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Fundador de projeto social escreve livro para custear atletas no RJ

Edição bilingue, em português e inglês, pretende alcançar o mercado internacional. Livro estava engavetado há 25 anos

18 jan 2025 - 12h00
(atualizado às 12h24)
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Sebastião Dias de Oliveira costuma materializar seus sonhos, mas não pensava em publicar o livro guardado há 25 anos.
Sebastião Dias de Oliveira costuma materializar seus sonhos, mas não pensava em publicar o livro guardado há 25 anos.
Foto: Divulgação Badminton

Sebastião Dias de Oliveira, que construiu, com as próprias mãos, a sede do projeto social que levou seu filho às Olimpíadas, está publicando uma obra de ficção, em português e inglês, cuja renda vai ajudar custear jovens na Chacrinha, extremo oeste do Rio de Janeiro, com aulas de badminton – uma mistura de vôlei com tênis, por assim dizer.

Este homem preto de 60 anos é daquele tipo de sujeito iluminado, meio louco e, para alguns, inconsequente. Afinal, quem furaria 198 buracos para fazer a fundação de uma construção de 1.500 metros quadrados para dar aula de badminton na favela? Ele fez isso há 25 anos e os resultados, inimagináveis, estão aí para que quiser ver.

Quando começou o projeto social Miratus, Sebastião escreveu um livro de ficção que ficou guardado. A iniciativa esportiva cresceu, obteve reconhecimento nacional e internacional, seus atletas conquistaram dezenas de títulos, dois deles foram os primeiros brasileiros a se classificarem para uma Olimpíada, a Rio 2016.

Imagem de Aloccan, obra em dois volumes e edição bilingue, português e inglês. Objetivo é alcançar o mercado internacional.
Imagem de Aloccan, obra em dois volumes e edição bilingue, português e inglês. Objetivo é alcançar o mercado internacional.
Foto: Divulgação

Mas e o livro? Até o começo de 2025, a única utilidade da obra foi fornecer o nome do projeto social, o mesmo de um personagem. Mas Sebastião se diz provocado por alguma força que não sabe explicar. Acordava de madrugada com ideias, e se não escrevia, não conseguia voltar a dormir.

Objetivo é tornar o projeto social menos dependente de patrocínios

Provocado a publicar o livro no ano passado, Sebastião, como sempre, meteu as caras e custeou tudo: usou décimo-terceiro, férias, algumas economias e pagou revisão, tradução para o inglês e editoração da obra. Gastou cerca de R$ 12 mil. “Quero alcançar o mercado internacional”, diz.

Visando leitores gringos, e exercendo a liberdade poética, o autor assina como Sebastiminton Oliver os volumes I e II de Aloccan. Por ser bilingue, são quatro volumes lançados, disponíveis na Amazon.

Metodologia do badminton da Miratus une os passos e o ritmo do samba, adaptados aos movimentos e posicionamento em quadra.
Metodologia do badminton da Miratus une os passos e o ritmo do samba, adaptados aos movimentos e posicionamento em quadra.
Foto: Divulgação Miratus

A narrativa é uma jornada épica de ambição, magia e traição que atravessa as fronteiras do tempo. Em ambiente medieval, permeado por conflitos, mistérios e poder, os livros contam como fé e escuridão moldam destinos.

“Não me preocupei se vai vender ou não. Minha preocupação não é ter o dinheiro cem por cento para pagar as atividades do projeto social. Se a coisa avançar, com uns cinco livros vendidos por dia no mundo, acho que vira”, calcula Sebastião.

Dirigir mil quilômetros para levar atletas para competição

Sebastião não é escritor, nem pretende ser. Tudo o que faz é voltado para o projeto social de badminton. O custeio é caro. Além da manutenção da estrutura, as viagens dos atletas – que são muitas, disputando os principais campeonatos no Brasil e no mundo – exigem pagamento de inscrição, passagens, alimentação.

Filho mais velho de Sebastião Dias de Oliveira, o atleta de badminton Ygor Coelho disputou três Olimpíadas.
Filho mais velho de Sebastião Dias de Oliveira, o atleta de badminton Ygor Coelho disputou três Olimpíadas.
Foto: Divulgação Miratus

O próximo compromisso dos atletas do Miratus será em Maringá (PR). Sebastião vai dirigir mais de mil quilômetros para levar sete atletas em seu carro utilitário. Nem sempre dá para resolver no improviso. Em 2024, apesar da visibilidade, tendo seu filho disputando a terceira Olimpíada, houve percalços.

Dos 20 atletas classificados para o Sul-Americano no Chile, apenas um conseguiu ir. No último campeonato nacional, em Palmas (TO), foram somente oito atletas. “Trabalhar com inclusão social e, ao mesmo tempo, ter que excluir jovens por falta de recursos é uma das maiores contradições que já vivi. Isso me entristece profundamente”, diz Sebastião.

Seu lamento logo muda de rumo, ele volta a falar do livro, das possibilidades de venda. “Sabe o que eu sonho? A coisa fugir do controle e a gente expandir o projeto para outras comunidades. Se der certo, eu vou dizer, valeu a pena. Se não der, também. Eu vou ficar feliz de qualquer jeito. O grande desafio é materializar”.

Fonte: Visão do Corre
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