Companhia de ballet clássico na quebrada promove inclusão e diversidade
No bairro do Limão, projeto de dança Odara busca capacitar e contemplar crianças e jovens com bolsas de estudos
Localizada no bairro do Limão, zona norte de São Paulo, a companhia de ballet clássico Odara foi criada no ano de 2022 por Nina Canadari, nascida no Paraná e formada pela Escola Municipal de Bailados de São Paulo. O projeto de dança possui o objetivo de promover a inclusão de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social na arte, contribuindo para a formação desses jovens.
“Sempre morei na periferia e vi a falta de oportunidade para crianças e adolescentes na quebrada. Comecei trabalhando em centros comunitários em bairros como Taipas, Brasilândia e Elisa Maria”, diz Nina, diretora artística, tomando a iniciativa de criar um projeto que atendesse pessoas periféricas.
Há muitos desafios quando se trata de introduzir o ballet clássico em uma região não muito familiarizada com a dança. “O primeiro é o financeiro, depois as instalações e por último apresentar a arte do ballet aos jovens e familiares”, comenta, ao Visão do Corre.
Ela também reflete sobre o impacto da dança na vida dos jovens de comunidade. “Tenho um aluno chamado Matheus Barbosa, da Cidade Tiradentes [zona leste de São Paulo] que hoje é bailarino profissional em Essen, na Alemanha. A história e o esforço dele me fez acreditar que mais jovens possam trilhar este caminho”, conta.
Com uma equipe de seis professores de dança e arteterapia, a Odara atende 50 crianças e adolescentes vindos de diversas regiões da capital. Buscando colocar mais talentos nos palcos, o projeto contempla os alunos com bolsas de estudos, com a oportunidade de frequentar diferentes cursos de dança e arteterapia de forma gratuita.
Em um ramo competitivo, o projeto de dança Odara incentiva a inclusão e a diversidade dentro da companhia. “Oferecemos protagonismo a todos, e montagens de ballet levando esses jovens para se apresentar em vários teatros e eventos de São Paulo. Neste semestre estamos participando de competições e já conseguimos premiações”, conta.
O apoio da comunidade local também é crucial para o projeto. “A recepção calorosa por parte da comunidade e a participação dos pais e responsáveis dos jovens na maioria dos eventos, por exemplo, tem sido fundamental.”
Para Nina, o papel da arte na transformação social e no empoderamento dos jovens de quebrada é importante para desconstruir o estereótipo elitista do ballet clássico, além de ajudar no desenvolvimento dos jovens.
“A dança pode proporcionar sensibilidade em vários campos, principalmente no emocional, além do desenvolvimento físico, comprovando assim a eficiência da dança como método pedagógico.”
