Conheça o 7 Notas, estúdio criado por jovens empreendedores de Paraisópolis
Projeto tem o propósito de revelar as potencialidades de artistas, MCs e produtores locais
Localizado em Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo, o estúdio 7 Notas é um empreendimento dedicado à indústria fonográfica local. A ideia nasceu a partir da inquietação dos jovens Glória Maria, Mike Johnnatan e Mateus Almeida.
Eles uniram forças para fortalecer os artistas de quebrada, desenvolvendo um programa de formação focado no crescimento musical. Paraisópolis, em especial, é um território reconhecido por seus movimentos culturais, como o famoso baile da DZ7 e do Bega, que atraem especialmente o público jovem de diferentes localidades de São Paulo e até mesmo de outros estados.
O projeto oferece um espaço equipado com os recursos necessários para produção, abordando em aula temas como identificação de beats, criação e estruturação musical, dinâmica, flow e muito mais.
Ao final de cada formação, os artistas produzem um EP coletivo, que pode ser conferido no canal do YouTube do estúdio. As turmas são abertas mensalmente. Pessoas a partir de 14 anos, moradores de Paraisópolis, Real Parque, Jardim Colombo, Pinheiral e redondezas podem se inscrever.
Anunciado na última quinta-feira (28), o estúdio 7 Notas firmou uma parceria com a Canguru Records, selo da Universal Music Brasil. Agora com uma filial, a Canguru Paraisópolis, a gravadora musical realizará eventos, produções audiovisuais e outras atividades, fornecendo espaço para novos artistas da música urbana.
Quem estará à frente da gestão local é a jornalista, produtora audiovisual e co-fundadora do estúdio 7 Notas, Glória Maria. "Como uma organização de produção fonográfica, estamos honrados em fazer parte desta parceria, escrevendo nossas próprias músicas e narrativas", diz Glória.
Ecossistema único: cultural e socioeconômico
Paraisópolis tem um grande potencial econômico. Anualmente, a comunidade movimenta cerca de R$ 738 milhões em 14 mil estabelecimentos comerciais. Esses números evidenciam o impacto econômico local, onde empreendedores culturais encontram oportunidades nos bailes, forrós, pagodes e outros eventos que ocorrem na região.
Considerando o potencial de expansão desse ecossistema socioeconômico único, a Canguru Paraisópolis busca maneiras de gerar uma moeda forte em torno dos artistas locais. Apenas em 2022, a indústria musical brasileira gerou R$ 2,5 bilhões, de acordo com o relatório da Pró-música, uma associação de produtores fonográficos associados.
Conscientes do poder da música em conectar pessoas, os fundadores do estúdio 7 Notas tem o propósito comum de revelar as potencialidades de artistas, MCs e produtores locais. A segunda maior periferia de São Paulo carece de investimentos culturais por parte do poder público e privado, mas seus jovens talentos afirmam que Paraisópolis é o “Patrimônio Cultural da Juventude Periférica”.