Inaugurado hoje, museu de grafite quer ser o maior do RJ
Festa de abertura no Beco da Pantera, na Lapa, tem feira e shows gratuitos. Evento receberá doações para vítimas das chuvas no RJ
Acontece hoje, das 10 da manhã até 22 horas, a inauguração do Beco Verde, no Beco do Pantera, Lapa, região central do Rio de Janeiro. A intenção dos organizadores é transformar o local no maior museu carioca de arte urbana a céu aberto. Gratuito, o evento tem feira, shows e recebe doações às vítimas da chuva.
O Corredor Cultural Beco do Pantera começa na Praça Paris e vai até a escadaria decorada pelo artista chileno Jorge Selarón, com 215 degraus de azulejos coloridos e mosaicos, uma das atrações turísticas mais visitadas do Rio de Janeiro.
“Com certeza vamos atingir a Lapa inteira, é só questão de tempo”, promete o rapper Shackal, idealizador da Tropa da Solidariedade, projeto que mobiliza nomes de peso na arte urbana do Brasil e do mundo. O rimador faz parte da primeira geração do rap no Rio de Janeiro, no início dos anos 1990.
As obras nas paredes do Beco da Pantera contam a história do bairro e da cultura afro-brasileira, predominantemente. “É a arte da rapaziada para o mundo. Nós por nós, fazendo a diferença para uma sociedade melhor e mais justa”, resume Shackal.
Cultura hip hop pode transformar a Lapa
São ao menos 20 artistas na linha de frente da Tropa da Solidariedade, realizando ações como hortas urbanas, distribuição de comida sem agrotóxicos e curso de inglês. Eles ocupam a revitalizam a região desde antes da pandemia, e vêm pintando muros e fachadas da Lapa desde 2022.
Voltaram a realizar eventos, como a Resenha da Tropa, e fazem hoje a inauguração do Beco Verde. “A gente está transformando o espaço, antes abandonado, em um ambiente catalisador. É um convite aberto à toda cidade, a todo o Brasil, ao planeta, pois o planeta passa pela Lapa”, descreve Shackal.
Ele conversou com o Visão do Corre:
Como é e onde fica o Beco do Pantera?
Fica entre o Beco do Rato, a escadaria do Selarón e a Praça Paris. Também dá para acessar pela rua da Lapa, ao lado da Sala Cecília Meireles. A gente tem mais de dez murais a céu aberto. Estamos finalizando um mural surpresa para o evento. É uma homenagem, não vou dizer a quem.
Como estava a região quando vocês começaram a atuar?
A rua estava suja, sem luz, violência, muito morador em situação de rua, descaso, abandono. A gente entrou e deu vida, deu luz, grafitou, conectou o bairro à cidade, as pessoas transitam aqui agora, os moradores estão envolvidos nesse mutirão de arte.
Quais galerias de grafite a céu aberto você destacaria no Rio de Janeiro?
Tem vários corredores de arte no Rio de Janeiro, da Praça Mauá, agora na Avenida Brasil. O projeto do Beco do Batman, em São Paulo, é muito parecido com o nosso. A gente tem feito essa conexão com o bairro porque a gente resiste aqui. A gente pretende ocupar esse lugar. Não é só um museu: é um museu de ocupação, de resistência cultural, para fazer girar a economia local, melhorar a cidade, empoderar o espaço.
Quem é a Tropa da Solidariedade?
Foi fundada por mim na primeira semana de pandemia e atingimos vinte mil famílias distribuindo alimentos. Temos escola de inglês, grupo para quem tem problemas com drogas. Atingimos muita gente, esperamos continuar atingindo cada vez mais famílias para levar comida, cultura, escuta.
Serviço:
Inauguração Corredor Cultural Beco do Pantera - Etapa Beco Verde
Dia e horário: sábado, dia 03 de fevereiro, das 10h às 22h
Local: em frente à sede da Tropa da Solidariedade, no Beco dos Carmelitas, 9, Lapa, Centro, Rio de Janeiro
Entrada: gratuita
Programação completa: https://www.tropadasolidariedade.com/