Palácio argentino foi criado para guardar as cinzas de Dante
Inaugurado em 1923, o Palácio Barolo, com seus 100 metros de altura e sua arquitetura monumental, já foi o maior prédio de Buenos Aires. Só a beleza e o tamanho da construção já seriam suficientes para fazer dele um dos mais interessantes edifícios históricos da capital argentina, mas a história de sua criação o torna ainda mais fascinante.
O palácio foi projetado pelo arquiteto italiano Mario Palanti, a pedido do produtor agropecuário Luis Barolo. A ideia era construir um prédio para guardar os restos mortais de Danti Alighieri, poeta italiano do século 13, autor de “A divina comédia”. Barolo tinha medo de que as cinzas de Alighieri se perdessem com uma possível batalha ainda maior do que a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O objetivo nunca foi alcançado.
Mesmo assim, Palanti caprichou nas analogias. O edifício tem 100 metros de altura e 22 andares, o mesmo número de cantos e de estrofes do poema, respectivamente. Além disso, o palácio é dividido em três partes – inferno, purgatório e céu – e possui um farol, que representa os “Nove coros angelicais” da obra-prima de Alighieri. As mais de 300 mil velas de ignição faziam a luz do farol ser vista do Uruguai.
Sua arquitetura não segue um estilo único. Ela sofreu influência dos estilos europeus da época, como o neogótico e o neorromântico. A cúpula no alto foi inspirada no templo indiano de Rajarani Bhubaneshvar, do século 12, para representar o amor tântrico entre Alighieri e Beatrice Portinari. Em 1997, o palácio foi declarado monumento histórico.
No total foram utilizados 70 mil sacos de cimento, 650 toneladas de ferro e mais de 1,5 milhão de tijolos para a construção do prédio. São nove elevadores e 236 metros de escadas – 1410 degraus revestidos em mármore Carrara. Atualmente, funcionam no prédio agências de turismo, uma escola de idiomas, lojas de roupas e escritórios de contabilidade e advogados.
Serviço
Palácio Barolo
Avenida de Mayo, 1370, Monserrat.
Tel.: 00xx 54 11 4381.1885
Entrada: R$ 40