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Nas quebradas, moradores mal conseguem usar apps de viagens

Devido à dificuldade em conseguir veículos por aplicativo, moradores de periferias denunciam preconceito com os bairros

19 jul 2022 - 05h00
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Cancelamentos por parte dos motoristas de aplicativo são comuns para bairros periféricos.
Cancelamentos por parte dos motoristas de aplicativo são comuns para bairros periféricos.
Foto: Representação.

“Para onde exatamente?”, “Qual destino?”, são mensagens comuns, recebidas por passageiros de aplicativo com destino a regiões periféricas em Salvador. Na maioria das vezes, essa mensagem precede o cancelamento de uma corrida que já estava demorando para ser aceita. Em situações extremas, o que resta é recorrer ao táxi.

O aumento da inflação, do dólar, e consequentemente, do combustível, associado ao alto índice de desemprego, são pilares importantes para considerar o aumento da violência em Salvador, e, portanto, dos cancelamentos e desistências dos motoristas de aplicativo de transporte, por medo e insegurança. 

Diante desse contexto, os passageiros de regiões periféricas da cidade têm denunciado a dificuldade de retornar para casa. “Voltando do Aeroporto, às 14h30, tinha colocado uma parada para minha amiga em Fazenda Coutos e o motorista mandou a gente sair do carro, porque em plena luz do dia, ele disse não iria”, relatou a fotógrafa e moradora de Sussuarana, Lane Silva, 26 anos.

Massaranduba, Rio Sena, Fazenda Coutos, Coutos, Plataforma, alguns locais de São Cristóvão, Nordeste, Santa Cruz, alguns pontos da Sussuarana Nova e Velha e Av. Gal Costa, estão entre alguns dos bairros e localidades que o motorista por aplicativo, Eude Almeida, 25 anos, afirmou que não vai.

Eude conta que já passou por assalto à mão armada e por traficantes que estavam indo abordá-lo, até que ele saiu rápido do local. De acordo com o Sindicato dos Motoristas por Aplicativos do Estado da Bahia (Simactter), o número de roubos e crimes violentos contra profissionais que prestam o serviço a plataformas digitais aumentou 27,5% em Salvador, nos primeiros quatro meses de 2022.

“Vai fazer um ano. Uns 8 a 9 meses por aí que estou rodando. Parei de contar porque já estou louco pra parar. Muito risco. Dinheirinho é até bom, mas o risco não compensa. Conheço um motorista que já foi assaltado e sequestrado. E ainda continua rodando. Complicado! Às vezes é falta de outro emprego. Se houvesse já teria parado”, lamentou Eude.

O comediante Tiago Banha, 29 anos, morador de Castelo Branco, diz que entende o lado do motorista, devido aos riscos de roubo e a vida. “Mas, se a gente for parar para olhar dados, olhar números, os lugares mais perigosos sobretudo para roubo de carro em Salvador são as áreas mais nobres e eles não têm nenhum medo de rodar por lá”, comentou ele.

Diante de tantas dificuldades, os passageiros começam a criar estratégias. Ao retornar da casa de um amigo, no Bairro da Paz, a advogada Isadora Dantas, 28 anos, contou que a sua única opção foi pedir um táxi, “entra e sai de qualquer lugar”, pontuou ela.

Além da violência, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio da gasolina em Salvador hoje é de R$7,15. Valor alto e já reduzido por conta da Lei Complementar 194/2022, sancionada no dia 23 de junho, e de uma decisão liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, acerca da cobrança do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

“Então, hoje o motorista, ele tem que se ele não selecionar ele vai perder dinheiro, e ainda se colocar em risco”, disse o motorista de aplicativo, Joanderson Sobrinho, 30 anos.

Joanderson disse ainda lamentar a postura das empresas, a falta de suporte, e o valor repassado para os motoristas. “Os valores estão muito abaixo, tem horas que a gente está com uma corrida uma hora da manhã, pô, vai pra um lugar até que não é muito legal, mas o motorista conhece e vai, né? Pra pagar cinco e cinquenta, pô. O cara vai se arriscar. Não existe isso”, reclamou ele.

Como estratégia de segurança, Joanderson disse sempre observar se a corrida vale a pena financeiramente e se a localidade é segura, além disso, costuma andar com vidros fechados e portas travadas. “Mas, a maior estratégia que eu tenho para evitar

ANF
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