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Por que o Brasil não consegue atrair turistas estrangeiros

O país recebe menos visitantes do que a Torre Eiffel, em Paris [...]

28 jan 2025 - 08h54
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No Brasil tem tudo que um estrangeiro gostaria de ter numa viagem turística: cenários únicos, gastronomia variada, além de uma série de estereótipos do tipo "caipirinha, samba e carnaval".

Tem de tudo, só não tem turista estrangeiro. Ou melhor, não na quantidade que merece ter.

Historicamente, o país nunca passou dos 7 milhões de turistas estrangeiros por ano.

Para lembrar uma comparação clichê (e vergonhosa), só a Torre Eiffel, em Paris, atrai 7 milhões de visitantes, anualmente. Sim, uma torre de treliça consegue desbancar a Amazônia, o litoral nordestino, o Pantanal e outras tantas opções de turismo no Brasil.

Mas é uma falácia (e uma ingenuidade) achar que nossas hospitalidade, geografia e cultura são suficientes para atrair viajante, assim como lembram os pesquisadores Gui Lohmann (RMIT University), Glauber Eduardo de Oliveira (USP) e Jaqueline Gil (UnB), no artigo "Cinco razões que fazem do Brasil um gigante ainda adormecido para o turismo internacional".

Victor Freitas / Pexels.com
Victor Freitas / Pexels.com
Foto: Viagem em Pauta

Brasil

No início deste ano, o Ministério do Turismo, Embratur e Polícia Federal divulgaram um dado histórico: 2024 foi o melhor da história para o turismo internacional no Brasil, quando o país alcançou o número recorde de 6.657.377 turistas estrangeiros, um crescimento de 12,6% em comparação ao ano anterior.

Entre as ações voltadas para a atração de turistas internacionais, o Ministério do Turismo cita o primeiro Escritório da OMT (Organização Mundial do Turismo) nas Américas e no Caribe, inaugurado em dezembro de 2023, no Rio de Janeiro; a presença do MTur e da Embratur em eventos internacionais de promoção dos destinos nacionais; e o lançamento da marca "Visit South America: um lugar, vários mundos".

O Brasil até tem conseguido chegar nos estrangeiros, a pergunta é se eles têm conseguido chegar no Brasil que gostariam de ver.

Segundo Lohmann, Oliveira e Gil, um dos entraves é o problemas estrutural do nosso país, que recebe menos de 0,5% das viagens internacionais do mundo, muito atrás do México (3,2%), Tailândia (2,2%) e Índia (1,1%).

Embora as principais companhias aéreas internacionais ofereçam voos para as principais capitais brasileiras (São Paulo, Rio e Paraná são as principais portas de entrada), voar dentro do país ainda é uma experiência custosa, sobretudo para destinos do Nordeste e do Norte.

"Essa oferta de voos escassa e mal distribuída geograficamente é pouco atraente para o turista e mais poluente ao meio ambiente, pois emite-se mais carbono para chegar da Europa até os aeroportos do Rio de Janeiro ou São Paulo e, então, rumar norte para cidades como Manaus ou Recife", descrevem os autores.

A alternativa poderia ser a estrada, porém, muitas vezes precárias e inseguras, sem falar nas grandes distâncias, a depender do destino final.

Andrea Piacquadio / Pexels.com
Andrea Piacquadio / Pexels.com
Foto: Viagem em Pauta

Outro fator é a sensação de insegurança num país cuja taxa de homicídios é de 20 para cada 100 mil habitantes, ou seja, a 16ª posição do ranking de nações mais violentas. Não à toa, o Brasil é citado como 'pouco seguro' em informativos para cidadãos dos Estados Unidos e também nos do governo britânico, que alerta sobre golpes, roubos, sequestros e estupros.

O dia a dia de um estrangeiro no Brasil não é nada facilitado, devido ao que os pesquisadores chamaram de "inadequação dos serviços", como prestadores de serviços turísticos que não dominam nenhum idioma além do português, de modo que um turista estrangeiro sequer consegue encontrar informações on-line, ao planejar a viagem, ainda em seu país de origem.

As exceções são destinos de fama internacional consolidada, como o Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu e Manaus.

"A maior atenção dada ao público doméstico é natural, já que o número de brasileiros viajando dentro do país é dezenas de vezes maior do que o de estrangeiros e mantém o faturamento dessas empresas. Mas essa desproporção acaba diluindo os poucos estrangeiros em uma massa de turistas brasileiros e praticamente eliminando a oferta especializada no turismo internacional", aponta o artigo.

"O país não é barato para viajantes."

Gui Lohmann (RMIT University), Glauber Eduardo de Oliveira Santos (USP) e Jaqueline Gil  (UnB)

Em quarto lugar estão os custos.

Ainda que venham com moedas fortes, como o dólar e o euro, o turista estrangeiro não faz uma viagem de qualidade com baixo custo, no Brasil, já que "o turista médio não consegue contratar por um preço competitivo serviços que garantam comparabilidade com experiências das melhores localidades e atendam as necessidades específicas que o viajante internacional espera".

Um exemplo é o transporte público: barato, mas ruim e voltado para brasileiros.

Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro até ganharam alguns serviços em inglês, no pós-Copa do Mundo, em 2014, mas anúncios sonoros em trens do metrô são insuficientes para facilitar a vida de um turista que precisa se locomover por destinos de proporções como as da capital paulista.

"Para que o Brasil efetivamente atraia mais turistas, não é suficiente resolver um ou outro desses problemas. É preciso resolvê-los em conjunto, criando uma experiência total de alta qualidade para o turista. Mas fazer isso não é fácil", alerta o trio de pesquisadores.

Photo by Nubia Navarro (nubikini) on Pexels.com
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Foto: Viagem em Pauta

* com informações do artigo publicado no The Conversation sob licença Creative Commons

Viagem em Pauta
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