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Tricampeão, Brasil joga Copa do Mundo de futebol de rua na Coreia

Seleção brasileira, mista, desembarca na Coreia do Sul para mundial que tem regras próprias e função social como princípio

21 set 2024 - 10h56
(atualizado às 10h58)
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Resumo
Time brasileiro tem cinco jogadores e três jogadoras. Edição de 2024, disputada em Seul, reúne 52 equipes de 38 nações. Realizada pela primeira vez na Ásia, são 450 atletas, homens e mulheres.
Na preparação para a Copa, seleção treinou em Bertioga, litoral paulista, e São Roque, interior do estado.
Na preparação para a Copa, seleção treinou em Bertioga, litoral paulista, e São Roque, interior do estado.
Foto: Heber Dall Oglio

“É sempre uma surpresa”, diz o técnico Pupo Fernandes sobre as chances da seleção brasileira de futebol na Homeless Word Cup, a Copa do Mundo de Sem-Teto. Ela acontece de 21 a 28 de setembro em Seul, capital da Coreia do Sul.

A surpresa é a única certeza porque as seleções, que podem ser mistas, mudam a cada ano. Atletas não são profissionais, nem jogam em equipes que disputam competições oficiais.

Apesar da Copa reunir projetos sociais que atendem moradores de rua dos 70 países membros, a seleção brasileira vem de realidades sociais vulneráveis. Ninguém mora debaixo de viadutos.

Os dirigentes do Futebol Social, ONG que organiza a seleção, preferem chamar a modalidade de “futebol social” ou “de rua”. O Brasil é tricampeão da modalidade: venceu em 2010, 2013 e 2017.

A Copa deste ano reúne 52 equipes. São 450 jogadoras e jogadores de 38 países. “A transformação dos nossos atletas já aconteceu, mesmo antes de chegar à copa”, diz o técnico Pupo Fernandes.

Ele conversou com o Visão do Corre em uma escala do voo que levou a seleção brasileira a Seul.

Pupo treina a seleção há vinte anos. Brasil foi campeão em 2010, no Rio de Janeiro, 2013 (Polônia) e 2017 (Noruega).
Pupo treina a seleção há vinte anos. Brasil foi campeão em 2010, no Rio de Janeiro, 2013 (Polônia) e 2017 (Noruega).
Foto: Heber Dall Oglio

Como você avalia a atual seleção?

Todo ano nós temos que mudar o time, mas não podemos gerar nenhuma expectativa em relação a títulos. Nós temos um foco social, de transformação de jovens. Mas sabemos que quando o Brasil entra em um campeonato, ele acaba sendo um dos favoritos.

E como estão as outras seleções?

Nós não sabemos quem vamos encontrar. De repente, seleções do ano passado que foram fracas, podem se tornar fortes. Muda todo ano. Temos uma seleção competitiva, porém a primeira meta é passar da primeira fase.

E difícil saber o que acontece com outras seleções?

A gente acompanha nas redes sociais, mas praticamente só na última semana, quando se define quem vai participar. A gente está nessa expectativa para saber com quem a gente vai jogar, primeiramente. Vai ter um sorteio.

Participar dessa Copa abre portas para o futebol tradicional?

O futebol social não tem o intuito de formar o atleta, mas a maioria dos nossos jovens tem sonhos. Se forem atletas profissionais seremos muito felizes, mas se for um jovem padeiro, cozinheiro, barbeiro, é também muito gratificante.

Como você avalia a cobertura da imprensa sobre a Copa?

Uma coisa que me deixa triste é que quando vão fazer uma entrevista: a primeira coisa que perguntam é se existe uma história legal para contar, mas todas as histórias são impactantes. Hoje nós temos, por exemplo, um garoto que sobe numa árvore de vinte metros para colher açaí, tem um jovem que mora no sertão do Cariri.

A saída para a crise do futebol brasileiro seria valorizar sua verdadeira base, a rua?

Escutei do Falcão ‘imagina se eu tivesse um treinador de escolinha na época que eu jogava na rua. Ele ia falar para tocar a bola’. A gente perdeu muito a criatividade com escolinhas, robotiza. Na rua, podia tentar quantos dribles quisesse, por isso estamos perdendo essa essência.

Fonte: Visão do Corre
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