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Com 3 atletas olímpicas, rugby de Paraisópolis busca patrocínio

No melhor ano esportivo, projeto social não tem recursos suficientes e funciona com “equipe reduzidíssima”, diz fundador

22 jul 2024 - 08h39
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Resumo
Projeto social Rugby para Todos, na favela de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, perdeu o patrocínio de cinco grandes empresas. Pela primeira vez em vinte anos, não conseguiu captar o mínimo autorizado pelo Lei do Esporte. Momento crítico é vivido “quando a comunidade mais precisa”, diz Maurício Draghi, fundador do projeto de onde saíram as atletas olímpicas Bianca Silva, Gisele Gomes e Leila Silva.
Time de rugby feminino Leoas de Paraisópolis, que formou três atletas olímpicas e passa por dificuldade financeira.
Time de rugby feminino Leoas de Paraisópolis, que formou três atletas olímpicas e passa por dificuldade financeira.
Foto: Divulgação

No ano em que coloca três atletas no time feminino de rugby da Olimpíada de Paris, o projeto social Rugby para Todos, da favela de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, está praticamente sem nenhum recurso financeiro. É a primeira vez, em vinte anos.

“Estamos trabalhando com equipe reduzidíssima”, diz o fundador do projeto, Maurício Draghi, que perdeu o patrocínio de cinco grandes empresas. Ele aponta a dificuldade do rugby ainda não trazer medalhas olímpicas, apesar da reconhecida importância social.

Draghi avalia o momento como “bastante crítico”. O projeto de rugby está mantendo “uma operação mínima quando a comunidade mais precisa”. Ele conta que chegou a pagar do próprio bolso a corrida de um carro de aplicativo para trazer a comida que é distribuída às terças-feiras em Paraisópolis.

Projeto custa R$ 1 milhão por ano

Até o ano passado, os recursos financeiros do Rugby para Todos vinham da captação autorizada pela Lei do Esporte. O projeto custa R$ 1 milhão por ano.

Leoas de Paraisópolis disputa terceira etapa do Super Seven. Momento é de correr atrás da bola e do patrocínio.
Leoas de Paraisópolis disputa terceira etapa do Super Seven. Momento é de correr atrás da bola e do patrocínio.
Foto: Divulgação

Para começar a usar os recursos de patrocínio, mesmo que o total não tenha sido obtido, é preciso conseguir 20% do montante.

“Não conseguimos. Estamos viabilizando um programa de socio-torcedor, captação internacional e vaquinha online para ir cobrindo os custos operacionais”, diz Draghi.

Segundo ele, outra explicação para a falta de patrocínio é “alta concorrência de projetos com uma bela narrativa, mas de transformação e impacto rasos”.

Melhor ano esportivo, pior de Paraisópolis

A seleção olímpica feminina de rugby, com três atletas de Paraisópolis, teve um ano esportivo histórico. Está na décima colocação no circuito mundial e conquistou o oitavo lugar em etapa de elite do circuito, o melhor resultado até hoje. O time conquistou também o terceiro lugar no Pan-Americano.

Na semana passada, em amistosos contra os EUA, mais cinco atletas de Paraisópolis foram convocados para a seleção brasileira masculina. Mas a comunidade está vivendo um ano tenso.

Leoas de Paraisópolis em campo. Momento é de correr atrás da bola, do patrocínio e evitar a polícia na favela.
Leoas de Paraisópolis em campo. Momento é de correr atrás da bola, do patrocínio e evitar a polícia na favela.
Foto: Divulgação

“Com operações ao redor do campo, a gente nunca cancelou tanta aula, está tendo uma evasão como nunca teve antes. A gente viu tiroteio na rua, morte. A comunidade está sendo tratada com muita hostilidade. Realmente, é um ano muito difícil”, resume o fundador do Rugby para Todos.

20 anos em São Paulo, 10 no Rio de Janeiro

O Rugby para Todos está no epicentro da favela, realizando treinos no campo do Palmeirinha. Mantém dois times, As Leoas e os Leões de Paraisópolis. Oferece rugby e formação educativa em cinco dos sete dias da semana.

 Atende mais de 300 pessoas e, em vinte anos, atendeu mais de cinco mil. Teve 25 atletas convocados para a seleção masculina e feminina e o time adulto, o Leões de Paraisópolis, “vai ser um dos clubes top quatro”, acredita Draghi.

Visita do time All Blacks, da Nova Zelândia, a Paraisópolis. Intercâmbios com equipes de ponta são fundamentais
Visita do time All Blacks, da Nova Zelândia, a Paraisópolis. Intercâmbios com equipes de ponta são fundamentais
Foto: Divulgação

No Rio de Janeiro, o projeto funciona há dez anos. Há um polo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Vila Olímpica, no Morro do Pinto. Atendem comunidades como Santa Marta e complexo de favelas da Maré.

Existem dois documentários sobre o projeto social. Leões de Paraisópolis, Rugby que vem da Favela, de 2017, e Intercâmbio Social das Leoas de Paraisópolis à França, de 2019.

Fonte: Visão do Corre
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