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Ex-detenta, mãe de Marcinho VP lança livro e vira acadêmica

Convertida ao evangelho, aos 72 anos ela toma posse na Academia Brasileira de Letras do Cárcere, cujo patrono é seu filho

16 out 2024 - 10h41
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Resumo
Em seu primeiro livro, Maria Auxiliadora Santos conta a trajetória de vida e a conversão religiosa. Ela e mais doze escritoras e escritores completarão as vinte e uma cadeiras da Academia Brasileira de Letras do Cárcere, fundada em abril de 2024.
“Escrever para dar voz à minha luta, transformando experiências em mensagens de esperança e superação”, diz Maria Auxiliadora.
“Escrever para dar voz à minha luta, transformando experiências em mensagens de esperança e superação”, diz Maria Auxiliadora.
Foto: Arquivo pessoal

Maria Auxiliadora Santos, mãe de Marcinho VP, acaba de lançar seu primeiro livro e toma posse da cadeira número 12 da Academia Brasileira de Letras do Cárcere (ABLC), no Rio de Janeiro. O livro A Transformação de Maria – Jesus me Tirou das Trevas para a Luz, narra a vida e a conversão da autora.

A obra é fonte para conhecermos a autora e a história de sua família, que vai além da associação inevitável entre ela e o filho famoso, Marcinho VP, que é o patrono da ABLC, ocupando a cadeira número 1.

Maria Auxiliadora nasceu em Salvador, em 1952. A mãe trouxe a família para o Rio de Janeiro, mas não conseguiu sustentar filhas e filhos. Duas filhas, entre elas Maria Auxiliadora, foram para um colégio interno público, enviadas pelo Juizado de Menor.

“Após a morte da minha mãe, me vi obrigada a cuidar dos meus irmãos, o que me levou a me envolver com o crime para garantir nosso sustento”, conta em entrevista exclusiva ao Visão do Corre.

O resto da longa história, com a vida no crime, o nascimento dos filhos e filhas, as mortes dos companheiros, prisões e a conversão religiosa, estão narradas no livro cuja escrita é clara e fluente.

A posse de Maria Auxiliadora Santos na ABLC, com mais doze escritoras e escritores, completa as 21 cadeiras da instituição.

A Academia Brasileira de Letras do Cárcere (ABLC) foi fundada em abril de 2024 para destacar as obras de egressas e egressos do sistema prisional. Promove a valorização humana e o direito à expressão literária.

O Visão do Corre entrevistou Maria Auxiliadora Santos, que fala sobre seu livro, a escrita de uma nova obra e, inevitavelmente, sobre o filho Marcinho VP.

A mãe Maria Auxiliadora Santos e os filhos. Márcio segura a garrafa e veste uniforme do Fluminense, mas é torcedor do Flamengo.
A mãe Maria Auxiliadora Santos e os filhos. Márcio segura a garrafa e veste uniforme do Fluminense, mas é torcedor do Flamengo.
Foto: Arquivo pessoal

Qual foi a motivação para escrever o livro?

Passei por muitas dificuldades na vida, e a escrita se tornou uma forma de compartilhar minha história e experiências. Essa ideia não surgiu de repente; ela foi amadurecendo ao longo do tempo, especialmente após descobrir minha fé em Jesus, enquanto estava no cárcere. Essa nova perspectiva me inspirou a registrar minha trajetória, tanto para ajudar outras pessoas que enfrentam desafios semelhantes quanto para encontrar um propósito na dor que vivi.

Qual efeito a escrita do livro provocou?

A escrita e a leitura são formas de libertação. Ao escrever meu livro, revisitei meu passado e percebi quantas decisões erradas tomei sem a orientação de Deus. Esse processo me proporcionou clareza e um profundo entendimento sobre minha trajetória.

Como foi seu processo de conversão religiosa?

Aceitei Jesus na prisão, em 1993, após ouvir uma notícia devastadora sobre uma chacina no Complexo do Alemão, que resultou na morte de muitos inocentes, inclusive meu filho. Naquele momento de dor e desespero, fiz um voto com Deus.

As pessoas desconfiam da sua fé?

Não enfrento preconceito em relação à minha fé, mas a situação do meu filho, Márcio, traz sim discriminação para toda a nossa família. Suas irmãs, por exemplo, foram presas sem qualquer envolvimento com atividades ilícitas, apenas por serem suas irmãs.

Religiosos são as pessoas que mais atuam socialmente nos presídios?

Várias religiões estão envolvidas. Eu frequentava a igreja evangélica, mas diversos grupos religiosos têm um papel fundamental nesse apoio.

Como foi a participação do seu filho Márcio no livro?

Foi uma grande fonte de incentivo. Ele me motivou e, em alguns capítulos, sua própria escrita está presente, especialmente nas reflexões que aparecem no final.

O livro afirma que Márcio aceitou Jesus. Como imagina a vida dele aqui fora?

Imagino que, ao sair, ele viverá uma nova fase de sua vida, cheia de fé e esperança. Acredito que ele aproveitará essa oportunidade para se reerguer e fazer a diferença, não só na própria vida, mas também na vida de outras pessoas ao seu redor.

Qual a importância de tomar posse na Academia Brasileira de Letras do Cárcere?

É um projeto vital. Como ex-presidiária, vejo como é crucial dar voz aos que estão atrás das grades. A leitura e a escrita ajudam a combater o preconceito e oferecem uma forma de expressão. Sem essas atividades, muitos presos enfrentam um vazio que pode levar a tragédias, como o suicídio.

Pretende escrever outro livro?

Estou escrevendo uma nova versão da obra. Pretendo incluir temas como a perseguição que nossa família enfrentou por ser relacionada ao Márcio, além das experiências de meus filhos que foram encarcerados sem envolvimento com o tráfico.

Serviço:

Lançamento de A Transformação de Maria e cerimônia de posse na Academia Brasileira de Letras do Cárcere.

Local: Auditório da Fundação Santa Cabrini

Endereço: Largo do Machado, 48, Rio de Janeiro

Horário: 14 horas

Fonte: Visão do Corre
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