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Goleira com 'síndrome do pé torto' sonha em ter projeto social

Dinorá mede 1,53 metros, mas quando o assunto é superação e ajuda ao próximo a jovem voa alto

14 dez 2022 - 05h00
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Foto: @coutinhofotografias

Quando alguém pensa em má formação congênita é bem provável que a imagem de uma pessoa acamada venha à mente. No entanto, Dinorá Braga, 25, é o exemplo de que uma doença também pode ser sinônimo de garra e superação. A estudante de educação física nasceu com uma doença chamada Pé Torto Congênito (PTC), a síndrome do pezinho torto para dentro, e fez dessa dificuldade um degrau para voar alto.  

Voar, aliás, é a palavra mais adequada para definir o que Dinorá faz com os seus incríveis 1,53 metros. A jovem é a goleira titular da seleção feminina do estado do Ceará, um dos representantes do nordeste no torneio Taça das Favelas Nacional 2022, disputado em São Paulo no mês de novembro. 

O time feminino cearense foi um dos 12 que disputaram a competição interestadual idealizada pela Central Única das Favelas (Cufa). Além da visível habilidade com as mãos, Dinorá tem outro talento que vem do coração: ajudar o próximo. A goleira sonha em ter um projeto social próprio para acolher crianças e adolescentes de baixa renda e, no futuro, quer ser professora para ensinar que é possível sonhar com a ajuda do esporte.   

Superação e afeto 

O grau de PTC que acometeu Dinorá foi o mais severo e levou a jovem a realizar diversas cirurgias corretivas, usar gesso e bota ortopédica, além de incontáveis sessões de fisioterapia até os sete anos de idade. Depois disso, a jogadora foi liberada pelos médicos para realizar atividade físicas que incluíssem um trabalho de fortalecimento dos membros inferiores e aumentassem a capacidade motora dos movimentos.   

“Eu precisava praticar um esporte para ajudar na recuperação, mas eu era muito ruim para jogar bola com os pés, por isso optei pela posição de goleira. Foi quase sem querer que eu percebi meu talento para jogar embaixo das traves, mas fui agarrando no gol e melhorando aos poucos que me descobri na posição”, lembrou a goleira.  

Segundo a atleta, no começo, chutar a bola doía o tornozelo e os dedos dos pés e, mesmo assim, Dinorá acreditou que o futebol poderia ajudar na recuperação e manutenção da sua saúde física e mental. A goleira conta que pratica, semanalmente, musculação para auxiliar seu condicionamento físico, já que depende do corpo para suportar os 90 minutos de uma partida de futebol.   

Dinorá explica que a prática esportiva lhe rendeu mais segurança, não apenas pelo fato de contribuir para o desenvolvimento motor de pés e pernas, mas, sobretudo, porque estar presente em um grupo de jogadoras devolve a autoestima, afeto e carinho que a jovem tanto precisava para encarar as limitações impostas pelo dia a dia e pela vida. 

“Estar onde pessoas acolhem, te escutam e te dão um porto seguro imenso para continuar focada, é importante demais. A minha vinda para São Paulo é a realização de um sonho e só quem me acompanha para saber das minhas lutas e entender o que representa este momento para mim”, finalizou Dinorá.  

Fonte: Visão do Corre
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