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Turismo

Onde fica a cidade abandonada que inspirou o enredo da Porto da Pedra

A escola desfila no Grupo de Acesso, no sábado, à 00:00 [...]

28 fev 2025 - 12h42
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O que a memória apagou, o samba veio para cantar. Neste Carnaval de 2025, a Unidos do Porto da Pedra, de São Gonçalo (RJ), homenageia em seu samba-enredo a esquecida história de Fordlândia, cidade abandonada na Amazônia onde a Ford tentou plantar árvores para fornecimento de látex para suas fábricas nos Estados Unidos. 

Se, dessa vez, bateria, porta-bandeira e mestre-sala combinam tão bem com a maior floresta tropical do mundo, o mesmo não podemos dizer de relógios de ponto, sirenes de fábrica e…hambúrguer.

A cerca de 400 quilômetros de Santarém, o empreendimento funcionou de 1928 a 1945 como uma espécie de fornecedor de matéria-prima para a Ford, porém ficaria conhecido como um dos maiores fracassos da história da montadora no Brasil, no município de Aveiro e, mais tarde, em Belterra, no Pará.

Divulgação
Divulgação
Foto: Viagem em Pauta

Assim como conta o carnavalesco Mauro Quintaes, em depoimento para o Viagem em Pauta, o samba-enredo 2025 da Unidos do Porto da Pedra ('A História que a Borracha do Tempo Não Apagou') é o fechamento de uma trilogia temática, que começou com uma inspiração no livro 'A Jangada', de Júlio Verne, ambientado na Amazônia brasileira, em 1852, e que gerou o samba 'A Invenção da Amazônia: Um Delírio Imaginário de Júlio Verne', em 2023.

No ano seguinte, já no Grupo Especial, o enredo da escola ('Lunário Perpétuo - A Profética do Saber Popular') foi inspirado em Antônio Nóbrega e no almanaque 'Lunário Perpetuo'; e, em 2025, é a vez de Fordlândia, uma "incursão utópica do Henry Ford em construir uma cidade americana dentro da Amazônia paraense", explica Quintaes.

Mas a maior floresta tropical do planeta não respeita sirenes de fábrica nem relógios de ponto e o projeto de uma cidade-modelo seria um desastre rio abaixo. Logo de cara, os homens enviados ao norte do Brasil encontrariam altas temperaturas, doenças tropicais e solo inadequado para plantio.

Fordlândia, no Pará
Fordlândia, no Pará
Foto: Wikimedia Commons / Viagem em Pauta

"A floresta dá a resposta de que o que é nosso é nosso. A terra é nossa, o espaço é nosso."

Mauro Quintaes - carnavalesco da Unidos do Porto da Pedra

"Na arrogância de grande empresário, Ford não se preocupou em conhecer o povo local nem em saber como a seringueira era plantada. Ele negou toda a cultura ancestral e fez do jeito dele, que não deu certo", analisa o carnavalesco.

Um dos grandes erros de Ford, segundo o biógrafo de Fordlândia, Greg Grandin, foi tratar "máquinas como seres vivos". Na Amazônia, "esperava que seus homens tratassem seres vivos - as seringueiras - como máquinas".

Outro erro grave foi o pouco espaçamento entre as árvores, desconsiderando que a matemática da linha de produção não servia para ambientes como a floresta amazônica. Próximas uma das outras, as seringueiras estavam fadadas a ataques de pragas ou insetos.

Como lembra a própria letra do samba-enredo da Unidos do Porto da Pedra, "borracha nenhuma pode apagar/a nossa história/a nossa gente/meu Carnaval!).

A Unidos do Porto da Pedra desfila, no Grupo de Acesso, no dia 1º de março (sábado), à 00:00.

Divulgação
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Foto: Viagem em Pauta

LEIA HISTÓRIA COMPLETA: "Fordlândia: a cidade-fantasma na Amazônia que o Brasil esqueceu"

Veja enredo

'A História Que a Borracha do Tempo Não Apagou'

autor: Pitty de Menezes

Munduruku

É o Sol que brilha lá no Norte, a nossa voz

Vento que sopra pelo Rio Tapajós

É o som da mata que ecoa na raiz

Atiro a ponta da minha flecha

Mirando em seu peito e na sua ambição

Meu velho, não esqueça que a floresta

Não se rende feito os donos da nação

Barcaça vai trazer

Os ferros que erguem a cidade arredia

Confundem engrenagem com sabedoria

Ignorando os segredos do lugar

Barcaça vai levar

Meu ouro branco, rasgado em seringais

A esperança é deixada pelo cais

Pra quem um dia só queria sonhar

Ê caboclo de bubuia, quero ver! Quero ver!

Quem vai acordar antes do amanhecer?

No ribeirão, vá buscar tracajá!

Não tem capitão se meu povo zangar!

Deixa que o canto já ecoou

Quando toda fumaça se dissipou

Eaê aê, nossa luta não dá pra comprar

Eaê aê Amazonia resistirá

Em cada voz do Juruena

Transformada em poema num antigo ritual

Não temos o tempo dos pariwá

Borracha nenhuma pode apagar

A nossa história!

A nossa gente!

Meu carnaval!

Vermelho urukum! O tigre de guerra!

Não se esconda quando eu voltar

Eu sou orgulho e paixão

Bem mais que um pavilhão

A força que faz esse povo lutar

Viagem em Pauta
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