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Frota de ônibus precária dificulta a vida nas quebradas de MG

Excesso de passageiros e má qualidade dos coletivos causa revolta e estresse nos usuários da capital e região metropolitana

3 out 2022 - 05h01
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Ônibus são planejados para o transporte de mais passageiros em pé do que sentados.
Ônibus são planejados para o transporte de mais passageiros em pé do que sentados.
Foto: Erlaine Grace/ANF.

Integrantes do movimento social apartidário e independente Nossa BH lançaram o Mapa da Desigualdade tendo como foco a acessibilidade e a mobilidade. O mapa aponta baixa frequência de circulação de ônibus em regiões periféricas, além da demora e superlotação.

Nas regiões norte e nordeste o levantamento é de menos de 4 ônibus circulando entre os horários de 5h e 20h. O coordenador do Nossa BH, André Veloso, comenta que a área mais prejudicada é a zona nordeste, onde se concentra a maior parte de pessoas negras. “Não por acaso é onde a população preta e mais pobre da cidade está”, reforça.

 André Veloso
André Veloso
Foto: Arquivo Pessoal

Em outras comunidades as dificuldades nos transportes públicos não fogem às regras da desigualdade. Luana Costa, integrante do Nossa BH fala sobre a região do Barreiro. “A situação está caótica. O ônibus continua superlotado, as 24 mil viagens que eram feitas antes da pandemia não foram retomadas, não retomaram as viagens noturnas”, completa. Ela analisa o fato do pagamento da passagem ser um item lucrativo: assim esse sistema não passa a ser entendido enquanto direito da população usuária de transporte coletivo, principalmente a população preta, pobre e de baixa renda, que tem no transporte público o único meio de se deslocar.

 Luana Costa.
Luana Costa.
Foto: Arquivo Pessoal.

Stéfane Rodrigues, 23 anos, mora no Barreiro e sempre dependeu do transporte público. Ela conta que além dos ônibus circularem sempre cheios, com a quantidade superior permitida, presencia quase diariamente discussões entre passageiros e desconforto. “Em qualquer curva eu preciso me esforçar em me segurar e equilibrar. Também não consigo parar de pensar em porque o veículo não tem cinto de segurança ou qualquer outro equipamente semelhante”, acrescenta. A jovem aponta diversas irregularidades nos coletivos, inclusive goteiras em dias de chuva. “Precisei abrir meu guarda-chuvas na janela para que a chuva parasse de entrar ali”, diz.  

 Stéfane trabalha como Operadora de Telemarketing e demora 1h20 para chegar no trabalho.
Stéfane trabalha como Operadora de Telemarketing e demora 1h20 para chegar no trabalho.
Foto: Arquivo Pessoal.

Na região metropolitana, em Ribeirão das Neves, os relatos são semelhantes. Inara Lima, 22 anos, também é usuária do transporte desde sempre. A passagem é mais cara, mas o relato é o mesmo: demora para passar, demora para chegar no centro e brigas entre passageiros, motoristas, estresse, veículos malcuidados, goteiras e constrangimento. “Uma vez eu estava muito cansada, pois trabalho como vendedor exerno e fico em pé o dia todo. Então sentei na escada e fui chamada de preguiçosa por uma passageira” relembra.

Inara fala também sobre as diferenças entre a quantidade de ônibus nas regiões nobres. “São menos cheios porque passam com muito mais frequência, são bem mais novos e mais cuidados, não tem comparação com os ônibus que passam em Neves, justamente onde mais precisamos”, afirma. Estudos do Nossa Bh comprovaram essa afirmação, reforçando que existe uma grande quantidade de ônibus nas regiões nobres, porém nas comunidades dessas mesmas regiões são os locais com menor quantidade dos veículos.

Fila da Estação Move fora do horário de pico.
Fila da Estação Move fora do horário de pico.
Foto: Erlaine Grace/ANF.

Apesar de há dois meses ter sido pago um subsídio às empresas de ônibus da capital, não há relatos de melhora dos usuários. As reclamações e pedidos dos passageiros não foram solucionados, conforme consta nos aplicativos  do WhatsApp e BH Digital.

ANF
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