Coletivo promove aulas de skate na divisa de Osasco com SP
Atividades gratuitas reúnem crianças e adolescentes entre 5 anos e 16 anos; moradores relatam benefícios das aulas para os filhos pequenos
O coletivo Piralaize atua desde 2006 na divisa da cidade de Osasco, na Grande São Paulo, com o distrito do Jaguara, na zona oeste da capital paulista, realizando eventos culturais na pista de skate do bairro Vila Piauí, com grafites, atividades esportivas, discotecagem e shows de MC’s locais.
Os próprios moradores limparam o espaço e plantaram árvores com o intuito de deixá-lo mais colorido e torná-lo um ponto de lazer. “Decidimos utilizar o espaço para coisas boas. Em todas as festas que organizamos, tentamos demonstrar o trabalho de todos do bairro”, explica o videomaker Leandro Alves, 34.
Além dele, o coletivo é formado pelo DJ Guilherme Danilo, 32, o representante comercial, Anderson dos Santos, 41, e demais artistas convidados. Como parte das atividades, o trio já convidou capoeiristas para dar aulas gratuitas na pista e palhaços para contar histórias para as crianças.
“Precisamos mostrar os artistas que estão aqui no bairro e dar palco para eles. Apesar de ter a divisão entre São Paulo e Osasco, todos frequentam como se fosse um só lugar”, complementa Leandro.
Hoje, a principal atuação do coletivo é a Escolinha Piralaize, que foi iniciada em 2014 com atividades esportivas gratuitas, mas apenas em agosto deste ano teve como se desenvolver e trazer mais alunos. A intenção era recuperar uma parte importante da história da pista, trabalhando com crianças e adolescentes a prática do skate.
Para que essas aulas fossem desenvolvidas, o coletivo precisou ir atrás de verba. Por meio de um projeto da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, da Prefeitura de São Paulo, o grupo ganhou cerca de 20 skates para iniciarem a escolinha.
“Era o que precisávamos para dar continuidade às aulas. Tem muita criança sem condição de comprar [o equipamento], então quando ela vem ter a aula, damos o kit completo, desde a joelheira até o skate”, explica Alves.
Com mais de 30 alunos participantes (com idades entre 5 anos e 16 anos), as aulas ocorrem aos sábados e domingos e são divididas em três turnos: iniciantes, das 8h30 às 9h30; intermediários, das 9h às 10h30; e avançados, das 10h30 às 11h30.
“Trabalhar com os alunos e ver a pista movimentada é gratificante. Nossa meta para o ano de 2023 é inserir os alunos em campeonatos e dar um caminho para eles dentro do esporte”, explica Anderson Santos.
O professor de skate Lucas Gomes, 27, participou das atividades em 2014 como aluno e agora coordena a turma dos jovens participantes. “Fiquei muito feliz de receber o convite para ser o professor de toda essa turma. É maravilhoso ensinar algo que amo tanto”, relata.
A auxiliar administrativa Cledna Almeida, 42, mãe do estudante Lucca Gonçalves, 10, explica que o filho estava passando por crises de ansiedade e as aulas trouxeram benefícios para o desenvolvimento do menino. “Na escolinha ele melhorou muito. Ajudou no processo de evolução dele”, explica.
No projeto, o gênero predominante é o feminino. Inspirado pela skatista Rayssa Leal, grande campeã da Liga Mundial de Skate Street, o engenheiro Reginaldo Szabo, 50, pai da jovem Laís Szabo, 9, matriculou a filha nas aulas neste ano.
“No início fiquei com medo, achava que o skate era uma atividade perigosa, mas depois que ela começou a fazer as aulas, vi que não é nada disso. O projeto é excelente e quero muito que minha filha continue no ano que vem”, conclui.