Ice Blue quer ampliar mercado de óleo de maconha no Brasil
Rapper abre empresa nos Estados Unidos, de onde envia o canabidiol, ou CBD, a preço baixo para consumidores brasileiros
Em entrevista exclusiva, Ice Blue conta como funciona a Blue Pharm, que oferece óleo de cannabis medicinal com entrega em casa a preços acessíveis, para pessoas de baixa renda. Plataforma virtual encaminha burocracia, começando pela consulta médica. Rapper conta que, além de clientes, médicos que querem prescrever CBD têm procurado empresa.
O rapper Ice Blue, do Racionais MCs, quer redefinir os rumos do mercado de cannabis medicinal no Brasil com o lançamento da Blue Pharm. A empresa vende óleo de maconha, ou CBD full spectrum, com alta concentração, a partir de R$ 290,00 mensais.
Através de um programa de saúde acessível, fornece o CBD na quantidade que o paciente precisar, com entrega em casa, para MEI e beneficiários do Bolsa Família – estes pagam menos, R$ 199,00 mensais. Todo o processo, da consulta médica à documentação, é realizado pela plataforma virtual da empresa.
A Blue Pharm tem cerca de 50 funcionários diretos e indiretos. Funciona nos Estados Unidos, com produção no Colorado e sede na Flórida. Trata-se de uma empresa norte-americana, de propriedade brasileira, que vende canabidiol ao mercado nacional.
O CBD vem sendo usado para tratar convulsão, depressão, autismo, Parkinson, artrite, artrose, entre outras doenças. Mas o preço e a burocracia dificultam ou mesmo impedem a realização do tratamento por pessoas de baixa renda.
O negócio de Ice Blue é viabilizado pela resolução número 660 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2022. Ela define os critérios e os procedimentos para a importação do produto derivado de cannabis por pessoa física, para uso próprio, mediante prescrição de profissional legalmente habilitado, para tratamento de saúde.
Em entrevista exclusiva ao Visão do Corre, Ice Blue conta como concebeu a empresa, as soluções tecnológicas, o apelo social e de saúde, mas, estratégico, não revela tudo, como o valor investido. Também não conta a surpresa que virá na caixa com o óleo. “Quando as pessoas começarem a receber, vocês vão saber”.
Como começou seu interesse pelo CBD?
Eu fiquei um tempo Califórnia, um pouco antes da pandemia, meus amigos me chamaram para ir em lugares de plantio, extração, laboratórios, e vi um puta mercado acontecendo nos Estados Unidos. São caras que iam ficar sem grana, como o Mike Tyson, que foi salvo pelo investimento em canabis. Isso foi despertando meu interesse. Aí eu falei: já tenho fama de maconheiro, vivo aparecendo nos vídeos fumando, por que não entrar no negócio?
Mas o óleo enfrenta o preconceito, assim como a maconha.
A mente do Brasil é muito fechada, mas é um negócio que, com certeza, a gente tem um mercado muito grande. Vai conseguir ajudar muita gente, quem vende cobra caro, e falta conhecimento. Mas como a gente tem essa chancela de uma parte periférica, de pessoas que ouvem o que a gente fala, com um produto desses a gente quebra o bloqueio, quebra o preconceito.
Conta mais sobre sua experiência nos Estados Unidos.
Eu fui conhecer toda a cadeia, como poda, como produz, como faz extração, fiquei entendendo toda a parada, o que é CBD, o que é THC. Consegui entender e captar dos caras que plantam e colhem, que estão realmente no meio. Eu fiquei seis meses direto, depois fiquei mais três meses.
Se não fosse a pandemia, o negócio teria surgido antes?
Eu assimilei todo esse processo durante a pandemia. Depois, quando as coisas voltaram, tive que fazer show e ganhar dinheiro para fazer o investimento. Mobilizei um time de caras que têm expertise dentro do mercado, juntamos minha ideia e a experiência deles em tecnologia, e decidimos investir nessa parada, graças a Deus.
Apesar do aprendizado gringo, a solução tecnológica foi brasileira?
A tecnologia é nacional, essa rapaziada são caras que compram criptomoedas, entendem de tecnologia. Nas conversas vimos que dava para acoplar todo esse bagulho dentro do sistema de tecnologia, num site, desde consulta, liberar receita, ter autorização, acesso ao remédio. Tudo isso foi tudo criado com tecnologia brasileira.
É a telemedicina.
É, a gente faz um processo que o médico consegue prescrever pela internet. Os caras estão usando a medicina virtual, então a Blue Pharm começa a abrir a mente para isso também, quebra outro paradigma.
O ponto central do negócio é a tecnologia?
Nosso grande ganho é tecnologia, facilitamos todo o processo de importação, encurtamos o caminho tanto pro médico, quanto para o medicamento. O que demoraria vinte dias, demora vinte minutos. A gente não é única empresa no mercado, mas é a que mais facilita.
Como está sendo a reação dos médicos?
A gente ficou até surpreso, tem médicos procurando a gente para colaborar. Tem vários médicos que querem prescrever, mexe no mundo dos médicos, essa é a medicina do futuro. Os médicos estão embarcando, estamos fazendo treinamentos, é como se fosse um Uber de médico. Pelo aplicativo, ele consegue entrar, atender o paciente e prescrever de onde estiver, com horário flexível.
Que história é essa de surpresa na caixa do medicamento?
Vem, mas ainda não dá pra falar, as primeiras caixas ainda não foram entregues.
Quanto foi investido?
Não gostaria de falar de valores, é uma questão estratégica, tem outras empresas no mercado, mas é um investimento considerável. Não é um processo barato, nesta primeira instância ainda não tem um volume grande de vendas. Mas vai ser o produto mais barato do mercado, vamos obrigar o mercado a ser mais barato do que nós, sendo que eles não vão conseguir, e quando chegar no nosso preço, nós temos estratégias para abaixar de novo.