Com 18 milhões de moradores, favelas movimentam R$ 200 bi
Pesquisa mais recente do Data Favela mostra que 6 milhões de pessoas que vivem nessas comunidades sonham em ter negócio próprio
Uma pesquisa realizada entre os dias 6 e 13 de março pelo Data Favela aponta que atualmente, 17,9 milhões de brasileiros vivem em favelas, que movimentam mais de R$ 200 bilhões ao ano. Foram entrevistados 2.434 moradores de favela em todas as regiões do país.
O total de moradores de favela do Brasil só não supera a quantidade de pessoas em São Paulo e Minas Gerais, ou seja, seria suficiente para povoar um hipotético terceiro estado do país. O levantamento mostra ainda que o número de favelas dobrou na última década. Atualmente, são 13.151 mapeadas. A renda movimentada pela população cresceu R$ 12 bilhões em relação a 2022.
O levantamento mostra ainda que são cerca de 5,8 milhões de domicílios nas favelas brasileiras, com 5,2 milhões de empreendedores e outros 6 milhões que planejam ter um negócio próprio. A pesquisa mostra que 70% dessas pessoas pretendem ter um negócio dentro da própria comunidade em que vive.
Dos negócios existentes, apenas 37% são formalizados, ou seja, possuem o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).
“A favela é a concentração geográfica das desigualdades sociais e muitas vezes o morador não encontra no emprego formal a oportunidade para desenvolver toda sua potencialidade. O morador da favela só vai conseguir ganhar mais do que dois salários mínimos se empreender dentro da favela. Assim, pode usar o seu potencial e fazer com que o dinheiro das favelas fique dentro das próprias favelas”, diz Renato Meirelles, fundador do Data Favela.
Ele afirma que o crescimento da população nas favelas se dá pelo custo elevado, especialmente nas cidades grandes. Sem alternativa, as pessoas acabam procurando uma moradia mais barata."
"A favela cresceu, mas não só no aspecto populacional. Mas, sobretudo, no aspecto econômico e no poder de compra. Com isso, não me resta dizer outra coisa que não a Favela é potência", diz Celso Athayde, fundador do Data Favela.
Consumo
O mesmo levantamento mostra que entre a população de favela, 6,5 milhões de pessoas pretendem comprar um imóvel e 7,9 milhões querem comprar móveis para a sua casa. O principal sonho de quem mora em favela é ter uma casa própria (34%): são 38% entre as mulheres e 29% entre os homens.
Entre os planos dessa população está iniciar um curso profissonalizante (7,9 milhões), enquanto 5,6 milhões querem fazer um curso de idiomas.