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Da Taça das Favelas para o Botafogo: conheça Pepeu

Em sua 1ª entrevista como jogador do Botafogo, o garoto da Vila Aliança, em Bangu, contou como foi sua trajetória até chegar no time carioca

7 jul 2023 - 14h52
(atualizado às 17h17)
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Dia da assinatura de contrato do Pepeu com o Fogão
Dia da assinatura de contrato do Pepeu com o Fogão
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Para muitos a cama é um objeto que tem seu valor pela possibilidade do descanso sagrado de todo dia. Outras pessoas enxergam nela um terreno fértil para a realização de sonhos. Pedro Paulo Barbosa de Macedo, ou apenas Pepeu, é um destes sonhadores que fazem da cama o espaço perfeito para idealizar um futuro promissor no futebol, mas com os olhos bem abertos.

Com apenas 17 anos de idade, o ponta-direito nascido na Vila Aliança, em Bangu, acaba de assinar por três anos um contrato de formação de atleta com o time Botafogo de Futebol e Regatas, do Rio de Janeiro. Entretanto, a história de Pepeu com o futebol começou muito antes de chegar à categoria de base do clube carioca e ser considerado a nova promessa dentro das quatro linhas.

Na sua primeira entrevista como jogador do Botafogo, o tímido Pepeu contou com exclusividade ao Terra como o futebol se tornou o seu sonho. “Eu comecei a jogar futsal aos sete anos numa quadra perto de casa e as pessoas falavam que eu jogava muito bem. Eu fui acreditando nisso e mantendo o meu foco de ser jogador, passei a viver o futebol todo dia”, lembrou o jovem.

Pepeu no campo da Vila Aliança, em Bangu
Pepeu no campo da Vila Aliança, em Bangu
Foto:

Morte da mãe e volta por cima

O desempenho do garoto nas quadras evoluía, mas em casa a família sofria com a separação dos pais. Em seguida, o jogador precisou lidar com um novo relacionamento da mãe e, posteriormente, com o falecimento da matriarca por conviver com o vírus do HIV. Pepeu, caçula de duas irmãs, revela que aos 13 anos de idade sentiu vontade de abandonar o sonho de ser jogador de futebol.

“Ah, foi uma fase difícil em que eu só queria ficar no quarto e perdi a vontade de jogar bola. Tive vários pensamentos ruins, depressão e sofri com a ansiedade, mas o futebol me resgatou”, comentou. Peça fundamental na trajetória de Pepeu, Ivo da Conceição Barbosa, avô materno do jogador, foi a pessoa quem deu força e o animou a perseguir o sonho de jogar em um clube grande.

Era seu Ivo quem levava o garoto para jogar futsal no Bangu Atlético Clube, time tradicional da Zona Oeste do Rio de Janeiro – clube que, no futebol de campo, teve jogadores como Domingos da Guia, Mestre Ziza, Paulo Borges e Dé (o Aranha). “Tudo o que eu pude fazer por ele eu fiz e agora estou esperando a estreia dele como profissional no Engenhão, já que a família toda é botafoguense”, admitiu Barbosa.

Craque dentro e fora de campo

O sonho de Pepeu seguiu até esbarrar em outra figura extremamente importante, Franklin de Melo. O ativista está à frente da ONG Centro de Educação Integrada Craques da Vida, localizada na Vila Aliança, há mais de 20 anos. Por meio do esporte e educação a organização oferece aos jovens

cariocas uma oportunidade de sonhar com um futuro melhor, longe das drogas e criminalidade.

“A gente pode ser o que quiser, pode ir aonde quiser, basta acreditar. Problemas vão acontecer, dificuldades vão surgir, mas o importante é você entender que na sua vida, você pode ter tudo aquilo que quer e realizar todos os seus sonhos”, afirmou Melo, o atual empresário do jogador.

Pepeu frequentou a ONG durante quatro anos e, com o auxílio de Franklin, fez testes em clubes como Sport Club Internacional, de Porto Alegre (RS) e Associação Ferroviária de Esportes, time de Araraquara (SP). Além disso, em 2022, o jogador defendeu as cores da seleção do Rio de Janeiro na Taça das Favelas, torneio organizado pela Central Única das Favelas (Cufa).

Agora, o jovem que aprendeu a driblar o calor desértico de Bangu, considerado pelo IBGE um dos bairros mais populoso do Brasil, pode sonhar com um futuro mais confortável e desfrutar dos primeiros benefícios financeiros que o futebol traz. Pepeu sinalizou ao Visão do Corre de que forma usou o primeiro salário recebido como jogador do Botafogo e surpreendeu.

“Eu sempre peço orientação do Franklin para tomar minhas decisões e dessa vez não foi diferente. Comprei roupas e tênis, claro, mas a primeira coisa que eu comprei foi uma cama nova”, contou. “Comprei aquelas camas grandonas, sabe? Agora posso me esparramar pela cama e dormir de boa!”, disse Pepeu aos risos.

Tênis que Pepeu usou antes de chegar à categoria de base do Botafogo
Tênis que Pepeu usou antes de chegar à categoria de base do Botafogo
Foto: Arquivo pessoal

Segundo o empresário, “o jogador é moderno e tem características técnicas ideais para futuramente brilhar na Europa”. Vale lembrar que, em 2022, o Botafogo foi comprado pelo empresário estadunidense Jonh Charles Textor e o clube brasileiro mantém uma parceria com o Lyon, time da primeira divisão da França.

“O que penso do futuro? Eu sonho grande, sonho em chegar no profissional e continuar ajudando minha família. Para os moleques que sonham como eu, só posso dizer para não desistir e fazer como diz o louvor do [cantor] Fernandinho e escrever uma nova história”, finalizou Pepeu.

Fonte: Visão do Corre
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