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Moradores relatam problemas com relógios de luz inteligentes

Na zona noroeste de São Paulo, população relata dificuldade para acessar a conta e fazer o pagamento antes do vencimento

15 jun 2022 - 05h00
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Moradores dos distritos que receberam o projeto-piloto consideram negativas as mudanças na conta de luz
Moradores dos distritos que receberam o projeto-piloto consideram negativas as mudanças na conta de luz
Foto: Reprodução/Enel

Os tradicionais relógios de luz, equipamentos que medem o consumo de energia elétrica nas residências, começaram a ser trocados por medidores inteligentes a partir de um projeto piloto iniciado em dezembro de 2020 nos distritos de Perus e Pirituba, na zona noroeste de São Paulo.

Chamado de “Smart Meter”, o novo dispositivo permite que o consumo seja calculado remotamente pela Enel, a concessionária de energia elétrica da cidade. Também possibilita a realização de algumas atividades à distância, como ligar ou desligar a rede.

Outra mudança é referente a conta de luz, que não é mais entregue em mãos pelo profissional que antes fazia a leitura do consumo. Agora ela migrou para o virtual e pode ser baixada pelo site. A tecnologia, no entanto, não tem agradado alguns consumidores dos bairros.

Moradora de Perus, Izaura da Silva, 56, teve o relógio antigo trocado há cerca de um ano. Ela diz que, na época, não foi comunicada de que haveria a troca.

“Com essa mudança, ficou muito difícil ter acesso às contas. Antes, os medidores deixavam a conta com a gente, mas agora tenho que ligar [na central] e pedir o código de barras via SMS”, conta ela, que é do lar.

No início da mudança, ela até chegou a atrasar o pagamento de uma conta por não conseguir acessá-la antes do vencimento. “Fui conseguir uns quatro ou cinco dias depois.”

Embora Izaura considere rápido o processo de envio do código pela Enel, ela ainda prefere o modelo antigo. “Quando a conta vinha em mãos, era mais fácil, principalmente para quem não tem celular. Meu filho sempre tem que me ajudar porque ainda não aprendi a pagar sozinha”, comenta a moradora, que faz o pagamento por um aplicativo do banco.

Também moradora de Perus e do lar, Emília Oliveira, 28, teve o novo medidor instalado há seis meses, junto ao da mãe que mora no mesmo quintal. Elas não costumam usar aplicativos de banco, o que tem sido um transtorno desde a chegada do medidor inteligente, já que todo mês é preciso se deslocar até uma papelaria para imprimir as duas contas.

“Como tenho Wi-Fi dentro de casa, fica mais fácil. Mas antes eu baixava a conta pelos dados móveis”, explica Emília. “Se não estivesse com dados móveis, eu tinha que colocar créditos no celular para não atrasar o pagamento.”

Projeto com medidores inteligentes ainda está em fase de testes
Projeto com medidores inteligentes ainda está em fase de testes
Foto: Reprodução/Enel

O projeto piloto foi dividido em duas fases. Na primeira, concluída em março deste ano, foram instalados 150 mil medidores nos dois distritos. Já na segunda fase, a previsão é que sejam instalados outros 150 mil dispositivos até o final de 2022 nos distritos da Freguesia do Ó e da Brasilândia, ambos na zona norte.

A artesã Rita Paiva, 53, moradora de Pirituba, teve o equipamento instalado em casa há cinco meses. Ela também relata que não foi avisada com antecedência. “Nem falaram exatamente o motivo. Só que os relógios seriam trocados em toda a região”, diz.

Há dois meses, ela passou a ter dificuldade para acessar a conta pela internet. “O rapaz que passa medindo a luz diz que teria que acessar o site, mas é aí que entra a dificuldade, porque não consigo acessar a conta de jeito nenhum para fazer o pagamento em tempo antes de vencer”, expõe.

Rita acredita que vai ter que ir pessoalmente até uma agência da Enel para resolver o problema – o que para ela é um transtorno. “Sem falar nas filas que tem para você ser atendida. Com essa troca do relógio, por enquanto, não tivemos nenhuma facilidade, só dificuldade”, conclui.

Segundo René Garrido, responsável pela área de medidores inteligentes na Enel, os clientes que não têm acesso à internet para entrar no site ou no aplicativo, podem utilizar os canais tradicionais de atendimento, como o telefone, ou ir até uma unidade móvel da empresa, que passa por diferentes bairros.

“Temos canais de atendimento abertos para o cliente: o canal aberto do site, do call center e das lojas. Também temos uma unidade móvel de atendimento na região de Pirituba e Perus, que conta com um totem de atendimento e um atendente para receber as dúvidas”, diz.

Diante de tanta tecnologia, a reportagem também questionou sobre o futuro dos profissionais que antes faziam a mediação da energia elétrica nas residências. Garrido afirmou que eles estão sendo realocados em outras atividades da empresa.

Agência Mural
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