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Bailarina do Complexo do Alemão conquista bolsa no Canadá

Jovem de projeto social de dança terá aulas com professores de renome mundial na Canada's National Ballet School

30 jun 2023 - 05h00
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Ao embarcar hoje para o Canadá, Maria Eduarda da Silva Macedo, jovem de 16 anos do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, estará decolando para um sonho que começou aos cinco anos de idade, quando ingressou no projeto social ViDançar.

“Eu coloquei ela na dança porque onde a gente mora não tem locais para fazer balé, mas coloquei como uma brincadeira, para ter uma atividade extra. Ela ama, está ganhando bolsas e oportunidades”, conta a mãe Dayana da Silva Macedo.

Maria Eduarda da Silva Macedo, a Duda, do Complexo do Alemão, quando começou a dançar, aos cinco anos de idade
Maria Eduarda da Silva Macedo, a Duda, do Complexo do Alemão, quando começou a dançar, aos cinco anos de idade
Foto: Arquivo pessoal

A evolução de Duda, como é carinhosamente chamada, foi rápida. Após começar no balé aos cinco anos, aos oito foi selecionada para a Escola Estadual de Dança Maria Olenewa. Aos 11, escolhida para estudar no Studio Gouveia Coaching, passou a realizar preparação física e de dança clássica.

“Estou muito ansiosa, com a expectativa alta para aprender muitas coisas, que vão agregar muito à minha carreira profissional. E também mostrar a todos que não tem uma boa condição financeira, que é possível chegar em lugares altos, e com grandes profissionais”, diz Duda.

Selecionada com bolsa integral

Via internet, a professora norte-americana Janie Neavin, 18 anos, preparou a jovem do Complexo do Alemão para a disputa da bolsa integral. “Duda se destaca pela força e confiança que demonstra na dança, além do profundo conhecimento da técnica do balé. Ela tem uma presença magnética que a torna agradável de assistir”.

Duda começou aos cinco anos; aos 8 e aos 11, selecionada para escolas de renome; aos 16, bolsa integral para o Canadá
Duda começou aos cinco anos; aos 8 e aos 11, selecionada para escolas de renome; aos 16, bolsa integral para o Canadá
Foto: Arquivo pessoal

Quanto às expectativas de desempenho no Canadá, a professora afirma que “a forte técnica de Duda permitirá que ela tenha sucesso com o currículo desafiador e o treinamento cansativo em uma escola de balé pré-profissional”.

A bailarina está ansiosa para iniciar a aventura de um mês. “Espero aproveitar cada segundo dessa temporada intensamente. E quero aprender tudo o que puder com os professores”, sonha Duda, citando duas bailarinas que a inspiram: a argentina Marianela Núñes, principal nome do inglês The Royal Ballet, e a americana Precious Adams, do English National Ballet.

Correrias para conseguir passaporte e dólares

Quem tem condições de viajar para exterior regularmente não faz ideia da dificuldade burocrática que uma moradora do Complexo do Alemão enfrenta para conseguir seu passaporte.

Segundo a mãe de Duda, “foram vários formulários e uma espera que nos deixou muito ansiosos. O que importa, para os canadenses, é se a pessoa que chega tem condições de se manter. No nosso caso, não temos salário compatível, então a professora dela foi a responsável financeira”.

Após muito suor e burocracia, Duda, do Complexo do Alemão, conseguiu passaporte para o Canadá, onde estudará na Canada's National Ballet School
Após muito suor e burocracia, Duda, do Complexo do Alemão, conseguiu passaporte para o Canadá, onde estudará na Canada's National Ballet School
Foto: Arquivo pessoal

A professora é a mesma Janie Neavin, que preparou Duda. “Eu e minha família vamos encontrá-la no aeroporto e garantir que ela se mude para os dormitórios com segurança”. Enquanto estiver no Canadá, a dançarina brasileira ficará hospedada nos dormitórios da Canada's National Ballet School, onde fará refeições, incluídas no programa.

Duda terá que levar mil dólares para o Canadá, uma exigência. A família batalhou para conseguir o valor até horas antes da viagem.

Projeto social apoiado por Zélia Duncan

O projeto ViDançar foi criado por Ellen Serra no Dia das Crianças de 2010. Promove arte, educação, postura e autocuidado para meninas do Complexo do Alemão. Mais de mil crianças e adolescentes passaram por ele. Vários seguiram carreira.

Em 2021, o projeto estendeu as atividades e fundou a Rede de Mulheres ViDançar. "Temos como madrinha a nossa querida companheira de luta e esperança Zélia Duncan. Ela nos apoia com a construção de uma rede de formação de mulheres na área da moda, com oficinas de costura e empoderamento feminino, também para moradoras do Complexo do Alemão", conta Serra.

Duda, do Complexo do Alemão para o Canadá: bolsa integral em curso com professores de renome
Duda, do Complexo do Alemão para o Canadá: bolsa integral em curso com professores de renome
Foto: Arquivo pessoal

Atualmente, o ViDançar funciona também em Saracuruna (Duque de Caxias, RJ), e em duas cidades do sertão baiano, Filadélfia e Brejão da Caatinga.

ANF
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