Você é uma Pessoa Altamente Sensível?
Estudo mostra que essas pessoas podem ajudar a combater o estresse no ambiente de trabalho
Você é uma Pessoa Altamente Sensível (PAS)? Esse termo se refere não a um transtorno mental, mas a uma característica compartilhada por uma boa parcela da população, segundo a psicóloga norte-americana Elaine Aron, que escreveu vários best-sellers sobre o tema.
Pessoas Altamente Sensíveis (PAS) são conhecidas por sua sensibilidade elevada a estímulos externos, empatia extrema e necessidade de ficar num canto tranquilo e isolado, de vez em quando, para se recompor.
Sensibilidade e empatia
Um estudo recente feito no Japão destaca que essas pessoas tendem experimentar o estresse no ambiente de trabalho de forma única. Elas sofrem mais, porém também demonstram maior empatia, o que pode se reverter em benefícios potenciais para as organizações.
Em um estudo que será publicado no periódico Japanese Journal of Applied Psychology, pesquisadores da Universidade de Osaka revelaram que a pontuação de PAS está positivamente correlacionada com a pontuação de estresse no trabalho, mesmo após considerar traços de personalidade como otimismo e pessimismo.
Curiosamente, a pontuação de PAS também está positivamente correlacionada com a pontuação de empatia, sugerindo que sua sensibilidade aumentada permite uma conexão profunda com os outros, o que pode promover um ambiente de trabalho mais solidário.
Estresse no trabalho e alta rotatividade
O estresse no trabalho é reconhecido como uma causa importante de rotatividade elevada, insatisfação no trabalho, exaustão emocional, diminuição da produtividade e até suicídio.
No Japão, a rotatividade elevada entre os jovens no mercado de trabalho é uma grande preocupação. Compreender as diferenças individuais no estresse no trabalho é essencial para abordar o problema e definir estratégias direcionadas.
Os pesquisadores realizaram uma pesquisa online em fevereiro de 2022, envolvendo 296 adultos trabalhadores com 18 anos ou mais.
26% dos trabalhadores podem ser PAS
"Nossa pesquisa descobriu que pessoas altamente sensíveis no ambiente de trabalho tendem a sentir mais estresse, e aproximadamente 26% dos adultos trabalhadores podem ser classificados como PAS," afirmou o autor principal Tomohiro Ioku.
"Isso é surpreendente porque sugere que uma porção substancial da força de trabalho pode estar experimentando níveis mais altos de estresse."
Além disso, foi verificado que essas pessoas são mais empáticas com seus colegas, sugerindo que sua sensibilidade também permite uma conexão profunda com os outros, o que pode favorecer um ambiente de trabalho acolhedor.
Valor para as organizações
"Nossos achados indicam que, embora as PAS sejam mais suscetíveis ao estresse, seus altos níveis de empatia podem ser um recurso valioso para as organizações, especialmente em funções que exigem fortes habilidades interpessoais," explicou o autor sênior do trabalho Eiichiro Watamura.
Essas percepções têm implicações importantes sobre como os locais de trabalho podem ser projetados e gerenciados. O estresse no trabalho está frequentemente ligado a problemas como insatisfação no emprego, alta rotatividade e exaustão emocional.
Sistemas tradicionais de apoio, como programas de mentoria, podem não ser suficientes se não levarem em conta as diversas necessidades dos funcionários, especialmente as de pessoas altamente sensíveis.
Ambientes mais inclusivos
"Compreendendo as características únicas das PAS, as organizações industriais podem desenvolver ambientes mais inclusivos e de apoio," diz Ioku. "Isso poderia melhorar a retenção de funcionários e o bem-estar no local de trabalho."
Os pesquisadores esperam que suas descobertas incentivem novos estudos sobre os atributos positivos das PAS. Eles acreditam que fomentar um ambiente de trabalho que reconheça e apoie as características das PAS pode melhorar tanto a produtividade quanto a satisfação dos funcionários.
