Strong Bears, o time de futebol americano de Carapicuíba
Time da Grande SP voltou à disputa do campeonato paulista após cinco anos; diretores falam sobre falta de apoio institucional da prefeitura
Aos domingos, a partir das 8h, o Parque Estadual Gabriel Chucre, no centro de Carapicuíba, cidade da Grande São Paulo, recebe cerca de 30 atletas de futebol americano.
O encontro semanal se trata do treino do Carapicuíba Strong Bears, primeiro e único time da modalidade no município, que voltou a disputar o Campeonato Paulista de Flag da Fefasp (Federação de Futebol Americano de São Paulo), no final de abril, após cinco anos afastado da competição.
A temporada 2022 do Paulista de Flag – modalidade de entrada do esporte, que dispensa equipamentos de proteção – é a primeira desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020.
O campeonato reúne 14 equipes do estado de São Paulo, como o Diadema Diamond e o Guarulhos Royals Football, divididas em duas conferências: Norte e Sul. Agenda de jogos, resultados e classificações são divulgados nas redes sociais.
Os desafios extracampo
Além das dificuldades inerentes à organização de qualquer equipe, como gestão de atletas e captação de patrocinadores, os Bears também enfrentam a falta de apoio institucional da prefeitura de Carapicuíba, conta Adilson Junior Almeida, 38, diretor da equipe e morador da Cohab 2.
Ele explica que, em 2017, através da orientação do Osasco Soldier, equipe da cidade vizinha, os Bears conseguiram um ofício para utilizar o Estádio Municipal de Carapicuíba. No dia da partida, entretanto, Almeida relata que o ofício foi suspenso pela prefeitura para que o espaço fosse utilizado para um jogo de futebol de várzea.
“Fomos muito prejudicados. Como o futebol de várzea traz mais público, a tendência é que eles sejam beneficiados em detrimento de outras modalidades”, lamenta.
O diretor também compara a falta de apoio da administração municipal com o que ocorre em municípios da região. “As equipes de Osasco e Barueri têm apoio de suas respectivas prefeituras, mas por aqui isso não acontece”, diz.
Para Caio Souza, 22, coordenador de ataque, outro desafio comum a todas as equipes da modalidade é vencer o estigma de esporte violento que o futebol americano carrega.
“O esporte é extremamente tático, com regras bastante claras sobre o uso da força e o contato físico”, cita.
Segundo os diretores do Strong Bears, a recente popularização do esporte no Brasil tem contribuído para a superação desse obstáculo. A última edição do Super Bowl, por exemplo, foi transmitida pela TV aberta. O evento é o jogo final do campeonato da NLF (National Football League), a principal liga de futebol americano dos Estados Unidos.
“Quando todos saberem exatamente o que é o futebol americano e como ele funciona, as coisas vão melhorar”, conta Almeida.
Um time que nasceu vencedor
O head coach (treinador principal) do Strong Bears, Fernando Guidetti, 28, conta que a equipe nasceu no final de 2014 a partir de um grupo de amigos aficionados pelo esporte.
“Todos nós gostávamos de futebol americano, mas não existia um time na cidade. Ao mesmo tempo, não queríamos jogar pela equipe de Osasco – foi então que decidimos montar o primeiro time de Carapicuíba”, diz, se referindo a rivalidade entre as duas cidades.
Guidetti, que é um dos poucos remanescentes da formação original, lembra que o primeiro jogo dos Bears foi justamente contra o Osasco Soldiers, fundado em 2008 e atual vice-campeão do Campeonato Paulista de Flag.
“Não tínhamos uniforme”, recorda. “Vestimos camisetas brancas com a numeração desenhada a mão usando tinta vermelha. Foi uma partida difícil, mas vencemos”.
Desde então, o Soldier é o maior rival dos Strong Bears. Apesar da rivalidade dentro de campo, a direção das duas equipes são próximas e se ajudam com atividades que visam a promoção do esporte.
Além de estrearem com uma vitória, os Bears também se orgulham de terem vencido dois Bowls, pequeno campeonato com quatro times, de forma invicta e sem tomar nenhum ponto.
A última edição vencida pelo time de Carapicuíba aconteceu no Grajaú, na zona sul de São Paulo, em 2018.
Prefeitura diz que campos estão à disposição do time
Procurada, a prefeitura de Carapicuíba alegou que não recebeu ofício da equipe, solicitando a utilização do Estádio Municipal na época do jogo contra o Osasco Soldier.
Ressaltou, contudo, que está à disposição para ajudar o time, assim como faz com as demais modalidades esportivas. “Nossa cidade possui diversos campos, com grama natural e sintética, que são disponibilizados por meio da Secretaria de Esportes”, destaca.
Faça parte do Strong Bears
Caso você more em Carapicuíba e tenha interesse em jogar futebol americano, participe dos treinos abertos do Strong Bears. Para mais informações, acompanhe a equipe nas redes sociais.