Souvenir típico, Chapéu Panamá não é feito no Panamá
Mesmo sem saber o nome do chapéu, é muito provável que você o tenha visto na cabeça de alguém. O chapéu Panamá é um dos produtos mais conhecidos do país. Pode ser encontrado nas lojas de souvenir dos hotéis, em boutiques refinadas, em barraquinhas de artesanato e nas lojas do aeroporto – caso o viajante tenha se esquecido de levar uma lembrancinha para alguém que ficou em casa.
O curioso, porém, é que esse item não nasceu no Panamá. Ele é, na verdade, oriundo do Equador. É lá que se encontra a matéria-prima para sua fabricação, a palha da palmeira Cardulovicapalmata, conhecida como paja toquilla.
O chapéu ganhou o nome do país errado em razão de uma série de mal-entendidos. Tudo começou com a construção do canal, esse sim, do Panamá. Os trabalhadores estrangeiros, sobretudo franceses e norte-americanos, em geral se protegiam do sol copiando o modelito dos moradores locais, que já tinham adotado os chapéus equatorianos. De volta a suas nações, atribuíam a autoria da peça aos panamenhos.
Quando o canal foi inaugurado, em 1914, o então presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, repetiu o erro dos operários e chamou o chapéu de “Panama-hat” ao ganhá-lo de presente na abertura dos trabalhos da via. E ainda saiu em fotos para divulgar a obra com o adorno na cabeça. O chapéu foi imortalizado pelo ator Humphrey Bogart no filme “Casablanca”.
Depois disso, o chapéu – e seu nome – virou febre no mundo todo, com o auxílio de homens poderosos, como o primeiro-ministro britânico Winston Churchill, o aviador Santos Dumont e o presidente Getulio Vargas. Para completar, esse produtos eram exportados para a Europa e a América do Norte via Canal do Panamá.
Atualmente, todo descolado que se preze tem um modelo no armário. Com o tempo, o padrão ficou mais flexível, e o desenho do Panamá é imitado e replicado em outras tramas e cores que vão além da palha equatoriana.
O chapéu original, de palha mesmo, é feito em vários lugares do Equador, especialmente no litoral. O centro de produção mais famoso é a cidade de Montecristi. Cada peça leva, em média, quatro meses para ficar pronta. Nesse meio tempo, a palha é trançada e o produto é exposto ao sol e ao fogo, para secar, e surrado a porrete para amaciar.
Ao final do processo, são colocadas as fitas externa e internamente, para determinar a medida. Quanto mais fino o trançado da palha, mais sofisticada é a peça. Entre os principais importadores estão México, Brasil e Estados Unidos, onde preço pode variar entre US$4 e US$1.000. E, claro, o Panamá, que importa para vender aos turistas, aproveitando a fama que toda a confusão trouxe.