Retirada de lixo prepara “cidade provisória” em Porto Alegre
Limpeza de entulho depositado pela prefeitura termina no final de semana em terreno no sambódromo indicado para abrigo
Três das maiores comunidades de Porto Alegre rodeiam o sambódromo: Vila Vitória da Conquista, Vila Amazônia e Vila Dique. São áreas em que atuam diferentes facções criminosas. Além da insegurança, moradores criticam falta de infraestrutura para instalação de moradias.
A retirada do lixo depositado no sambódromo de Porto Alegre antecede a instalação da chamada “cidade provisória”, que abrigará pessoas que perderam casas durante a enchente. A limpeza deve terminar até 9 de junho, segundo o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU).
O Complexo Cultural Porto Seco, nome oficial do sambódromo, está entre os locais indicados pela prefeitura da capital gaúcha para receber moradias improvisadas. Também foram disponibilizados o Centro Vida e Centro de Eventos Ervino Besson.
Moradores ouvidos pelo Visão do Corre acompanham a retirada do lixo acumulado nas duas últimas semanas em terreno no sambódromo. E continuam rejeitando a ideia de uma “cidade provisória” no local.
Segundo Erick Dênil, presidente do Centro Popular de Cultura Comunitário e Periférico, morador da região, “não tem mais lugar ao redor do sambódromo. Queremos que a prefeitura compre imóveis ociosos, existem mais de cem mil”.
Terreno virou “bota-espera”
A lixo retirado de casas e empresas, colocado em ruas e calçadas de Porto Alegre, foi recolhido e depositado em quatro locais provisórios, os “bota-espera”. O terreno ao lado do sambódromo, na zona norte, é um deles.
Segundo Carlos Alberto Hundertmarker, diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), responsável por depositar e, desde 5 de maio, retirar o lixo do sambódromo, a escolha do Porto Seco se deu pela proximidade em relação à saída para Gravataí.
Na cidade funciona o aterro sanitário adequado para o lixo das enchentes, com o qual a prefeitura firmou contrato. São cerca de 30 quilômetros de distância entre a capital gaúcha e o lixão.
Ele recebe materiais reaproveitáveis, como madeira e metal de geladeiras e fogões. O nome técnico é “lixo inerte”. Segundo o DMLU, os “bota-espera” agilizam a limpeza, realizada em duas fases.
Na primeira ação, caminhões pequenos, mais rápidos e versáteis, capazes de transitar em locais de difícil acesso, como ruas estreitas, recolhem o lixo e levam para pontos provisórios da operação de limpeza.
Depois, caminhões maiores, capazes de carregar até 30 toneladas, transportam o lixo para o aterro sanitário em Gravataí.
Comunidade reagiu ao lixão
O depósito de lixo no terreno do sambódromo começou em 5 de maio. O entulho vinha de locais como Vila Farrapos, Navegantes e São Geraldo, na zona norte.
O terreno nunca havia sido ponto de descarte. A comunidade começou a reclamar do mau cheiro, houve abaixo-assinado, reunião com as escolas de samba, com o posto de saúde, vídeos foram postados nas redes sociais.
“Gerou uma repercussão muito forte, toda a cidade comentou”, relata Erick Dênil. Segundo ele, “se tiver outra comunidade instalada aqui, a possibilidade de ter conflito é grande”.
Três das maiores comunidades de Porto Alegre rodeiam o sambódromo: Vila Vitória da Conquista, Vila Amazônia e Vila Dique. São áreas em que atuam diferentes facções criminosas.