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Pesquisador tira nota máxima com rap no doutorado em Educação

Música foi avaliada em disciplina da pós-graduação da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro

24 out 2024 - 13h17
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Resumo
Rap também gerou artigo científico apresentado em evento internacional, em russo. Agora, sai o videoclipe, que será exibido na Baixada Fluminense e nos Estados Unidos. Autor é o rapper Dudu de Morro Agudo, de Nova Iguaçu, com longa caminhada no hip hop.
Dudu de Morro Agudo em atividade do RapLab, com crianças de escolas públicas de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense (RJ).
Dudu de Morro Agudo em atividade do RapLab, com crianças de escolas públicas de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense (RJ).
Foto: Arquivo pessoal

“A universidade me mudou, mas eu também mudei ela”, diz Dudu de Morro Agudo, de Nova Iguaçu (RJ). Ele está no doutorado e, ao invés de entregar um trabalho final formal para avaliação, fez um rap, com o qual obteve nota máxima.

Dudu diz que a música “transbordou” a Universidade Federal Fluminense (UFF). Com base nela, escreveu um artigo científico apresentado neste ano em evento na Rússia, publicado no livro que reúne os textos do encontro, os anais do evento.

Em 26 de outubro, acontece o lançamento do videoclipe de Reflexões que Ainda me Tiram o Sono – em março de 2025, haverá exibição na Duke University, na Carolina do Norte, Estados Unidos. A instituição costuma frequentar os rankings das melhores universidades do mundo.

Dudu de Morro Agudo no Quilombo Enraizados, sede do Instituto Enraizados, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense (RJ).
Dudu de Morro Agudo no Quilombo Enraizados, sede do Instituto Enraizados, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense (RJ).
Foto: Getúlio Ribeiro

O rap composto por Dudu de Morro Agudo aborda o racismo e alterou também o cotidiano de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde ele toca o projeto social que criou, o Instituto Enraizados. “A molecada incorporou a música nas batalhas de rima”, conta o educador, pesquisador e rapper.

Sua proposta acadêmico-artística “vai além da escrita, da grafia tradicional. A gente vai levando outras formas para dentro da universidade. A nossa presença enriquece esses espaços e a nossa vivência”.

Conhecimento cotidiano e acadêmico devem dialogar

A pós-graduação na qual Dudu de Morro Agudo está se doutorando pesquisa diferentes processos de aprender e ensinar. Por isso a professora Zoia Prestes não teve dificuldade em aceitar a proposta do rap na disciplina Psicologia da Arte. Ela incentiva conexões interdisciplinares.

Professora Zoia Prestes, da Universidade Federal Fluminense (UFF), leciona Psicologia da Arte, na qual o rap tirou nota máxima.
Professora Zoia Prestes, da Universidade Federal Fluminense (UFF), leciona Psicologia da Arte, na qual o rap tirou nota máxima.
Foto: Arquivo pessoal

“Normalmente a academia pede um trabalho escrito, tudo muito formatado. É incrível como na pós-graduação ainda se mantém”, diz a docente.

Apesar da originalidade do rap, Dudu também fez ciência tradicional, escrevendo um artigo que analisa a própria obra. Ele foi apresentado em evento na Rússia, com tradução da própria professora Zoia Prestes, filha de Luiz Carlos Prestes, revolucionário brasileiro.

Ciência precisa de literatura, diz orientadora

“A ciência precisa ter essa aproximação com a literatura, foi um estímulo para o Dudu trazer o rap”, diz Nívea Andrade, orientadora do doutorado de Dudu de Morro Agudo.

Nívea Andrade, orientadora do mestrado e doutorado de Dudu do Morro Agudo. Para eles, ciência e arte confluem na pesquisa.
Nívea Andrade, orientadora do mestrado e doutorado de Dudu do Morro Agudo. Para eles, ciência e arte confluem na pesquisa.
Foto: Arquivo pessoal

“A gente busca compreender que não há uma hierarquia do conhecimento produzido na academia, separado de um conhecimento da vida cotidiana. Há sempre processos de conhecimento igualmente importantes”, compara a professora da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Nívea Andrade orienta Dudu de Morro Agudo desde o mestrado, cuja banca, devido à qualidade do trabalho, o indicou diretamente para o doutorado.

Quem é Dudu de Morro Agudo

Flávio Eduardo da Silva Assis, mais conhecido como Dudu de Morro Agudo, é uma figura relevante na intersecção entre hip hop, educação e empreendedorismo social. 

Dudu de Morro Agudo é ativista, doutorando, educador, documentarista, rapper, escritor, entre outros corres.
Dudu de Morro Agudo é ativista, doutorando, educador, documentarista, rapper, escritor, entre outros corres.
Foto: Getúlio Ribeiro

Nascido e criado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, tem 45 anos. Dudu é rapper, educador popular, escritor, documentarista e pesquisador, no mínimo. Tem mais de mais de 30 de caminhada no hip hop.

Suas pesquisas acadêmicas são uma extensão da atuação social: Dudu explora como a música, em especial o rap, pode ser usada como atividade pedagógica e de formação política para jovens da periferia.

A grande obra de Dudu é o Instituto Enraizados, de formação para jovens, fundado em 1999 no Morro Agudo, em Nova Iguaçu (RJ).
A grande obra de Dudu é o Instituto Enraizados, de formação para jovens, fundado em 1999 no Morro Agudo, em Nova Iguaçu (RJ).
Foto: Divulgação

Ele pesquisa a metodologia do RapLab, de produção de conhecimento em rede através do rap, desenvolvida pelo Instituto Enraizados. Ela foi estudada pela Duke University e implantada na Carolina do Norte.

A tese de doutorado de Dudu de Morro Agudo, que incorpora o trabalho com rap na academia e na periferia, deve ser defendida na Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2025.

Serviço:

Lançamento do videoclipe Reflexões que Ainda me Tiram o Sono, dia 26 de outubro, a partir das 18 horas.

Quilombo Enraizados, sede do Instituto Enraizados.

Rua Presidente Kennedy, 41. Morro Agudo, Nova Iguaçu, RJ.

Ingressos AQUI.

Informações (21) 4123-0102.

Fonte: Visão do Corre
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