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Conheça o pedreiro que fortalece a cultura negra em Carapicuíba

Rafael Felipe é responsável pela organização da Festa de São Benedito e, desde agosto, apresenta podcast para falar sobre questões raciais

8 nov 2022 - 05h00
(atualizado às 11h57)
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A Festa de São Benedito ocorre na Vila Menk, em Carapicuíba, desde 2006
A Festa de São Benedito ocorre na Vila Menk, em Carapicuíba, desde 2006
Foto:

Negro retinto, de fala pausada, o pedreiro Rafael Felipe, 63, é devoto de São Benedito, santo da igreja católica e padroeiro dos negros, das donas de casa, dos cozinheiros e dos profissionais de nutrição. Inspirado pelo pai, Sebastião Felipe, ele cresceu com o objetivo de fazer algo pelo bem comum da população negra. 

“Meu avô era benzedor. Meu pai se desenvolveu na umbanda, no terreiro de São Benedito, em Osasco, e na década de 1960 fundou o próprio terreiro em Carapicuíba”, conta Rafael. 

Santo da igreja católica é padroeiro dos negros, das donas de casa e dos cozinheiros
Santo da igreja católica é padroeiro dos negros, das donas de casa e dos cozinheiros
Foto: Flavia Silva/Agência Mural

Assim, a partir de 2006, ele passou a organizar anualmente uma festa em homenagem ao santo, na Vila Menk, bairro onde mora em Carapicuíba, na Grande São Paulo, para resgatar a cultura e a memória do povo preto na região. “Meu objetivo é unir e discutir as questões da negritude”, diz. 

A celebração da “Festa de São Benedito e Libertação dos Escravos” ocorre sempre no último domingo do mês de maio e dura cerca de 12 horas, envolvendo uma procissão que percorre um trecho de 2,5 km pelas ruas do bairro. “Termina uma festa e eu já começo a pensar na próxima”, complementa o organizador. 

A Festa de São Benedito ocorre na Vila Menk, em Carapicuíba, desde 2006
A Festa de São Benedito ocorre na Vila Menk, em Carapicuíba, desde 2006
Foto: Flavia Silva/Agência Mural

Rafael também é ogã, médium responsável pelo canto e pelo toque na umbanda e no candomblé. Ele conta que iniciou a própria jornada pela igualdade por meio da cultura ancestral. “O negro sempre foi marginalizado. Consciente disso, nasceu um  incômodo”, comenta. 

Todos os anos, no início de dezembro, a família dele também comemora o dia do samba em Carapicuíba. Os portões do quintal da casa se abrem para a comunidade às 12h, dando início a celebração com direito a toques de tambor. “Nesse dia temos almoço e muita música. A comemoração dura parte do dia e da noite”, conta. 

O podcast “Quilombo Urbano” recebe convidados para um bate-papo
O podcast “Quilombo Urbano” recebe convidados para um bate-papo
Foto: Reprodução

Em agosto de 2022, Rafael lançou o podcast “Quilombo Urbano - Coisa di Preto”, no YouTube, para tratar de assuntos relacionados a questões raciais de forma didática. “O objetivo é falar de forma que qualquer pessoa entenda”, explica. 

O canal conta atualmente com 11 vídeos no formato bate-papo com convidados, todos transmitidos ao vivo. “Todas essas iniciativas são importantes para a conscientização, disseminação e fortalecimento da cultura negra na comunidade”, finaliza. 

Rafael busca resgatar a cultura do povo preto no bairro onde mora
Rafael busca resgatar a cultura do povo preto no bairro onde mora
Foto: Arquivo pessoal
Agência Mural
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