Cantor do Jabaquara faz releituras de clássicos nacionais no estilo soul music
Com 27 anos de carreira, cantor nascido na Vila Guarani, na zona sul, já tocou no EUA e organizou um baile para artistas negros
Em carreira solo ou em parceria com a família, o cantor e compositor Fernando Ébano, 44, tem tocado projetos e conquistado o público com releituras e arranjos de sucessos da música brasileira.
Clássicos da MPB, como “Mama África”, de Chico César, ou do samba, como “Não Deixe o Samba Morrer”, de Alcione, são algumas das canções que ganharam versões no estilo soul music nas performances do artista.
“O soul music é uma característica do meu trabalho, amo fazer essas releituras”, diz o cantor nascido e criado na Vila Guarani, distrito do Jabaquara, na zona sul de São Paulo.
No Instagram, com os irmãos cantores Jéssica e Léo Ébano, criou o projeto Família Ébano, dedicado à produção de arranjos vocais para sambas e pagodes. A página com mais de 59,4 mil seguidores tem surpreendido o artista, que também é produtor cultural.
“Fizemos um vídeo da música 'Alucinado', do Grupo Doce Encontro, e no mesmo dia bateu 20 mil views. Não imaginava que conseguiríamos ter esse alcance, agora o vídeo está com mais de 560 mil”, comemora.
Morando atualmente no Tucuruvi, na zona norte da cidade, Fernando conta que aprendeu na adolescência, na zona sul, a apreciar músicas das escolas de samba com os tios. “Minha tia comprava discos de vinil e tinha um acervo. Gostava também de ouvir as canções dos anos 1970 e cantá-las.”
Aos 13 anos, participou do concurso da Corte Mirim do Carnaval de São Paulo. Foi passista mirim desfilando em escolas de samba. Depois, foi convidado para fazer um teste no grupo Toca do Coelho, um conjunto infantil de samba. Mas como estava prestes a completar 14 anos, não conseguiu ingressar.
Fez participação no bloco “Me Engana que Eu Gosto”, e cantava sambas antes da chegada do intérprete oficial. “Percebiam em mim um tom afinado para cantar os sambas antigos, isso animava o público”, diz.
O artista morou nos EUA por 13 anos, onde chegou a trabalhar como percussionista na turnê do cantor Pee Wee, fez apresentações em bares com a comunidade brasileira e também atuou como produtor musical.
“Passei a produzir músicas para a plataforma Sound Collection junto com outros produtores. E montei um home studio na minha casa”, conta.
Durante a pandemia de covid-19, enquanto ainda residia nos EUA, participou de lives de artistas brasileiros como Teresa Cristina e do influenciador Roger Cipó. Fernando apresentou seu repertório como músico, conquistando visibilidade e seguidores nas redes sociais.
A partir dessas apresentações, surgiu a ideia de criar a live do Baile do Ébano, com o propósito de abordar questões raciais e afetivas relacionadas à comunidade negra.
Em maio deste ano, conseguiu organizar o primeiro Baile do Ébano presencial, que reuniu artistas negros, cantores e empreendedores no Inovar Bar, na zona Norte de São Paulo.
“O evento tem o objetivo de fortalecer a comunidade negra expor seus trabalhos. Conseguimos levar 12 expositores, além de artistas. O Baile do Ébano é flutuante e pode acontecer em qualquer lugar. Estou planejando onde será o próximo”, diz.
Com 27 anos de carreira, o artista tem na bagagem dois álbuns: “Solta o Som” (2010) e “O Meu Nome Leva Fé” (2018), além de três singles: “O Mar” e “Mama África” (2021), “Não Deixe o Samba Morrer” (2022).
Seus projetos futuros são um EP, com sete faixas intitulado “Black PagoJam”, que faz releitura de grandes clássicos da soul music, e um álbum autoral chamado “Por mim, Por Nós”, com 12 faixas.
O cantor também apresenta o espetáculo “Os Velhos Camaradas”, com canções de Tim Maia, Cassiano e Hyldon, ícones da soul music nacional. No dia 25 de novembro, fará um show no Sesc Campo Limpo, na zona sul da cidade.
“Escrevi o roteiro desse show que tem muita influência de black music, dos discos que ouvi na adolescência. Uma homenagem aos três grandes nomes da música brasileira”.