.

Outro tour impactante, na parte alta da ilha, é a Fazenda Las Primicias que guarda um túnel de lava com 300 metros de extensão e exemplares gigantes de tartarugas que vivem nos jardins do empreendimento.

Iguana marinha na Baía Tortuga
Iguana marinha na Baía Tortuga
Foto: Eduardo Vessoni / Viagem em Pauta

Galápagos é animal

Seu isolamento geográfico e a colonização humana tardia, no século 19, são algumas das explicações para a presença de animais com uma alta tolerância à presença humana.

A bicharada marca presença e todo cuidado é pouco para não tropeçar num deles, como os lobos marinhos da principal avenida da ilha San Cristóbal ou no centro turístico de Puerto Baquerizo, capital administrativa de Galápagos.

De acordo com o Galapagos Science Center, 80% das aves do arquipélago, assim como 97% dos répteis e mamíferos terrestres, são endêmicos. Ou seja, só tem lá, apesar de muitas correrem risco de extinção, devido às atividades humanas ou ameaças naturais.

Um dos símbolos da exclusividade de Galápagos é a iguana terrestre. Esses animais únicos, parentes próximos das iguanas marinhas (outro tipo endêmico do arquipélago), chegam a pesar 13 quilos e viver até 40 anos, na ilha de Santa Cruz.

Mercado de Peixes, na Ilha Santa Cruz
Mercado de Peixes, na Ilha Santa Cruz
Foto: Eduardo Vessoni / Viagem em Pauta

Como chegar em Galápagos

Para uma maior controle, o arquipélago recebe passageiros apenas de Quito e Guayaquil, ambas no Equador.

As viagens aéreas são operadas pela Latam e, em menor escala, pela Avianca, com conexões em Bogotá (Colômbia) e Guaiaquil. Ambas contam com diversas opções de voos, todos com troca de aeronave e longas esperas em aeroportos colombiano e equatoriano.

Para se ter uma ideia, em simulação para setembro, o Viagem em Pauta encontrou bilhetes a partir de R$ 3.136 (sem taxas) para viagens de 13 a 41 horas de duração, incluindo paradas em aeroportos de capitais como Peru, Colômbia e Equador.

Os principais aeroportos de entrada de estrangeiros são os de Baltra (GPS), ilha desabitada a norte de Santa Cruz, e o de San Cristóbal (SCY).

Foto: Eduardo Vessoni / Viagem em Pauta

Para entrar

Ver o que Charles Darwin também viu tem seu preço. E não é pouco.

Nos aeroportos de Quito e Guayaquil é preciso se registrar na Oficina del Consejo de Gobierno de Galápagos, onde o passageiro deve adquirir por US$ 20 a TCT (Cartão de Controle de Trânsito, em português), que deve ser guardada até o final de sua estadia (máximo de dois meses).

Desde o início deste ano, o acesso às áreas protegidas de Galápagos custa US$ 200 (estrangeiros em geral), US$ 100 (viajantes do Mercosul) e US$ 30 (equatorianos ou estrangeiros residentes no Equador).

* fontes: Governo do Equador, Ecuador Travel e "Viagem de um naturalista ao redor do mundo" - volume II (editora L&PM)
Viagem em Pauta
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