Lago próximo de Bogotá é origem da lenda de Eldorado
O lago Guatavita, que fica 63 km ao norte de Bogotá, está cheio de ouro. Pelo menos é o que diz uma lenda do povo muísca, que vivia na região antes da chegada dos colonizadores espanhóis. Os nativos realizavam um ritual no qual seu líder, conhecido como Zipa, cobria o corpo com ouro em pó e mergulhava no lago. Para acompanhar o chefe, a população atirava joias e pedras preciosas no Guatavita, como uma oferenda aos céus.
Quando os conquistadores espanhóis chegaram à região e souberam dessa história, imediatamente imaginaram que o fundo do lago, ou algum outro lugar nas redondezas, seria um imenso depósito de ouro. Assim nasceu a lenda de Eldorado, que por séculos mexeu com a imaginação dos exploradores europeus na América.
Como se não bastasse, o lago Guatavita está cercado de mistérios. Suas águas cor verde musgo emergem de uma cratera que parece ter sido criada pela queda de um meteoro. Na verdade, a formação da fenda ainda é desconhecida, o que aumenta ainda mais o misticismo em torno da região.
De acordo com outra lenda muísca, o lago era povoado por um deus em forma de serpente. O cacique da tribo sofreu a traição de uma das esposas que, para fugir da punição do marido se atirou no lago com sua filha recém-nascida. O cacique, arrependido, pediu ao xamã que resgatasse as duas. Mas o xamã contou que a família vivia no leito do rio com o deus-cobra. Ao tentar resgatar a dupla, entrou em confronto com a serpente que acabou por matar a criança, arrancado-lhe os olhos.
Lenda ou não, o suposto ouro no fundo do lago levou inúmeros aventureiros a organizar expedições em busca do tesouro de Eldorado ao longo dos tempos. Desde o século 16 há registros de tentativas de drenagem do lago. Alguns dos exploradores conseguiram achar algum ouro sob as águas, mas o valor da descoberta, ironicamente, era menor que o investido para encontrá-lo.
O primeiro que conseguiu encontrar alguma coisa no fundo do lago foi um caçador de tesouros de Bogotá chamado Antonio de Sepúlveda, que, em 1580, realizou a primeira tentativa de drenagem do lago. Sepúlveda, no entanto, teve que ceder parte de sua pequena fortuna ao rei Filipe II da Espanha.