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Conheça cineasta de Cidade Tiradentes que gravou filme em baile: 'Funk é cultura'

Entre experiências e inspirações, Filipe Barbosa teve a ideia de gravar “Fluxo - O Filme”, produção prevista para lançar em 2024

21 nov 2023 - 18h07
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“Fluxo - O Filme” é ambientado na Cidade Tiradentes e retrata a história de um jovem negro de 22 anos
“Fluxo - O Filme” é ambientado na Cidade Tiradentes e retrata a história de um jovem negro de 22 anos
Foto: Tchaka/Guilherme Teixeira

Cria de Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, Filipe Barbosa, 27, iniciou sua relação com o audiovisual e o interesse pelo cinema a partir das vivências na quebrada, vendo MCs gravando clipes no bairro.

“Esse foi o principal referencial para minha carreira, ver uma produção realmente de perto. Até porque o cenário audiovisual, o do cinema ou a produção de algum filme, não era uma coisa muito próxima da minha realidade”, diz Filipe, em entrevista ao Visão do Corre.

Cineasta e estudante de Comunicação Social - Rádio e TV da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Filipe teve a ideia de começar o projeto “Fluxo - O Filme”, produção que surgiu por meio de experiências em bailes e momentos com os amigos.

“A gente sempre gostou muito de registrar cenas do baile por meio do stories. Isso acabou virando uma parada cotidiana também, de trazer à tona essas memórias. E a partir dessas gravações, desses momentos, começamos a pensar juntos”, comenta ele.

Na universidade, Filipe participou de um laboratório de roteiro de curtas de ficção, onde pôde aprimorar o seu projeto. Quanto às inspirações, o jovem cita referências do cinema periférico em São Paulo. 

“Obras de pessoas como Fábio Rodrigo, Lincoln Péricles e muitos outros e outras que trabalham com a dinâmica de trazer as suas quebradas para as produções audiovisuais.” 

Previsto para lançar em 2024, com uma pré-estreia na quebrada, “Fluxo - O Filme” acompanha a história de Fábio, um jovem negro de 22 anos no meio de uma crise identitária. Ambientada na Cidade Tiradentes, Fábio se reconecta com o seu passado por meio de um baile funk com os amigos e enfrenta desafios internos e externos após o término de um relacionamento interracial.

"O mais representativo para mim foi poder gravar dentro do baile, que é um espaço que sempre foi visto como lazer, como uma fuga do ócio, do cotidiano, então conseguir fazer isso é uma realização”, destaca Filipe.

Além disso, o fime traz artistas do funk de Cidade Tiradentes, como MC Nego Blue e MC B.O, presentes na trilha sonora. “Pensar em memória, principalmente na Cidade Tiradentes, é pensar ‘que músicas estavam naquele cotidiano’ e então ouvir ‘As Mina do Kit’, ‘Pode Chamar Que Ela Vem’ e ‘É O Fluxo’ (MC Nego Blue) e ‘Zika da Balada’ e ‘Cai no Mundo’ (MC B.O), tudo isso é rememorar nossa história”, diz.

Para selecionar os atores, Filipe procurou pessoas próximas para formar o elenco adulto, pessoas que já conheciam o ciclo dos bailes e queriam se expressar por meio do audiovisual e da arte. Para o elenco adolescente, foi realizado um teste com alunos do 9° ano de uma escola usada para gravar algumas cenas do filme.

“A seleção foi pensada nas pessoas que já conhecíamos no cotidiano e que tinham alguma aptidão para o audiovisual, e mesmo quando não tinham, procuramos pessoas com disposição para fazer o curta acontecer”, explica.

Perguntado sobre a preparação para o projeto, Filipe disse que o roteiro foi pensado dentro de um trabalho de memória, da relação com a cidade, os moradores e o cotidiano dos jovens.

“A preparação veio pensando no cenário que iríamos trabalhar, como de fato iríamos atingir as pessoas que curtem o movimento funk, então vimos que por meio da memória poderíamos encontrar essa conexão”, completa.

Para o cineasta, “Fluxo - O Filme” é a materialização do que ele sempre sonhou, já que sempre quis trabalhar com funk e audiovisual.

“Essa foi a oportunidade de ver que existem muitas e muitas possibilidades de se produzir e fazer cinema dentro do meu bairro, da minha quebrada"

Um som de quebrada, o funk busca relatar o cotidiano de pessoas que sempre foram invisibilizadas e, com o lançamento do filme, Filipe quer que os espectadores abraçem a mensagem do projeto.

“A mensagem é que o funk é cultura, é o funk que coloca comida na mesa de muita gente, o funk é a identidade, é a história, é a vivência de muitos jovens. Jovens que muitas vezes se sentiam perdidos na vida e viram no funk uma mudança para sua trajetória”, finaliza Filipe. 

5 MCs que são relíquias do funk de Cidade Tiradentes 5 MCs que são relíquias do funk de Cidade Tiradentes

Fonte: Visão do Corre
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