Comerciantes têm obstáculos para manter lojas no Metrô de SP
Apesar da boa localização, empreendimentos em Itaquera, na zona leste, sofrem com aluguéis altos, pouca segurança e muita concorrência
Ter um estabelecimento em uma estação de Metrô parece ser um bom negócio por causa da localização privilegiada e do alto fluxo de pessoas. Para alguns empreendedores, no entanto, o valor elevado do aluguel, a falta de segurança no entorno e a concorrência são alguns dos obstáculos enfrentados para se manter com as portas abertas.
Aos 50 anos, a empreendedora Ana Paula Lima administra uma frutaria dentro do terminal de ônibus do Metrô Itaquera, na zona leste de São Paulo. Há 18 anos a loja está no mesmo local, que também faz conexão com as linhas 3 do Metrô e 11 da CPTM e com um shopping.
Só que manter o negócio dentro da estação tem sido sinônimo de resistência. “Hoje, para ter um comércio como o meu, é preciso ter ‘sangue no olho’. As pessoas desistem por causa das [altas] taxas de aluguéis, e o que a gente paga não condiz com o que recebe em quesito de segurança”, diz a moradora do Parque Primavera, em Guarulhos, na Grande São Paulo.
Segundo ela, a mudança dos administradores, sob responsabilidade do Shopping Metrô Itaquera, tem contribuído para a desistência de parte dos empreendedores.
“Meu diferencial é que só eu trabalho com esse tipo de produto aqui na estação. Vendo sucos de frutas, saladas, vitaminas e faço suco detox porque tem uma academia por perto e meus clientes vêm direto aqui”, explica.
Assim como Ana Paula, a empreendedora Mayara Santos, 30, moradora da Vila Curuçá, também na zona leste, mantém um negócio de cosméticos há seis anos na estação de Itaquera.
“Estar na estação de Metrô é ótimo, porque o cliente acaba passando aqui direto do trabalho. É fácil e acessível”, relata ela, que já manteve um estande na estação Suzano da CPTM.
Apesar disso, Mayara menciona o fato de o local ter muitas pessoas em situação de vulnerabilidade social. E que isso, em alguns momentos, afasta a clientela. “Eles se assustam quando tem pessoas pedindo [esmolas, dinheiro], infelizmente, e é um fator que inibe os clientes.”
Karen Cristina, 23, é atendente em um box de salgados e afirma que, apesar da alta demanda no setor de alimentos, tem visto estabelecimentos fechando as portas.
“Comida compensa muito, todo mundo vai comer e beber. Mas os comércios aqui têm fechado devido aos aluguéis. [A cafeteria onde eu trabalho] está abrindo lojas em outros lugares, só aqui na estação eram três, mas essa será fechada nas próximas semanas”, conta a moradora do Itaim Paulista, ainda na zona leste.
Essa é a mesma percepção de Rosana Cordeiro, 26, funcionária de um quiosque de acessórios para celulares. “Aqui ao lado tinha outra loja de itens de celular, mas fechou esses dias. Acho que faliu”, diz a também moradora do Itaim Paulista, que lamenta a falta de fiscalização e segurança no entorno.
De acordo com dados do Metrô de São Paulo, existem aproximadamente 76 lojas distribuídas em 18 estações. O comércio localizado nas dependências da Companhia, bem como seus respectivos terminais de ônibus, representa uma receita não tarifária de R$ 47 milhões, o que equivale a 5% da receita total, além de gerar emprego e renda para a população.