Veja curiosidades sobre Humboldt, o 1º ambientalista do mundo
Foi o 1º cientista a falar de alterações climáticas causadas pelo homem [...]
Bem que Alexander von Humboldt avisou, mas parece que ninguém deu bola para ele.
Educado num ambiente burguês, o "pequeno boticário", como esse alemão de Berlim era conhecido na família, desde cedo mostrou que tinha gosto (e talento) para sujar os pés na terra.
Para esse fã de James Cook com gosto exagerado pelo mundo ao ar livre, tudo está interligado, em uma Natureza que é um reflexo do todo.
Assim como lembra Andrea Wulf, autora da biografia A invenção da natureza: a vida e as descobertas de Alexander Von Humboldt (ed. Crítica), depois de expedição por florestas da Venezuela e vulcões no Equador, entre 1799 e 1804, o alemão se tornaria "o primeiro cientista a falar das nocivas alterações climáticas causadas pelo homem".
Seus questionamentos ambientais viriam à tona antes mesmo da Revolução Industrial concluir sua primeira fase e redesenhar o planeta. Enquanto o mundo se destruía em nome do desenvolvimento econômico, Humboldt "inventava" a Natureza em um mundo onde "o homem não é nada".
"Os cientistas precisavam deixar seus sótãos e viajar pelo mundo"
Andrea Wulf - biógrafa
Conheça curiosidades
Humboldt viajante
Tão conhecido quanto Napoleão, como costumavam dizer seus contemporâneos, Alexander Von Humboldt chegou a se demitir do serviço público, em 1796, para se dedicar à pesquisa e às viagens.
Após receber uma herança, Humboldt viajou pela América Latina, entre 1799 e 1804, onde participou de expedições, como a de escalada do vulcão Chimborazo, no Equador.
Aliás, o termo Avenida dos Vulcões, uma via equatoriana de 350 quilômetros de extensão, foi Humbolt quem deu, inspirado pela simetria e alinhamento perfeitos de seus vulcões.
A região abriga montanhas como a Sangay, em constante erupção, e a Antisana, sempre nevada (sabe-se lá até quando), o maior glaciar do Equador, com seus pico a 5.704 de altitude.
Contemporâneos de Humboldt
Figuras como Kant, Schopenhauer e Charles Darwin, que aliás chegou a confessar que os relatos de Humboldt tinham sido inspiração para seu gosto pelas viagens, foram alguns dos contemporâneos que viveram aqueles tempos progressistas de Humboldt.
Mas um deles se destaca na vida do explorador e naturalista alemão.
Mais do que um "naturalista entusiasmado", o escritor Johann Wolfgang von Goethe foi amigo próximo de Humboldt, 20 anos mais novo do que o autor de Fausto.
Os dois teriam se conhecido, em 1794, em Jena, onde morava Wilhelm, irmão mais velho de Humboldt. A cidade ficava a quase 25 quilômetros de Weimar, residência de Goethe, que costumava ter animadas conversas sobre ciências naturais com os Humboldt e o poeta e filósofo Friedrich Schiller.
Humboldt, o patrono
Conhecido por estudos em áreas como botânica, geologia e física, o alemão empresta seu sobrenome a diversas denominações, como o pinguim-de-humboldt e a gigantesca corrente de Humboldt, no oceano Pacífico.
Como lembra o Goethe-Institut, Humboldt dá nome também a 19 tipos de animais, 17 plantas, duas geleiras, oito montanhas e serras, um rio, dois asteroides, um mar lunar, uma cratera lunar, um aeroporto e incontáveis escolas.
Ídolo latino-americano
Humboldt era também um humanista e, após expedições na América Latina, se tornaria uma espécie de "herói do povo".
Entre as situações que chocariam o alemão estavam as condições de trabalho em minas do atual México, a escravatura ("o maior dos males") em nações do continente e os métodos opressores da Igreja católica com camponeses da etnia dos Chaima, na Venezuela.
Escrita comprida
De acordo com o Goethe-Institut, Humboldt escreveu 50 mil cartas, aproximadamente, o que nas contas do instituto significava uma média de duas por dia de vida.
Com base nas cerca de 13 mil cartas conservadas até agora, dá para afirmar que foram 2.500 remetentes e destinatários, como o venezuelano Simón Bolívar que, em uma delas, afirmou que o alemão era o "descobridor do Novo Mundo".
A ex-montanha mais alta do mundo
Quando Humboldt tentou escalar o Chimborazo, no Equador, em 1802, esse vulcão inativo a 6.310 metros de altitude era considerado a montanha mais alta do mundo.
Porém, a falta de instrumentos de escalada adequados e as condições climáticas impediram a pequena comitiva de chegar ao cume do vulcão, sobretudo depois que carregadores locais se recusaram a seguir na empreitada, já a 4.754 metros de altitude.
O escalador frustrado, porém, dava lugar ao cientista que passava a compreender a "teia da vida" conectada por "mil fios".
"Essa nova ideia de natureza, mudaria a maneira como as pessoas entenderiam o mundo", descreve a biógrafa Andrea Wulf.