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Conheça três histórias de negócios na periferia de Recife

Repleta de empreendimentos, rua principal do Alto Santa Isabel é uma ladeira que une os bairros Monteiro e Casa Amarela

20 out 2023 - 05h00
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Escadaria do Alto Santa Isabel, na periferia de Recife, onde empreendedorismo culinário atrai moradores locais e visitantes
Escadaria do Alto Santa Isabel, na periferia de Recife, onde empreendedorismo culinário atrai moradores locais e visitantes
Foto: Suellen Barbosa/ANF

O Alto Santa Isabel, na zona norte do Recife, tem locais com o mesmo nome, como a Paróquia de Santa Isabel, todos em homenagem a uma rainha de Portugal. A comunidade é formada por ruas, ladeiras, becos, vielas e escadarias, que abrigam desigualdades e dificuldades estruturais causadas pela falta ou ineficiência de políticas públicas, mas também é berço de muita cultura, fé, solidariedade e empreendedorismo.  

O Alto Santa Isabel é berço de dois dos maiores blocos de carnaval da região, Sobe e Desce e Deixa Falar, que sempre arrastaram uma multidão de foliões ao desfilar com trios elétricos, orquestras e freviocas – espécie de trio elétrico pequeno, que leva uma orquestra.

Em época de festas juninas, os arraiais se formam no entorno da comunidade e animam a população com desfiles de quadrilhas. Na rua principal, é possível encontrar terreiros, igreja católica e evangélica. Projetos sociais de esportes, cultura e empreendedorismo também fazem parte da identidade da comunidade.

A forma mais comum e acessível de chegar ao Alto Santa Isabel é através da linha de ônibus homônima, número 521. Ela percorre as principais ruas e avenidas da zona norte do Recife, tendo como ponto inicial e final a Rua Alexandrino, informalmente conhecida como a “rua do terminal”. É uma área de forte comércio com mercadinhos, bares, lanchonetes, entre outros empreendimentos.

Beth’s Pizzas e Lanches

Perto da Rua Alexandrino funciona a Beth’s Pizzas e Lanches. O endereço abriga a residência e o negócio da família de Elizabete Bezerra, 63 anos. “Minha mãe começou com a lanchonete, mas por ela ser analfabeta, senti que estava com dificuldade. Foi quando tomei a iniciativa de ajudá-la”, relembra a filha.

Elizabete Bezerra, da Beth’s Pizzas e Lanches, dona de um dos negócios mais antigos do Alto Santa Isabel. Maionese caseira, famosa, é motivo de orgulho
Elizabete Bezerra, da Beth’s Pizzas e Lanches, dona de um dos negócios mais antigos do Alto Santa Isabel. Maionese caseira, famosa, é motivo de orgulho
Foto: Anderson Gonzaga

O negócio cresceu. São três funcionários e a filha de Elizabete, responsável pelas redes sociais e pelo atendimento das plataformas de delivery. O comércio é um dos mais antigos do Alto Santa Isabel, existe há 35 anos. “Aqui atendemos pessoas que vinham crianças, na companhia dos pais, e hoje são adultos que chegam com suas famílias e amigos”, comemora Elizabete.

Assim como em vários rolês periféricos, o boca a boca sempre foi a estratégia de divulgação mais utilizada. “Os clientes sempre voltam e trazem outras pessoas para conhecer a famosa maionese caseira”, motivo de orgulho para Elizabete.

Espetinho da Idria

Para auxiliar no sustento da família, o empreendedorismo por necessidade foi a alternativa encontrada pela agente de saúde Idria Flávia da Paixão Nunes da Cunha, de 48 anos. Apesar da renda como funcionária pública, ela mantém o comércio de espetinhos, atendendo em frente à sua casa, que, por sua vez, está diante do Conselho de Moradores do Alto Santa Isabel.

A ideia de empreender veio em um momento de muitos desafios na vida de Idria. Mãe solo de um bebê com menos de um ano, endividada, deprimida, ela precisava se reerguer. “O pós-parto e a separação foram muito difíceis. Comecei a pensar em algo para me ajudar financeira e mentalmente. Pensei em trabalhar por conta própria na área de alimentação, ramo que sempre me interessou”, conta Idria.

Espetinho da Idria é conhecido no Alto Santa Isabel, na periferia do Recife. Empreendimento começou após momento difícil da vida de Idria da Cunha
Espetinho da Idria é conhecido no Alto Santa Isabel, na periferia do Recife. Empreendimento começou após momento difícil da vida de Idria da Cunha
Foto: Anderson Gonzaga

A empreendedora é auxiliada por duas sobrinhas, que montam os espetinhos, enquanto ela compra ingredientes, tempera, assa e atende. “É um trabalho muito cansativo, mas vale a pena. Perceber clientes fiéis é muito bom. Receber elogios pelo sabor do produto que é feito por mim, é gratificante. E saber que através desse trabalho eu consigo sustentar sozinha o meu filho de onze anos, é motivo de muito orgulho.”

Bistrô do Alto

Com quase um ano de existência, o restaurante Bistrô do Alto, localizado no topo de uma das escadarias que dão acesso ao Alto Santa Isabel, vem crescendo com uma proposta de turismo periférico. O Bistrô caiu nas graças da comunidade e de pessoas que não vivem a realidade local, mas querem conhecer o território e curtir a culinária. 

O negócio foi idealizado pela culinarista Angélica Nobre, que conta com o auxílio dos filhos Iury e Mariana. A casa da família passou por uma reforma para se tornar o Bistrô do Alto.

Angélica Nobre e seus filhos Iury e Mariana. Eles reformaram a casa para abrirem o Bistrô do Alto, investindo no turismo periférico
Angélica Nobre e seus filhos Iury e Mariana. Eles reformaram a casa para abrirem o Bistrô do Alto, investindo no turismo periférico
Foto: Suellen Barbosa/ANF

Jaqueline Dias é moradora do Altos Santa Isabel e foi conhecer o Bistrô recentemente. Ficou satisfeita com uma experiência diferente em sua própria comunidade. “Moro aqui, bem pertinho, mas só consegui conhecer o restaurante há pouco tempo. Adorei o clima, a comida e o atendimento”, resume a cliente.

ANF
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