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Conheça os empreendedores do Bairro da Divinéia, em São Luís

Funcionando de domingo a domingo em vários metros da avenida Brasil, Feira do Mangueirão movimenta economia local

5 jan 2024 - 05h00
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Avenida Brasil e a Feira do Mangueirão, no Bairro da Divinéia, em São Luís. Funcionamento de domingo a domingo
Avenida Brasil e a Feira do Mangueirão, no Bairro da Divinéia, em São Luís. Funcionamento de domingo a domingo
Foto: Samária Passos/ANF

O bairro da Divinéia é uma das diversas periferias da cidade de São Luís, capital do Maranhão. Das muitas que foram atropeladas pelo processo acelerado de construção da cidade, o bairro da Divinéia também passou por uma formação cheia de desafios, sem infraestrutura de saneamento e população desassistida pelo poder público. O bairro surgiu na década de 1970, fruto de uma ocupação espontânea.

Ao redor da Divinéia está a Vila Luizão e Vila Alonso Costa. Suas feiras são tradicionais e movimentam a economia local, como a Feira do Mangueirão, funcionando de domingo a domingo. Ela surge e sobrevive a partir da articulação dos moradores, suprindo necessidades emergenciais do dia a dia.

As questões estruturais podem ser um grande problema. Mas o que não falta é determinação dos empreendedores. Na Feira do Mangueirão tem alimentos, armarinhos, lojas de roupas, pet shop, mercadinhos e, hoje em dia, algumas lojas de roupa de maior porte.

A Feira funciona por metros e metros da Avenida Brasil, reunindo histórias e diversidade. Não é apenas um local de comércio, mas um ponto de encontro para os moradores, onde as tradições se entrelaçam com as novas tendências.

Carlos Alberto, relojoeiro da Feira do Mangueirão, aprendeu a profissão com irmão e nunca mais parou
Carlos Alberto, relojoeiro da Feira do Mangueirão, aprendeu a profissão com irmão e nunca mais parou
Foto: Samária Passos/ANF

Por se formar em meio a uma das principais avenidas do bairro, é comum os pedestres, ciclistas, carros e motos dividirem o espaço da rua com as barracas.

Vidas e histórias da Feira do Mangueirão

Seu Carlos Alberto tem uma banquinha na feira há 22 anos. Ele vende e conserta relógios. Aprendeu a profissão, da qual muito se orgulha, com o irmão. “Eu trabalhava com outro tipo de venda, um irmão meu trabalha com isso aqui, há bastante tempo mesmo. Aí eu pedi para ele me ensinar, porque eu admirava muito o trabalho. Amo minha profissão.” 

A querida Diva, como é conhecida na feira, vende camarão junto com marido, pela manhã. No período da tarde, um cafezinho recheado de afeto. Vinda do interior do Maranhão, Diva buscou na capital uma esperança de vida melhor. Por meio do seu empreendimento consegue, junto com o companheiro, manter a família.

Diva trabalha o dia inteiro na Feira do Mangueirão: vende camarão pela manhã e, de tarde, um cafezinho recheado de afeto
Diva trabalha o dia inteiro na Feira do Mangueirão: vende camarão pela manhã e, de tarde, um cafezinho recheado de afeto
Foto: Samária Passos/ANF

“Trabalho há vinte anos aqui. Sustento minha família e até agora está dando certo. A gente não faz é guardar dinheiro, mas sobrevive: almoça e janta todo dia daqui.” 

 A vinda para a capital, em busca de melhor qualidade na educação para os filhos, tem dado certo. O maior orgulho “é ver meus filhos tudo grande, criado, já tem os netos também, está tudo ok, a partir do meu empreendimento daqui, do meu trabalhozinho”, conta Diva.

Tem de tudo na loja do seu Edmilson

Sabe aquele cara gente fina, educado e prestativo que encontramos nas feiras de qualquer lugar do Brasil? Esse é seu Edmilson. Na loja dele tem de tudo: panelas, espremedor de alho, cordas, tapetes e, quando pergunto sobre seu empreendimento e onde trabalhava antes, responde que passaria o dia falando e ainda faltaria o que contar.

Há 40 anos na Feira do Mangueirão, seu Edmilson começou a trabalhar muito jovem. Não conseguiu finalizar os estudos, mas se orgulha de saber administrar o empreendimento sozinho. E ainda deixa um recado: se administrar mal, não há comércio bom.

Edmilson Brandão na Feira do Mangueirão, Bairro da Divinéia, São Luís. Sem administrar direito, negócio não vai pra frente
Edmilson Brandão na Feira do Mangueirão, Bairro da Divinéia, São Luís. Sem administrar direito, negócio não vai pra frente
Foto: Samária Passos/ANF

A pandemia foi um desafio para o empreendedor, por ser obrigado a trabalhar meio período e suportar a diminuição no fluxo de vendas. Edmilson teve que dispensar seu funcionário, mas está cheio de planos para 2024. Ele brinca dizendo que “nesse momento eu sou o patrão e o funcionário completo”.

Mesmo com as adversidades e os desafios, o recado de esperança é sempre uma nova chama para os empreendedores de Feira do Mangueirão, que buscam, no corre do dia a dia, sem romantização, uma motivação. Na labuta do viver, ter saúde para correr atrás é uma vitória, como bem sabe Edmilson. 

“Estou vencendo, trabalhando, de domingo a domingo, não tenho problema nenhum com saúde, então isso, para mim, são vitórias.”

ANF
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