Bebida histórica gera ‘disputa etílica’ entre Chile e Peru
Se existe um assunto capaz de causar polêmica entre peruanos e chilenos é sobre a origem do pisco, um tipo de aguardente proveniente da destilação do mosto da uva (similar à cachaça), que se tornou popular em ambos países. Para se ter ideia, a disputa pela nacionalidade da bebida é tão acirrada que o tema foi parar na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Do lado chileno, por enquanto vitoriosos, alega-se que o drink é consumido 20 vezes mais no Chile do que no Peru, além de o país ser o maior produtor de pisco (50 milhões de litros por ano) com uma receita de US$ 600 mil, entre outros.
Já os peruanos apresentam provas históricas e geográficas, como a proibição da entrada de vinho no país no século 17, o que incentivou o uso de uvas na produção de destilados; as primeiras destilarias da bebida documentadas; e a origem do nome pisco, que significa “pássaro” no idioma inca – uma referência às ânforas utilizadas no século 16 para armazenar a bebida.
Para apimentar ainda mais a disputa, vale ressaltar que uma parte do Chile já foi território peruano na época da colonização espanhola. Ao serem separados, a produção de pisco ficou “no meio do caminho” entre os dois territórios.
Ainda hoje, existem várias hipóteses sobre a origem do nome pisco. Uma delas fala que a denominação se refere à cidade de Pisco, no Peru, onde o destilado era produzido. Outra versão se refere à língua mapuche, em que “pishku” pode ser interpretado como vinho queimado.
Diferentes tipos de uva
No Peru, as variedades de uva aromáticas reconhecidas como pisqueiras são a quebranta, negra criolla, mollar e uvina. Já as aromáticas são a Itália, moscatel, albilla e torontel. No Chile, a uva mais utilizada para sua produção é a moscatel. Curiosamente, para ser importada entre as duas nações, o rótulo da bebida não pode apresentar a palavra pisco. No Chile, por exemplo, o produto peruano entra no país com o nome “aguardente de uva”.