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Vai viajar de avião? Cuidado com a trombose dos viajantes

Também conhecida como síndrome da classe econômica, é uma doença rara, porém muito subestimada

9 jul 2024 - 14h02
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O indicado, durante longas viagens de avião, é movimentar as pernas e até caminhar pela aeronave
O indicado, durante longas viagens de avião, é movimentar as pernas e até caminhar pela aeronave
Foto: iStock / Jairo Bouer

Julho e agosto são meses marcados pelas férias escolares de meio de ano no Brasil, e é nesse momento que muitas famílias aproveitam para espairecer viajando. Porém, se o trajeto for longo e a pessoa ficar sentada por muitas horas, isso pode ser danoso à saúde; principalmente para quem tem doenças vasculares. A preocupação maior é mesmo com a trombose, doença vascular potencialmente grave que, infelizmente, tem crescido. Segundo dados recentes da OMS (Organização Mundial da Saúde), estima-se que a trombose afete cerca de 1 em cada mil pessoas em todo o mundo.

Para entender como o longo período sentado durante essas viagens pode agravar os sintomas da trombose, a especialista em Cirurgia Vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) Carol Mardegan ressalta a importância da prevenção. Ela indica que buscar por acompanhamento médico é essencial. E, depois do diagnóstico, é muito importante que o paciente continue o tratamento. A prevenção também é igualmente necessária, evitar sobrepeso, consumo alto de álcool, tabagismo e colesterol alto são formas de se prevenir.

Afinal, o que é trombose?

Segundo a cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, para explicar a trombose, é necessário entender como funciona a circulação das pernas: o coração bombeia o sangue de alta pressão que vai irrigar todos os tecidos e depois esse sangue retorna para o pulmão pelo sistema venoso para ser oxigenado novamente.

Enquanto o coração é o grande protagonista do sistema arterial, a musculatura da panturrilha é o principal responsável pelo retorno efetivo do sangue para o pulmão. Dessa forma, é fácil imaginar que qualquer situação onde a panturrilha não funcione adequadamente vai piorar a circulação, diminuindo a velocidade do sangue dentro das veias.

Trombose é um termo que se refere à condição na qual há o desenvolvimento de um "trombo", um coágulo sanguíneo, nas veias das pernas e coxas (que entope a passagem do sangue). Existem situações onde o risco do sangue coagular (virar uma gelatina) dentro das veias aumenta, como lesão da veia, diminuição da velocidade do sangue e aumento da viscosidade sanguínea (o sangue fica mais grosso), explica Aline.

Síndrome da classe econômica

A trombose dos viajantes, ou também conhecida como síndrome da classe econômica, é uma doença rara, porém muito subestimada considerando que a trombose pode acontecer até horas após o voo, quando a pessoa já está no seu destino, seja a passeio, trabalho ou retorno para casa, explica Aline. E isso pode ser extremamente perigoso, alerta a médica.

Segundo ela, a viagem de avião aumenta esse risco porque permanecer muito tempo parado sem movimentar a panturrilha diminui a velocidade do sangue dentro dos vasos. Além disso, ela cita a pressurização da cabine e o ar-condicionado em geral, que causam uma desidratação com consequente aumento da viscosidade sanguínea (deixando o sangue mais grosso); também bebemos, em geral, pouco líquido para evitar visitas ao banheiro do avião, piorando a desidratação; algumas pessoas gostam de tomar um tranquilizante para dormir durante o voo (o que aumenta mais o imobilismo); e o uso de bebidas alcoólicas piora o quadro.

Aline conta que os dois primeiros itens já são motivos suficientes para aumentar os riscos. Porém, ela lembra que existem pessoas com agravantes individuais que as deixam mais vulneráveis, como dor na perna, obesidade, tabagismo, uso de hormônios (pílula anticoncepcional), portadores de qualquer tipo de câncer, portadores de trombofilias (doença do sangue que deixa maior predisposição a coagulação sanguínea) e qualquer condição que aumente a imobilização (gesso, deficientes físicos, fraturas), gestantes, idosos e portadores de varizes.

Os sintomas

A trombose, de acordo com Aline, geralmente vai se manifestar com um quadro de dor na perna, principalmente na panturrilha, associado a inchaço persistente, o que vai levar quase sempre à procura de ajuda médica. Em casos mais raros um pequeno coágulo pode se desprender e correr pela circulação até chegar ao pulmão, o que os médicos chamam de embolia pulmonar e pode causar dor no peito, tosse, cansaço e em casos mais graves a morte súbita.

Como aliviar os sintomas

Em longas viagens aéreas, Carol sugere algumas estratégias adicionais para aliviar os sintomas. Além de movimentar as pernas regularmente durante o voo, é importante usar meias de compressão elástica, que ajudam a estimular o fluxo sanguíneo. Também é recomendado evitar o consumo excessivo de álcool e se manter hidratado durante o percurso.

Aline concorda que algumas medidas muito simples podem evitar o quadro e deveriam ser hábitos rotineiros para todo viajante. Primeiramente, é indicado beber muito líquido e evitar medicações para dormir (elas diminuem sua mobilidade). Mas a dica principal é movimentar suas pernas enquanto estiver sentado e procurar andar pelos corredores a cada duas horas.

Caso o paciente tenha alguma das condições agravantes, o ideal é procurar um cirurgião vascular antes de viajar. Ele vai orientar se existe a necessidade do uso de meias elásticas durante o voo ou indicar uso de anticoagulantes em casos mais graves.

Existem meias elásticas de compressão 15-23 mmHG que não necessitam de receita médica e não apresentam contraindicação no uso, que são ótimas ferramentas para quem quer uma ajuda a mais para prevenir o quadro. São uma ótima opção para pacientes jovens, sem doenças associadas e que viajam com muita frequência. Sempre lembrando que se deve seguir as especificações de tamanho da meia e cuidar para que ela seja colocada de forma correta. O uso errado pode ser mais prejudicial que benéfico, finaliza Aline.

Jairo Bouer
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