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Percurso pela história da África do Sul pode ser feito com luxo colonial

15 mai 2016 - 06h05
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Vinte e sete horas de viagem a bordo do trem de luxo por excelência na África, para reviver, em um autêntico hotel cinco estrelas sobre rodas, a chegada dos europeus atraídos pela febre do ouro e pelos diamantes da África do Sul no início do século XX.

Essa é a tentadora proposta do Blue Train, cuja rota entre a Cidade do Cabo e Pretória, conectando dois dos centros nevrálgicos da África do Sul, remonta à década de 1920 e é uma das mais emblemáticas do mundo junto com a do Expresso Oriente europeu e da Transiberiana russa.

Em seus vagões cobertos de madeira de alta qualidade, o trem abriga íntimas suítes com diversos detalhes e bares e salões para conversas e relaxar desfrutando de espetaculares vistas em transformação através de todas suas janelas, que alcançam o ponto alto ao atravessar o deserto de Karoo.

"Quando as embarcações atracavam na Cidade do Cabo, os passageiros subiam nos trens para viajar rumo ao norte. O trem voltava com outros passageiros, que embarcavam para a Inglaterra levando com eles o correio", explicou à Agência Efe Herbert Prinsloo, gerente a bordo do Blue Train.

Entre os milhares de "aventureiros" e "exploradores" que se deslocaram no Blue Train desde seu nascimento, Prinsloo destaca figuras de renome como o rei George VI da Inglaterra, que, junto a sua família, o utilizou como meio de transporte durante sua visita à África do Sul em 1947.

Para que o rei pudesse beber o tempo todo seu leite fresco, o trem viajou com uma vaca viva a bordo.

Conhecido em seu início como o "trem do champanhe", pelos brindes eufóricos toda vez que era fechado um negócio nas minas de Johanesburgo e Pretória, o Blue Train continua sendo cenário de celebração e alegria.

"Muitas mulheres presenteiam seus maridos com viagens de aniversário. Outros casais se casam no trem, ou se casam em alguma de nossas paradas de 45 minutos e continuam a viagem como uma lua-de-mel", contou Prinsloo, que trabalha nesta rota desde 1989.

Além do ambiente festivo, se mantém invariável a origem de boa parte dos passageiros: "britânicos, americanos e australianos" são alguns dos passaportes mais utilizados para reservar bilhetes, cujos preços oscilam entre 900 euros e 1.800 euros, dependendo da temporada e da classe escolhida.

"Os japoneses representam 16% do mercado", destacou Prinsloo sobre a grande novidade na procedência dos usuários do Blue Train, que opera com o nome dado por seus imaculados vagões de cor azul desde 1946.

O histórico trem sul-africano - que atualmente circula a uma velocidade média de 80 km/h - retomou então seu serviço após ter sido utilizado para transporte militar durante a Segunda Guerra Mundial.

"Viajamos em vários trens europeus, mas o Blue Train será nossa primeira grande rota", disse à Efe na sala de espera da Estação de Pretória a australiana Deborah Jones, que viajou à África do Sul com amigos para um casamento e se dispõe a continuar suas férias na Cidade do Cabo depois da união.

Uma das duas paradas que o Blue Train faz em seu percurso acontece na rota entre Cidade do Cabo a Pretória e é o balneário vitoriano de Matjiesfontein, fundado em 1884 e situado no Karoo.

A escala no sentido contrário é na cidade de Kimberley, a cerca de 470 quilômetros de Johanesburgo e berço da mineração de diamantes na África do Sul.

No local, os viajantes visitam a antiga cidade mineradora, em cujas casas intactas viveram os pioneiros desta indústria, e o Big Hole, o maior buraco do mundo escavado com pá, uma cratera de 214 metros de profundidade com uma superfície de 17 hectares e um perímetro de 1,6 quilômetro.

Entre 1871 e 1914 foram extraídos da mina 2.722 quilos de diamantes, para os quais foi preciso retirar 22,5 milhões de toneladas de terra, segundo a empresa mineradora De Beers, dona da exploração.

Propriedade da empresa pública ferroviária sul-africana Transnet, o Blue Train possui 19 vagões e pode hospedar cerca de 80 passageiros.

EFE   
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