Você está preparado para fazer constelação familiar? Conheça a abordagem terapêutica
A terapeuta transpessoal e consteladora, Juliana Lotumolo conta como surgiu a abordagem, quais são os benefícios e as formas que é feita
Você, provavelmente, já ouviu falar em constelação familiar, mas sabe o que é? Se não, tudo bem, pois chamamos a terapeuta transpessoal e consteladora, Juliana Lotumolo, para contar todos os detalhes de como surgiu, quais são os benefícios e as formas de realizar a abordagem terapêutica. Confira:
O que é a constelação familiar?
A definição da constelação familiar é uma abordagem terapêutica que envolve campos de energia. "Se fossemos traduzir literalmente do alemão, a palavra seria colocação. Resumidamente, é a oportunidade de nós, como seres energéticos, nos colocarmos dentro do sistema, com todo o potencial, no nosso lugar. Claro, olhando tudo o que veio antes para que possamos encontrar o fluir da vida que começou há muito tempo", inicia a especialista.
Como surgiu ?
Para entender melhor, primeiramente, é preciso saber como ela surgiu. "O grande criador, Bert Hellinger, bebeu de diversas fontes, desde o psicodrama, passando pela análise transgeracional, até a terapia familiar. Através desses estudos, ele viu que existem três leis que movem qualquer relacionamento e posicionamento na vida. Ele as chamou de 'Lei do Pertencimento', 'Lei da Hierarquia' e 'Lei do Equilíbrio entre o Tomar e o Receber'", detalha.
Quando essas leis estão em ordem, estamos no nosso lugar e ganhamos o fluir da vida. "Todos nós temos a capacidade de desenvolver e dar algo ao mundo, como uma habilidade. E, assim, chegamos ao nosso lugar. Porém, se não conseguimos fazer isso, é porque algo está emaranhado, alguma lei foi desobstruída. No caso de um campo das constelações familiares, é possível reverter este quadro", explica.
Para que serve a constelação familiar?
Por exemplo, é necessário se perguntar quem está faltando, se realmente está no lugar devido e se todos estão em seu coração. "Para você compreender, vou imaginar um caso. Na vida de uma pessoa, está faltando um pai. Aquele que, talvez, possa não ter sido o homem da mamãe. Desta forma, ele foi excluído por não ter sido o parceiro ideal. Por outro lado, ele sempre vai ser o pai. Não importa se ele não pôde estar presente ou não tenha sido o que sua mãe e sua criança queriam. Ele é o pai. E, quando conseguimos colocar o pertencimento de todos que estão ali, é possível preencher nosso coração", esclarece.
Outra alternativa pode ser com o irmão. "A pessoa não sabe que perdeu um irmão e acredita ser a primeira, a primogênita. Mas a mamãe teve uma perda, um aborto, de repente. Isso faz com que esteja fora do seu lugar como filho, já que pensa ser o primeiro, mas é o segundo. E a força da vida só vai encontrá-lo no seu lugar de segundo filho. Então, ao olhar, ao entrar no campo, podemos, sim, colocar luzes para que possamos enxergar quem está faltando e descobrir se é o lugar correto. E, com o coração preenchido por todos, e no seu lugar, você pode exercer a terceira lei, do dar e do tomar", demonstra.
Quais são os tipos de constelação familiar?
Saiba também que existem diversos tipos de constelação familiar, que vão desde só o corpo até usando objetos. "O constelador está preparado para estar neste campo, neste canal, neste vazio, para estar a serviço das informações do sistema que serão utilizadas. E há diversas formas para fazer a abertura deste campo. É possível usar âncoras, que são o próprio corpo. Então entra no campo usando tapetinhos ou pedaços de papeis coloridos. Ou também utilizar objetos, como bonequinhos, cristais e até cadeiras. Eu mesma já fiz constelações usando sapatos, porque era o que tinha ali naquele momento. Assim, pode ancorar as energias", afirma Lotumolo.
É possível fazer constelação familiar sozinho?
Sim. A constelação familiar pode acontecer em grupo ou de forma individual. "Neste último caso, é abordado um tema, uma dor, que será a chave para abrir a porta para as luzes entrarem. O constelador ajuda a elaborar este tema que, naquele momento, está bem latente. Quando este corpo entra no campo, é capaz de relatar - através de movimentos, sensações, de memórias e percepções - tudo aquilo que o campo pode dizer", clarifica.
Quando são mais pessoas, é possível fazer diversas representações dos campos. "Desta forma, através dos movimentos, o constelado tende a perceber algo que antes estava inconsciente. Então ele consegue expandir a consciência para aquilo que está por trás de toda a dor e dos medos. Há a opção de fazer exercícios sistêmicos também. É como se pegasse um recorte e fizesse um exercício em cima daquilo, permitindo que, por exemplo, todo o grupo vivencie o trazer o papai e a mamãe juntos ao coração. Quantos de nós, por separações, tivemos o nosso pai ou nossa mãe separados dentro do nosso coração? Isso separa as nossas forças internas", ressalta.
É possível fazer constelação familiar online?
O trabalho pode ser feito tanto online quanto presencial. "Com a pandemia, nós conseguimos verificar que este campo é atemporal, e não local, então ele pode ser acessado à distância. É tão lindo tanto quanto o presencial. Claro que pessoalmente, os representantes podem acabar se tocando. E aí, eu costumo dizer que o abraço, talvez, que você não recebeu da mamãe, pode vir naquele campo, e é muito emocionante", conta a consteladora.
Combo de terapias
Já que trata-se de uma terapia breve, Juliana aponta que é interessante que ela seja feita junto da psicoterapia. "Ela permite que você possa dar saltos quânticos no seu autoconhecimento. Mas é necessário o caminhar com o tratamento convencional, especialmente no caso de doenças, transtornos e incômodos. Isso porque você vai ver aquilo que é necessário, e o acompanhamento vai facilitar este processo", opina.
Quem não deve fazer constelação familiar?
Quem não está pronto, não deve fazer a constelação familiar, e quem dará o aval, será o constelador: "Como trata-se de uma abordagem terapêutica, requer que este eu, esta psique, esteja naquilo que nós chamamos da postura do adulto. É necessário ter a clareza de que eu estou aqui e agora para poder olhar o meu sistema na grandeza. Com isso, quem quer constelar deve passar por uma entrevista. Desta forma, o profissional sabe qual momento está sendo vivido e se há a disposição para adotar a postura do adulto para seguir para o caminho de solução".
"Então, se você me perguntar se qualquer um pode fazer a constelação? Não. Sendo assim, precisamos, sim, ter a responsabilidade, como consteladores, de olharmos este percurso que estão sendo feito, se realmente cabe esta abordagem agora. Assim como outras abordagens, que, talvez não seja o momento de fazer", conclui.