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Parque das Neblinas, imersão natural em plena Grande SP

Localizado em Mogi das Cruzes, área de conservação tem trilhas, canoagem e comida de roça a 95 km do centro da capital

27 jul 2018 - 09h00
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As neblinas são tão frequentes que viraram nome próprio. No Parque das Neblinas, em Mogi das Cruzes, transformam a paisagem em poesia de contornos borrados de manhãzinha e no entardecer. Já o meio do dia oferece o calor ideal para mergulhar nas belezas da Mata Atlântica.

Rio Itatinga é o coração do parque. É possível curtir a transparência de suas águas calmas em um passeio de caiaque inflável
Rio Itatinga é o coração do parque. É possível curtir a transparência de suas águas calmas em um passeio de caiaque inflável
Foto: Mônica Nobrega / Estadão Conteúdo

Os dias mais amenos que a previsão do tempo avisa que teremos até o fim de julho — e das férias escolares, portanto — podem ser uma boa oportunidade para o passeio. Isso porque mergulhar, aqui, é literal. Sob o sol, dá para nadar nas águas geladas do Rio Itatinga. Sim, existe um rio tão limpo que é possível nadar nele em plena Grande São Paulo. E esta é apenas uma das descobertas por aqui.

Com 60 quilômetros quadrados, o tamanho de um município pequeno como Embu das Artes, o Parque das Neblinas tem espaço suficiente para abrigar mais de 1.200 espécies de animais e plantas. Inclusive vegetais comestíveis que são a base das refeições servidas no centro de visitantes. A comida preparada pela Natural da Mata, empresa da comunidade local, é uma das grandes atrações do passeio.

O parque, gerido pelo Instituto Ecofuturo, se espalha entre Mogi das Cruzes e Bertioga, ao longo da encosta da Serra do Mar, uma das áreas mais úmidas do Brasil, daí as neblinas. A entrada é pelo distrito mogiano de Taiaçupeba — são 95 quilômetros desde o centro da capital paulista, duas horas de carro. Cabe tanto num bate-volta de um dia quanto num fim de semana, com direito a acampamento na floresta. Atenção, tudo precisa ser agendado por telefone (11-4724-0555 e 11-4724-0556) ou e-mail (parquedasneblinas@ecofuturo.org.br).

Trilhas para ver a floresta de perto

As caminhadas pelo Parque das Neblinas têm sonorização: o barulhinho da água corrente. Todo o roteiro de visitação se distribui ao longo do Rio Itatinga.

Pontes suspensas lembram um arvorismo light
Pontes suspensas lembram um arvorismo light
Foto: Mônica Nobrega / Estadão Conteúdo

A Trilha do Brejo, a mais curta, com 360 metros, termina em uma ponte sobre o Itatinga. A mais longa é a das Antas, com 2 quilômetros (só ida). Procure pelas pegadas do animal: elas têm o tamanho de um palmo e três dedos arredondados. A trilha do Inox permite observar muitas orquídeas ao longo dos seus 590 metros; foram identificadas 94 espécies no parque. A da Cachoeira, com 1 km de extensão, passa pela "Árvore-mãe", uma cumixava que abriga várias espécies em sua copa. No fim do percurso está a Cachoeira do Sertão. Neste ponto, você atravessa o rio por dentro d'água e chega, com os pés molhados, à Trilha Lava-pés, de nome autoexplicativo. São 650 metros até o centro de visitantes, com direito a um trecho de pontes suspensas, como num arvorismo light, bem divertido. Autoguiadas, as trilhas custam só o ingresso de R$ 40. Com guia, R$ 50.

Há ainda trilha de bike (4,7 km, só ida, R$ 60) e outra que leva a um mirante de onde se vê Bertioga, lá embaixo (11 km, ida e volta).

A canoa não vira na correnteza do Itatinga

Coração do Parque das Neblinas, o Rio Itatinga nasce cerca de 10 quilômetros acima do centro de visitantes e vai ganhando corpo e volume com a ajuda de 400 nascentes, até desaguar no Tietê. Para curtir o embalo e a transparência das águas, canoagem.

Os caiaques infláveis esperam pelos turistas em uma prainha de areia. Cada visitante recebe um remo que quase não é usado; a correnteza suave faz praticamente todo o trabalho, deixando tempo de sobra para observar as árvores, os peixes, as pedras do fundo do rio.

A remada termina — mais depressa do que você gostaria — em uma plataforma de rochas na Cachoeira do Sertão, a mesma que pode ser acessada pela Trilha da Cachoeira. É um ponto excelente para banho. A água é fria e tão pura que proporciona uma sensação de leveza deliciosa. A canoagem pede idade mínima de 6 anos e custa R$ 95 por pessoa.

Dormir e aprender no camping sustentável

O próprio visitante cuida de aquecer, com lenha, a água do banho. Para usar o banheiro, precisa atentar ao fato de que há um vaso sanitário para o número um e outro para o número dois; a descarga, neste segundo, é com serragem. Trata-se de um mecanismo de reciclagem dos dejetos. Aberta no ano passado, a área de camping do Parque das Neblinas propõe, ao mesmo tempo, pernoite na floresta e educação ambiental.

Há lagoa para tratamento da água usada antes de ser despejada no rio e todos os materiais de construção dialogam com a proposta de sustentabilidade. A cozinha é comunitária. Há seis módulos para barracas e espaço para até 20 hóspedes por vez. O camping custa R$ 40 por pessoa, por noite, mas a reserva só é aceita se você fizer também o agendamento para algum dos passeios oferecidos no parque. Atenção: feriados lotam rápido.

No centro de visitantes, bules esmaltados de café sobre o fogão de lenha dão as boavindas
No centro de visitantes, bules esmaltados de café sobre o fogão de lenha dão as boavindas
Foto: Mônica Nobrega / Estadão

Juçara, taioba e outras comidas do mato

Às 8h30 da manhã, um bule esmaltado de café pousado sobre um fogão a lenha não esquenta só o corpo: aquece também o coração. O café da manhã no Parque das Neblinas tem ainda pão de queijo, pão, bolo, suco de cambuci e do fruto da palmeira juçara, tudo caseiro. A juçara, protegida por várias leis, é uma das espécies cujo manejo é pesquisado no parque, para que se torne fonte de renda na comunidade.

Pasteizinhos caipiras, conhecidos como pastéis de reza, têm massa de milho e recheio de taioba. São servidos no parque pela empresa Natural da Mata, formada por pessoas da comunidade de Taiaçupeba
Pasteizinhos caipiras, conhecidos como pastéis de reza, têm massa de milho e recheio de taioba. São servidos no parque pela empresa Natural da Mata, formada por pessoas da comunidade de Taiaçupeba
Foto: Mônica Nobrega / Estadão

Pasteizinhos caipiras, com massa de milho, recheados de taioba, me esperavam quentinhos depois da trilha e da remada. Taioba é planta do mato, se cria sozinha. Refogada, fica macia como um purê. Ali na localidade, os pasteizinhos são comida de reza; abriram o almoço que, ao som dos estalos da lenha queimando, teve escondidinho de brócolis, abóbora assada, frango. O café da manhã custa R$ 29 e o almoço, R$ 42. Reserve.

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