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Exclusivo: conheça memorial de Carolina Maria de Jesus em MG

Centro cultural será construído em Sacramento, onde escritora nasceu há exatos 110 anos. Filha explica projeto

14 mar 2024 - 08h27
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Resumo
O acervo de Carolina Maria de Jesus, em Sacramento, interior de Minas Gerais, será colocado em um memorial, cujo projeto arquitetônico está pronto. O local contém 42 compartimentos, com salas de arquivo, espaço para cursos, anfiteatro de arena, estúdio de gravação, estacionamento e jardim. Sua filha, Vera Eunice, explica o projeto no dia em que sua mãe completa 110 anos de nascimento.
Projeto da arquiteta Monica Mello para o Centro Cultural Carolina Maria de Jesus em Sacramento, MG
Projeto da arquiteta Monica Mello para o Centro Cultural Carolina Maria de Jesus em Sacramento, MG
Foto: Fábrica de Ideias

O centro cultural que abrigará o acervo de Carolina Maria de Jesus em Sacramento, cidade onde ela nasceu, no interior de Minas Gerais, está projetado. O Visão do Corre publica com exclusividade uma imagem do futuro memorial no dia em que se completam 110 anos do nascimento da escritora, em 14 de março de 1914.

O local terá 42 compartimentos, entre eles salas de arquivo, espaço para cursos, anfiteatro de arena, estúdio de gravação, reserva técnica, jardim, praça, estacionamento. Por enquanto, o acervo com fotos e manuscritos “está na cadeia”, diz a filha Vera Eunice de Jesus, em referência ao local que foi uma delegacia.

Ela conversou com o Visão do Corre sobre o projeto e a data centenária. Aos 70 anos, professora de Língua Portuguesa aposentada, ainda atua na educação infantil. “Não consigo largar meus pequenos”.

Vera Eunice mora em Interlagos, zona sul da capital paulista. É viúva, mãe de cinco filhos, e guardiã do legado da mãe. Seus dois irmãos morreram. No livro Quarto de Despejo, que inaugurou a carreira literária de Carolina Maria de Jesus em editoras, a filha é citada várias vezes.

Para ela, a cena mais marcante é a do cachorro morto que a vizinha pediu para jogar no rio Tietê, em troca de uns trocados. “Ela me colocou em cima de um muro e pegou aquele cachorro morto, cheio de bicho, colocou num saco, um cheiro horrível, podre. Eu fiquei olhando ela caminhar até o rio”, lembra.

Como surgiu a ideia do memorial?

Tive oportunidade de falar com a ministra Margareth Menezes no ano passado. Consegui um minutinho, falei da necessidade de preservar o acervo, de construir um lugar adequado. Foi bem rápido, ela mexia a cabeça positivamente. Pensei que a ministra não ia fazer nada. Uma semana depois, ela colocou o pessoal de Sacramento na mesa em Brasília. Eles levaram um projeto e ela recusou, disse que Carolina Maria de Jesus merecia mais. Deu prazo para trazerem um projeto completo.

Vera Eunice, a filha de Carolina Maria de Jesus, é a guardiã do legado da mãe e luta para preservar seu acervo
Vera Eunice, a filha de Carolina Maria de Jesus, é a guardiã do legado da mãe e luta para preservar seu acervo
Foto: Marcelo Camargo/AB

Essa é sua principal meta?

É primordial tirar o acervo da cadeia que virou arquivo público, minha mãe ficou presa nessa cela, apanhou lá. O acervo estava dentro de pastas, depois puseram num armário e mandaram a foto para mim. Até ri, está em um armário tipo desses de cozinha, sem climatização. As pessoas não podem ficar mexendo.

A obra de sua mãe foi traduzida em 13 línguas. Você recebe os direitos autorais?

Quando minha mãe era viva, recebia dos Estados Unidos e da Alemanha, do Japão não recebeu, nem Tchecoslováquia e de outros países. Um sujeito veio da Rússia, falou para minha mãe que passava fome, ela cedeu os direitos autorais para ele.

Os Estados Unidos pagam até hoje?

Pagam, mas a exigência deles é tão grande que eu não consigo acertar os documentos, querem um CPF de lá, estamos vendo se resolve. É pouco, dá uns duzentos reais. Eu vou para os Estados Unidos este ano fazer palestras em universidades. Vou tentar resolver.

Você está escrevendo uma biografia da sua mãe?

Eu preciso dominar essa emoção, sou até brava, mas também sou emotiva, tem hora que fica até pitoresco. Estava escrevendo tranquila, mas vi uma foto de quando eu saia com ela para catar papel, eu via que ela separava as partes limpas de papel higiênico usado, ela estava tão magra. Aquilo me travou. Agora estou escrevendo de novo.

O que sua mãe escreveria hoje, aos 110 anos de nascimento?

Se ela levantasse do túmulo e escrevesse um livro, seria Quarto de Despejo de novo, porque continua a mesma coisa.

Fonte: Visão do Corre
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