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Conheça o Morro da Babilônia, onde o turismo gera renda

Localização privilegiada favorece a atividade. Empreendimentos de moradores empregam população local e giram a economia

7 set 2023 - 05h00
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Com vistas para locais do Rio de Janeiro conhecidos internacionalmente, Morro da Babilônia tem forte empreendedorismo turístico
Com vistas para locais do Rio de Janeiro conhecidos internacionalmente, Morro da Babilônia tem forte empreendedorismo turístico
Foto: Bert/Flirck

No imaginário popular, o nome Babilônia é associado aos Jardins Suspensos da Babilônia, que supostamente ficavam onde hoje é o Iraque, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Na favela com o mesmo nome, no Rio de Janeiro, mostrar as belezas e realidades locais gera renda em empreendimentos de turismo, fortes no morro, entre outras iniciativas empreendedoras dos moradores.

A explicação principal para a força do turismo é a localização privilegiada. O Morro da Babilônia está entre os famosos bairros da Urca, Leme, Botafogo e Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Seus itinerários e trilhas levam a vistas maravilhosas como a do Pão de Açúcar, Cristo Redentor e praia de Copacabana.

Edson Vander, mais conhecido como Eddie, 42 anos, cria do Morro da Babilônia, é guia na favela. Atua há 24 anos como freelancer em diferentes agências. Para ele, o mais importante é falar para os turistas sobre os pontos positivos: ações de reflorestamento, energia solar, alimentação com comida orgânica.

Edson Vander, 42 anos, cria do Morro da Babilônia, é guia turístico. Atua há 24 anos para mostrar aspectos positivos e histórias dos moradores
Edson Vander, 42 anos, cria do Morro da Babilônia, é guia turístico. Atua há 24 anos para mostrar aspectos positivos e histórias dos moradores
Foto: Divulgação

“A minha proposta não é só levar o turista no Mirante. Não, cara; vamos andar pela favela, escutar um pouquinho sobre as pessoas, falar da história, das narrativas dos mais velhos”, explica Eddie.

Se não há livros escritos sobre o Morro da Babilônia, ele conserva suas narrativas nas memórias dos moradores. Trata-se de um turismo que valoriza a experiência e a escuta de quem tem o que dizer.

Contornando as barreiras

Além das inúmeras histórias para contar e ouvir, a paisagem natural é um trunfo do Morro da Babilônia, cenário de inúmeras locações audiovisuais, como a franquia Tropa de Elite. As produções atraem turistas, principalmente estrangeiros.

Isso gera emprego e renda para trabalhadores como Leonardo Dester, 35 anos, guia de turismo no Projeto Amastour Turismo de Favela. Todos que trabalham no empreendimento são moradores do Morro da Babilônia e recebem formação no Projeto. Um dos valores praticados é a preservação da natureza, um patrimônio local, como o Parque Natural Municipal Paisagem Carioca.

Coletivo Inclusão, em parceria com o Projeto Amastour, leva pessoas com deficiência para fazer passeios turísticos no Morro da Babilônia
Coletivo Inclusão, em parceria com o Projeto Amastour, leva pessoas com deficiência para fazer passeios turísticos no Morro da Babilônia
Foto: Divulgação

Para vencer as subidas e tortuosidades inevitáveis do morro, os guias promovem a acessibilidade em uma parceria com o Coletivo Inclusão, para levar pessoas com deficiências físicas aos pontos turísticos.

Leonardo Dester cita algumas barreiras de locomoção, como as obras do Morar Carioca. “Na minha opinião, o que as obras deixaram a desejar foram os corrimões nas escadas, que facilitariam a locomoção das pessoas de mais idade”.

Rodas de samba geram renda

Além do turismo, o Morro da Babilônia é palco para muita cultura. O Coletivo Independente Família Campinho, mais conhecido como Família CMP, é um grupo musical que promove eventos, especialmente rodas de samba, mas também campeonatos de pipas e festas beneficentes para crianças.

Tiago de Jesus Severo, construtor, trabalha como apoio de som nas rodas de samba do coletivo CMP. Segundo ele, “o objetivo é promover a melhoria do local e ajudar as famílias que têm barracas. Estamos no terceiro evento, está sendo produtivo, ajudando na renda de pessoas que vendem diferentes tipos de alimentos. Está girando a economia do bairro”.

Coletivo Independente Família Campinho, a Família CMP, promove shows e eventos culturais que geram renda no Morro da Babilônia
Coletivo Independente Família Campinho, a Família CMP, promove shows e eventos culturais que geram renda no Morro da Babilônia
Foto: Divulgação

Favela Orgânica: projeto local com mão de obra do morro

Além do turismo, há outros tipos de empreendimentos, como a Favela Orgânica, idealizada pela chefe de cozinha Regina Tchelly. Ela emprega diversos moradores do Morro da Babilônia. O projeto tem muitas frentes, como uma horta própria, restaurante e um livro aberto de receitas, que são escritas nos muros da favela. Elas colorem as ruas, incentivam a alimentação saudável e o não desperdício de alimentos.

O projeto é destaque em diversos prêmios. Entre outros, conquistou duas vezes o primeiro lugar na categoria de comunidades do Brasil no Prêmio Aliança Empreendedora, em 2013 e 2015. . A chefe de cozinha Regina Tchelly conta que “um dia quis tirar esse projeto dos meus sonhos e concretizá-lo. Juntei algumas mães da comunidade, fizemos uma vaquinha de cento e quarenta reais e realizei a minha primeira oficina. Não parei mais”.

Mutirão do Favela Orgânica para plantar verduras e legumes no Morro da Babilônia: geração de renda sem desperdício de alimentos
Mutirão do Favela Orgânica para plantar verduras e legumes no Morro da Babilônia: geração de renda sem desperdício de alimentos
Foto: Divulgação
ANF
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