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Designers de unhas expandem negócios em Salvador

Salões de manicure têm perdido espaço para os estúdios de nail designers no bairro

28 jan 2022 - 08h00
(atualizado às 14h48)
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A designer de unhas Fabíola Dantas, que já formou mais de 200 alunas
A designer de unhas Fabíola Dantas, que já formou mais de 200 alunas
Foto: Joyce Melo/Agência Mural

Aos 17 anos, uma estudante do ensino médio, desempregada, sem apoio dos pais, se descobre grávida e mãe solo. Contrariando esses desafios, Fabíola Dantas, 24, se reinventou e começou a se especializar, primeiro como manicure, depois como designer de unhas. Hoje, com um salão no bairro de Sussuarana, em Salvador, a empreendedora tem clientela própria, ministra cursos e soma mais de 200 alunas formadas. 

“É muito bom ver cada mensagem das alunas. Sempre mandam ‘Fabi, muito obrigada, tô trabalhando em tal lugar’. Uma aluna estava insegura, e falei ‘dê o primeiro passo, dê um jeitinho’, hoje, graças a Deus ela é dona do próprio negócio”, disse a designer sobre os retornos do seu trabalho.

Os cursos oferecidos são em cuticulagem e design de unhas, presenciais, com carga horária de 8 horas, certificado e os preços são em torno de R$ 250.

“Não é só dar curso e ter o dinheiro, estou mexendo com sonhos. É um investimento da pessoa, preciso ter o conhecimento e saber transmitir aquilo que sei para que, ali na frente, aquela mulher possa se desenvolver”, afirma Fabíola. 

A jovem relembra sua trajetória, que teve início na esmalteria de uma amiga, em 2015. Sem experiência, restaram apenas a coragem de encarar o antigo hobby como profissão e a confiança da dona da esmalteria. 

“Nesse tempo minha ex-sogra tinha me dado um alicate e uma espátula. No primeiro dia, minha amiga tinha combinado com a colega que eu ia fazer a unha e dizer para a patroa que tava tudo ótimo. Só depois que eu estava craque, soube do esquema. Mas, acredito que Deus tem um propósito para tudo. Foi dali que descobri o dom que tinha”, contou Fabíola.

Em busca de alcançar melhores resultados, Fabíola seguiu investindo em conhecimento, por meio de cursos presenciais e online profissionalizantes. Há cinco anos abriu seu estúdio. Em 2019, começou a ministrar os cursos com o objetivo de também emancipar outras mulheres.

A designer de unhas Fabíola Dantas em seu salão no bairro de Sussuarana
A designer de unhas Fabíola Dantas em seu salão no bairro de Sussuarana
Foto: Joyce Melo/Agência Mural

Assim como Fabíola, a designer de unhas Rebeca Nascimento, 19, também iniciou a carreira como manicure e depois passou a trabalhar com alongamentos. “A manicure trabalha com cuticulação e pintura, enquanto a nail designer faz o alongamento das unhas”, explica Rebeca, outra profissional de Sussuarana.

Para a cliente Rafaela Borges, 23, as unhas em gel a transformam em uma mulher poderosa. Ela conta que é muito difícil deixar as unhas crescerem naturalmente, pois quebram nos afazeres diários. “O alongamento aguenta o tranco. A durabilidade do esmalte é de um mês sem precisar pintar, caso não queira”, afirmou.

Fabíola reforça a ideia. “O alongamento é uma praticidade pra mulher que não tem tempo de ir à manicure toda semana, já que a cliente vai voltar de mês em mês, porque utilizamos o esmalte em gel, que seca na cabine”, afirmou.

A manutenção mensal e feita corretamente garante que as unhas não quebrem ou lasquem. Os valores de manutenção variam entre R$ 85 e R$ 100, respectivamente, a depender do método de alongamento escolhido: gel na tips ou fibra de vidro. 

Maria Júlia, de apenas 12 anos, levou uma foto da internet para que a designer tornasse seu sonho real. Chegou ao estúdio de Fabíola acompanhada da mãe e afirmou que sequer havia dormido na noite anterior de tanta ansiedade. 

Júlia, assim como a maioria das clientes de Fabíola, optou pelo método de alongamento de gel na tips e formato almond (arredondado); outro formato muito pedido é o square (quadrada). As tips são como unhas postiças, mas são coladas do meio até a ponta como forma de dar alongamento a unha de gel. Este alongamento varia entre R$ 110 e R$ 160. Outra modalidade é com fibra de vidro, variando entre R$ 150 e R$ 190.

A auxiliar administrativa Thalia Vaz, 20, e a jornalista Adriele Lisboa, 23, clientes do salão de Fabíola, também ressaltam a sensação de poder nas mãos. “Fazer as unhas com Fabi é despertar uma pessoa vaidosa que há em mim e que eu não sabia, me faz sentir poderosa. Ela é luz naquilo que faz, a verdadeira nail design por amor”, disse Thalia. 

“A minha autoestima aumentou muito quando comecei a fazer minhas unhas. Eu saio do estúdio com a sensação de mulher poderosa, que pode conquistar tudo o que quiser”, concorda Adriele.

Fabíola durante atendimento em seu salão
Fabíola durante atendimento em seu salão
Foto: Joyce Melo/Agência Mural

NAS MÃOS DA PANDEMIA

O estúdio de Fabíola respeita as medidas de prevenção contra a Covid-19, portanto, é obrigatório o uso de máscaras e é disponibilizado álcool para higiene das mãos e objetos.

Fabíola conta que vivenciou intensamente a incerteza da pandemia, pois diante do fechamento do comércio precisou entregar o antigo espaço que acomodava seu estúdio. Com isso, adaptou o cômodo principal da sua casa para receber as clientes e aguarda um momento de maior estabilidade para voltar a ampliar o negócio físico.

Já Rebeca diz que mesmo na pandemia a procura foi alta e atribui o aumento da clientela também ao auxílio emergencial. Ela observa ainda o visível crescimento do número de empreendimentos desse mercado pelo bairro. 

“A cada dia que passa, a profissão cresce ainda mais. São métodos, decorações, técnicas evoluindo e eu acredito que é só crescer e será difícil mudar essa realidade”, avalia. Rebeca.

Além do trabalho com as unhas, Rebeca e Fabíola também passaram a atuar como designers de sobrancelhas como forma de aumentar os agendamentos e ampliar os negócios. Fabíola faz ainda o alongamento de cílios e no próximo ano planeja retomar o ensino médio para poder iniciar a formação em podologia.

Para Fabíola, neste caminho empreendedor, a principal dificuldade foi administrar o negócio e as finanças. “Não foi fácil não, nesses cinco anos já abri e fechei algumas vezes, porque não é só abrir, é preciso manter. Não sabia empreender, administrar as finanças, como investir, guardar e fazer o dinheiro multiplicar”, explicou Fabíola.

Na contramão, a manicure Joaneide Silva, 41, atua na área há mais de 25 anos e não migrou para o design de unhas. Atualmente trabalhando como cuidadora de idosa, ela aproveita a demanda mais alta do fim de semana para atuar como manicure. 

“Sustentei minha família fazendo unha antes. Agora não, agora eu estou trabalhando fora, mas nas horas vagas, continuo fazendo unha. É uma área que gosto muito”, disse a manicure, também conhecida como Neide.

Os trabalhos das profissionais de Fabíola e Rebeca podem ser conferidos nos perfis @fabioladantasstudio e @studiorebecanascimento.

Agência Mural
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