Palestra na Feira Preta explora significados da prosperidade
Valorizar o trabalho, procurar conhecimento e saber dar preço são caminhos para estabelecer o empreendimento
Palestra discute como promover prosperidade no empreendedorismo e nos investimentos de pessoas negras, sobretudo mulheres. Entre as principais orientações, pensar grande, cuidar das finanças e conhecer os números do negócio, além de não ter medo da tecnologia e pensar coletivamente.
Há uma tecnologia ancestral que precisa ser recuperada; é fundamental perder o medo do dinheiro e saber se valorizar. Essas são as principais orientações das palestrantes da roda da discussão Prosperidade Preta: Finanças para Empreendedores, na Feira Preta, em São Paulo.
A influenciadora Nath Finanças, mediadora, provocou as convidadas sobre prosperidade, felicidade, as dores de empreender, o acesso a investimentos, tecnologia e ao mundo financeiro.
Empreendedor é diferente de empresário
Gabriela Chaves, CEO da NoFront-Empoderamento Financeiro, considera que “o sentido da prosperidade preta é coletivo. Não posso comer filé e minha família comer salsicha”, diz.
Perguntada sobre as dores de empreender, ela aponta o capital inicial como a maior dificuldade. E faz uma diferenciação importante. “Ficou comum chamar tudo de empreendedorismo. Precisamos entender a diferença entre empreendedor, empresário e comerciante”.
Segundo Gabriela Chaves, empreendedor procura soluções para problemas existentes; empresário administra um negócio estabelecido. “É complicado chamar o dono de um banco de empreendedor. Não dá para colocar todo mundo na caixinha do empreendedorismo. O que separa essas duas pessoas é capital”, resume.
Valorizar as técnicas ancestrais
Dina Prates, profissional financeira com sete anos de experiência em empresas privadas e públicas, reforçou que, ao contrário da narrativa de pobreza, a história do povo preto é de prosperidade.
“Temos que multiplicar as nossas técnicas ancestrais. A construção de prosperidade está na perspectiva de realizar sonhos, mas nunca realizamos sonhos sozinhos”, diz.
Ela insiste na desmistificação dos negócios, a começar pelo vocabulário usado para falar de finanças. “Às vezes, o que precisa, é um processo de tradução, que é o que a gente vem fazendo”.
Não se contentar com pouco
Mari Ferreira, criadora de conteúdo no Tostão Furado, lembra da sua origem muito pobre. “Às vezes, a gente pensa que a nossa condição de vida é a de falta, mas a educação financeira é uma saída. Eu só me senti feliz o dia que eu enchi a geladeira de casa”, contou.
Porém, alertou: quando se tem muito pouco, o mínimo realiza, mas é preciso querer mais. “Eu senti a necessidade muito grande de seguir crescendo e levar outras pessoas comigo”, disse Mari Ferreira.
Segundo ela, é preciso perder o medo do dinheiro e não deixar a noção de miséria impedir o sonho e efetivo crescimento no empreendedorismo.