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Três estudantes da USP são da favela vizinha, a São Remo

Conheça bastidores das reportagens que encontraram três moradores da favela São Remo aprovados no vestibular da Fuvest

17 nov 2024 - 06h59
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Resumo
Entre 8 mil moradores da São Remo, são raros os representantes universitários da comunidade formada por trabalhadores que construíram o campus central. Os graduandos e pós-graduados pela USP no ano passado correspondem a uma vez e meia a população da favela.
Divisa entre a favela São Remo e a Universidade de São Paulo (USP), que tem três estudantes da comunidade.
Divisa entre a favela São Remo e a Universidade de São Paulo (USP), que tem três estudantes da comunidade.
Foto: Jorge Maruta/Jornal da USP

Do ponto de vista da ausência da educação e da presença da polícia, a favela São Remo, na zona oeste de São Paulo, é peculiar: está encravada entre o 16º batalhão da Polícia Militar e a Universidade de São Paulo (USP).

Em agosto, quando abriram as inscrições para o vestibular da Fuvest, que seleciona para a USP, fomos atrás de estudantes da São Remo que conseguiram ultrapassar o muro real e simbólico entre a favela e a Universidade.

Tendo como fontes principais o cursinho popular da São Remo, lideranças comunitárias e professores da USP, chegamos a três estudantes. Não deve haver muitos mais.

Contamos a história de um aluno de Arquitetura, que levou quatro anos para passar no vestibular da Fuvest; outro que tentou por dois até entrar em Educação Física, o mesmo tempo de uma discreta aluna de Engenharia, que preferiu não ser fotografada.

Afrodescendentes nascidos no Hospital Universitário da USP, suas vitórias pessoais não significam que “a favela venceu”. Segundo o Anuário Estatístico da Universidade de São Paulo, em 2024 somente 4,17% dos aprovados são pretos – brancos correspondem a 65,33%.

Perfis dos ingressantes na USP

Segundo dados oficiais, 17,83% dos aprovados pela Fuvest no último vestibular estudaram em escola pública, como os três estudantes da São Remo encontrados pelo Visão do Corre.

As famílias com renda de um salário-mínimo representaram 3,17% dos novos alunos. A faixa salarial dos pais e mães da maioria dos calouros está entre dez e quinze salários-mínimos.

São médicos, engenheiros, promotores. Filhos de padeiros, operários, mecânicos, pedreiros e pintores, como são os três estudantes da São Remo, representam 6,5%.

No ano passado, a USP formou uma quantidade maior de estudantes do que de moradores da São Remo, que tem quase 8 mil habitantes segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE).

Os 14.726 graduados e pós-graduados pela USP correspondem a uma vez e meia a população da favela.

Fonte: Visão do Corre
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