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Rogi Mirim: O time que mantém os sonhos de crianças da Maré

Projeto social de favela da zona norte do Rio de Janeiro leva esporte para crianças e adolescentes todos os dias, e busca 'formar pessoas'

24 fev 2022 - 05h00
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Adolescentes jogam vestindo a camisa do Rogi Mirim
Adolescentes jogam vestindo a camisa do Rogi Mirim
Foto: Glaucio Aleixo/ANF

Quem não sonhou em ser um jogador de futebol? Glaucio Aleixo Lima, de 42 anos, não pôde jogar bola quando era criança pois teve  uma infância difícil. Aos 19 anos, viu a dificuldade de crianças e adolescentes e decidiu fundar o projeto social Rogi Mirim, na Vila do Pinheiro, no Complexo da Maré, zona  norte do Rio de Janeiro, para manter os jovens afastados da marginalização.

O projeto foi registrado em 2007 e além de oficinas de futebol, tiveram teatro, dança, percussão, curso de garçom e inglês. Porém não conseguiram renovar o contrato com a parceria e, em 2009, continuaram somente com futebol. Hoje, Rogi Mirim tem duzentos alunos com aulas de futebol de segunda à sexta-feira.

Jovens participam de treinos de segunda à sexta-feira
Jovens participam de treinos de segunda à sexta-feira
Foto: Divulgação/Rogi Mirim

Lima contou à reportagem que tem jovens dos 5 aos 17 anos inscritos nas aulas.O criador do projeto diz que seu objetivo não é ver que um deles chegou a ser jogador profissional, porque isso é uma consequência do trabalho que realizam, mas o que realmente motiva é ver os alunos crescerem e se tornarem trabalhadores, construírem famílias e se tornarem pessoas de bem.

Pedalando para continuar

Glaucio Lima, fundador do Rogi Mirim, divide o seu tempo fazendo entregas e treinando jogadores
Glaucio Lima, fundador do Rogi Mirim, divide o seu tempo fazendo entregas e treinando jogadores
Foto: Favela Stories/ANF

Glaucio conta que parava se sustentar e continuar dando aulas no projeto, trabalha como entregador em um aplicativo de delivery: “Rodo em Copacabana, Leblon, Leme, vou de bicicleta e rodo o dia todo. Quando dá a hora das aulas venho embora. É um trabalho muito perigoso, ando de bike na pista, junto com os carros. Já vi muitos amigos serem atropelados até mesmo morrerem, mas foi o único trabalho que me possibilitou manter o projeto vivo.” Conta.

Não é só ele que enfrenta dificuldades para se manter no projeto,  Lima diz que tem alunos com dificuldades de alimentação, outros, muitas vezes não conseguem comprar as chuteiras e Glaucio compra para eles treinarem. Além disso, quando precisam ir a algum evento, não possuem transportes, e ele precisa convencer o motorista de ônibus a dar uma carona aos alunos.

Troféus expostos em festa, Rogi Mirim já soma mais de setenta títulos
Troféus expostos em festa, Rogi Mirim já soma mais de setenta títulos
Foto: Rogi Mirim/ANF

Mesmo sem ter investimento do governo ou instituição privada, o projeto vem fazendo história no futebol, Rogi Mirim é pentacampeão da Copa Roberto Dinamite, tricampeão da Copa da Paz e campeão da copa FAFERJ no Maracanã, ao todo são mais de setenta títulos ao longo da trajetória.

"A superação é muito grande e o esforço para manter tudo vivo é maior ainda, porém, isso está no meu sangue. Eu só não entendo como pode uma comunidade ser cercada pelas principais vias do Rio de Janeiro e mesmo assim nós somos invisíveis” desabafa Glaucio.

O Futebol aliado a educação na favela

Crianças precisam ter boas notas e frequência escolar para treinar
Crianças precisam ter boas notas e frequência escolar para treinar
Foto: Rogi Mirim/ANF

Para jogar futebol tem que estudar, todos os alunos do Rogi Mirim precisam comprovar frequência escolar e ter boas notas. Gláucio conta à reportagem  que sempre pede aos pais procurarem ele quando os filhos tiram notas baixas ao invés de tirá-los do futebol, o trabalho em conjunto do projeto e dos pais geram mais resultados.

"A maior conquista do projeto foi quando fomos jogar em uma competição e tinha um menino que havia se envolvido com o tráfico e me pediu uma oportunidade, expliquei que não podia misturar as coisas, então ele quis sair, eu sentei com um dos ‘cabeças’ e pedi por este aluno, ele saiu do tráfico e hoje não se tornou um atleta, mas se tornou um bom pai de família e é um homem do bem, trabalhador" conta Glaucio.

ANF
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