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FGV: 87,7% dos trabalhadores informais gostariam de se formalizar via carteira assinada ou CNPJ

Sondagem do Mercado de Trabalho aponta que preferência pelo trabalho formal é motivada pelo desejo de ter rendimentos fixos e o acesso a benefícios que as empresas costumam dar

6 dez 2022 - 05h11
(atualizado às 08h57)
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Rio - Sete em cada dez trabalhadores atuando por conta própria, com ou sem CNPJ, gostariam de mudar de emprego para uma vaga que oferecesse vínculo empregatício, segundo a Sondagem do Mercado de Trabalho, produzida pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

O Brasil registrou alta na criação de empregos formais pelo sexto mês consecutivo. Em setembro,34.392 pessoas tiveram suas carteiras assinadas. Confira os seis Estados que mais contrataram e demitiram no último mês.
O Brasil registrou alta na criação de empregos formais pelo sexto mês consecutivo. Em setembro,34.392 pessoas tiveram suas carteiras assinadas. Confira os seis Estados que mais contrataram e demitiram no último mês.
Foto: Marcello Casal Jr/ABr - Agência Brasil / Estadão

A proporção é ainda maior quando considerados todos os trabalhadores informais - aqueles que não possuíam nenhum tipo de registro oficial, incluindo os trabalhadores sem carteira assinada no setor privado, empregadores e trabalhadores por conta própria sem CNPJ. Nesse caso, 87,7% afirmaram que gostariam de se formalizar, seja via carteira assinada, seja através de registro.

"É mais gente trabalhando por necessidade (nesse tipo de ocupação) do que por uma vontade própria", disse Rodolpho Tobler, coordenador e responsável técnico pela pesquisa do Ibre/FGV.

O levantamento, que terá divulgação trimestral, se refere à coleta de informações realizada entre agosto e outubro de 2022. Nesse período, o número de trabalhadores atuando na informalidade no Brasil alcançava 38,964 milhões, ligeiramente abaixo do pico registrado no trimestre imediatamente anterior, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os trabalhadores informais ouvidos pelo Ibre/FGV, o desejo de formalização era maior entre os que recebiam menores rendimentos: 89,5% dos informais com renda mensal até dois salários mínimos preferiam migrar para um trabalho com carteira assinada ou CNPJ, ante uma fatia de 75,8% entre os que ganhavam mais de dois salários.

Para Fernando Veloso, coordenador do Observatório da Produtividade Regis Bonelli do Ibre/FGV, apesar da melhora recente em indicadores do mercado de trabalho, como a redução na taxa de desemprego, os resultados da nova sondagem mostram um retrato mais fiel da situação de parte significativa dos trabalhadores brasileiros.

"Renda baixa, muita volatilidade e baixa proteção social. Então, acho que é um quadro mais nítido que o mercado de trabalho está mostrando", opinou Veloso.

Segundo ele, o que os resultados estão mostrando é um alto grau de vulnerabilidade e uma quantidade muito grande de trabalhadores por conta própria ou sem registro "querendo se formalizar ou querendo ter vínculo com empresa para ter acesso a benefícios ou a uma renda mais estável".

"Há uma preocupação grande também com a remuneração baixa. Por trás desses números mais agregados do mercado de trabalho que mostram o desemprego caindo, eu acho que isso está revelando ainda uma fragilidade bastante grande", acrescentou.

O estudo identificou ainda que, entre os trabalhadores por conta própria atuando sem qualquer registro ou mesmo os registrados com CNPJ, apenas 30,4% prefeririam manter-se na situação atual do que mudar para uma vaga de contratado por uma empresa pública ou privada.

Entre os demais 69,6% que preferiam a mudança, os principais motivos apontados foram o desejo de ter rendimentos fixos (33,1%) e o acesso a benefícios que as empresas costumam dar (31,4%). Outros 5,1% apontaram outros fatores.

Expectativas e receios sobre o futuro

Ao menos quatro em cada dez trabalhadores acreditavam ser provável que perdessem o emprego ou a principal fonte de renda nos próximos 12 meses: 27,2% achavam provável e 14,1% achavam muito provável. Por outro lado, 26,5% consideravam muito improvável que isso ocorresse, e 32,2%, improvável.

Caso perdessem o principal emprego ou fonte de renda, 66,5% dos trabalhadores calculavam que conseguiriam se sustentar por um período de até três meses. Os demais 33,5% afirmaram que conseguiriam se manter por mais de três meses.

Quanto ao futuro, 54,8% dos trabalhadores acreditam que a tecnologia será uma aliada no seu trabalho e ajudará a aumentar a qualidade de vida num horizonte de cinco anos. Apenas 15,2% das pessoas afirmam que a tecnologia poderia ser um problema, enquanto 30% imaginam que a tecnologia não afetará o trabalho que desempenham.

Ao ampliar o horizonte de tempo entre cinco e dez anos, considerando todos os entrevistados, estando empregados ou não, a maioria se disse muito preocupada com questões financeiras: 67,6% dos entrevistados temiam "não estar tão bem financeiramente quanto gostariam" e 61,9% mencionaram "a família não estar tão bem financeiramente".

A Sondagem do Mercado de Trabalho coletará mensalmente informações de 2.000 pessoas físicas acima de 14 anos em todo território nacional.

A próxima divulgação ocorrerá em janeiro de 2023, quando a pesquisa passará a ser divulgada trimestralmente.

Estadão
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